SALVADOR
Com câncer cerebral, mulher luta por autorização para cirurgia urgente
Família conseguiu liminar da Justiça, mas mesmo assim plano de saúde Amil se recusa a liberar procedimento
Por Gabriel Gonçalves
Uma mulher de 64 anos de idade, com tumor cerebral e que, de acordo com o laudo médico, corre risco de morte, precisa fazer uma cirurgia com urgência, no entanto o plano de saúde dela não está autorizando o procedimento. O caso ocorre em Salvador.
De acordo com a família, uma liminar da Justiça que obriga a Amil Assistência Médica Internacional S.A. a realizar imediatamente o procedimento foi obtida, no entanto, a cirurgia segue sem ser autorizada pelo plano.
Em contato com o Portal A TARDE, a família de Maria das Graças da Rosa Levita diz que está desesperada.
“Quanto mais o tempo passa, pior. Ela pode ter convulsões, AVC, danos neurológicos permanentes e até morrer. Estamos desesperados”, desabafa Juliana da Rosa Levita, filha de Maria das Graças.
Maria das Graças está internada no Hospital da Bahia desde a última semana. Ela estava com a cirurgia agendada para a última segunda-feira, 10, no entanto, até esta quarta-feira, 12, o plano de saúde não havia autorizado o procedimento.
No pedido pelo procedimento, o médico destacou que a "paciente necessita cirurgia em caráter de urgência, pelo risco de apresentar novas crises epilépticas, com deterioração neurológica e até mesmo risco de óbito por HIC aguda".
O irmão de Juliana, Santorino Levita Neto, explica que, para fazer a cirurgia, é necessário um equipamento chamado de neuronavegador, que é indispensável para a segurança da paciente. “É uma cirurgia muito delicada. Esse equipamento consegue dizer ao médico o que ele pode e o que ele não pode fazer. As áreas onde ele pode e não mexer”, diz.
É justamente esse equipamento que não está sendo autorizado pelo plano de saúde. Segundo a família, mesmo com o laudo atestando risco de óbito, a Amil sequer deu um parecer sobre a solicitação.
“Eles não deram a negativa, mas também não autorizaram. Não aprovaram o neuronavegador, mas não subiram isso no sistema, porque eles sabem que isso pode ser judicializado e que a gente consegue na Justiça”, destaca Santorino.
A família ressalta que esta não é a primeira vez que eles têm este tipo de problema com o plano de saúde. Eles acreditam, inclusive, que uma negativa anterior, no início da doença, atrasou o tratamento e fez com que o câncer de Maria das Graças, que se originou no pulmão, tivesse metástase.
“Paciente foi diagnosticada com um tumor no pulmão, no fim de 2022, que era operável. O plano de saúde, no entanto, não tinha um médico credenciado para fazer essa cirurgia, então a discussão começou aí. A gente entrou com um processo, solicitou autorização, obtivemos a liminar, e o plano não cumpria. Só cumpriu meses depois, porque a gente conseguiu bloquear o valor do tratamento na conta deles, e aí eles cumpriram para liberar esse valor na conta. Por causa desta demora, o tumor dela cresceu ao ponto de fazer metástase”, diz o advogado da família, Jonathan Lima.
O advogado destaca ainda que, ainda em 2023, no meio do tratamento, a paciente teve o plano de saúde cancelado pela Amil, porque teve apenas 22 dias de atraso na mensalidade. “Tivemos que entrar com outro processo na Justiça para reverter e reativar o plano. É absurdo em cima de absurdo”, exclama.
Nesta quarta-feira, a família informou que entrou com um processo criminal junto ao Ministério Público, contra a Amil, por descumprimento da liminar. Paralelo a isto, Santorino disse que tenta o orçamento completo do procedimento junto ao hospital, para entrar com pedido de bloqueio do valor na conta do plano de saúde, da mesma forma que ocorreu em 2023.
“Não vou esperar minha mãe piorar, para tomar uma medida. Vou fazer o que for preciso. Vou processar quem eu precisar processar, para minha mãe fazer essa cirurgia”, afirma Santorino Levita Neto.
O Portal A TARDE entrou em contato com a Amil, através de sua assessoria de imprensa, que enviou nota afirmando que que o procedimento cirúrgico e materiais foram autorizados conforme solicitação médica, e esclarece que não houve negativa por parte da operadora".
Nesta quinta-feira, 13, o filho de Maria das Graças afirmou que a Amil tinha entrado em contato e dito que o procedimento estava autorizado, mas que o hospital ainda não havia conseguido validar a autorização.
O Portal A Tarde também solicitou posicionamento do Hospital da Bahia, nesta quinta, que respondeu que "o procedimento foi recentemente autorizado e mais detalhes estão sendo tratados diretamente com o paciente".
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