RISCO
Contaminação de petiscos alerta sobre cuidados com pets
CRMV-BA afirma não ter recebido informações sobre casos suspeitos
Por Jade Santana*
Desde o início de setembro, quando investigações sobre a contaminação de lotes de petiscos para cães, como bifinhos e snacks, além de outros produtos mastigáveis, foram iniciadas, já foram registrados 54 possíveis casos de mortes dos animais por intoxicação em diversos estados do país. Localmente, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV-BA) afirma não ter recebido qualquer manifestação de casos suspeitos até o momento.
Para Rebeca Ribeiro, vice-presidente do CRMV-BA, apesar de nenhum caso de intoxicação ter sido confirmado no estado, os tutores de pets baianos devem manter cautela quanto à alimentação dos cães. “Não temos a informação de casos de intoxicação no estado. Os casos estão sendo reportados, formalmente, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por meio do canal de ouvidoria. Também há registros na Polícia Civil. O Conselho, até o momento, não recebeu, formalmente, qualquer manifestação de casos suspeitos na Bahia”, diz Ribeiro.
“Ainda assim, os tutores devem continuar atentos, no momento da aquisição desses produtos, ao fabricante e aos lotes implicados. As informações estão sendo amplamente divulgadas pelo Mapa. Apesar de já ter sido determinado o recolhimento dos lotes e a interdição das fábricas, a conferência das informações, no momento da compra, é uma boa maneira de resguardar a saúde dos animais”, continua. A vice-presidente do conselho frisa ainda que o fornecimento de petiscos aos animais de companhia deve ser sempre orientado por um médico veterinário.
Ações
Localmente, Ribeiro conta que o Conselho tem apoiado irrestritamente as ações do Mapa, utilizando suas redes e canais de comunicação para orientar responsáveis técnicos a fornecerem as informações requeridas pelo órgão em relação ao uso da matéria prima propilenoglicol. As investigações do ministério apontaram para uma possível contaminação de dois lotes dessa matéria-prima, que é uma substância de uso seguro e permitido na indústria pet, com o monoetilenoglicol, que é uma substância altamente tóxica se ingerida por animais e humanos.
“Ainda, tem-se orientado os tutores a registrarem suas manifestações, relativas a casos suspeitos de intoxicação por petiscos, nos canais oficiais de ouvidoria. E, claro, estamos divulgando as condutas clínicas recomendadas para o atendimento de animais, em casos suspeitos de intoxicação por monoetilenoglicol”, esclarece.
O Mapa determinou o recolhimento nacional de lotes de petiscos das empresas Bassar Indústria e Comércio Ltda, FVO Alimentos Ltda, Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais, Upper Dog comercial Ltda e Petitos Indústria e Comércio de Alimentos, após detecção do uso de dois lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol (AD5035C22 e AD4055C21).
Determinação
Por meio de nota, a pasta relembra que determinou que as empresas registradas junto ao Ministério suspendam imediatamente o uso em suas linhas de produção dos lotes da matéria-prima propilenoglicol adquiridos da empresa Tecno Clean, que não têm registro no Mapa para alimentação animal, portanto, não poderia vender produtos com sua rotulagem para as indústrias fabricantes de alimentação animal. “O Ministério segue atuando e tomando as medidas necessárias para mitigar o risco apresentado nos produtos de alimentação”.
De acordo com a assessora técnica e médica veterinária do CRMV-SP, Anne Pierre Helzel, o Etilenoglicol é um composto químico utilizado como anticongelante, presente em produtos automotivos e em refrigeradores. Em sua forma pura, costuma atrair animais pelo sabor doce.
“Essa substância promove a intoxicação nos túbulos dos rins, que é o que causa a falência renal e a morte do animal”, explica Silvana Gorniak, Integrante da Comissão Técnica de Pesquisa Clínica do CRMV-SP e especializada em Patologia e Toxicologia Animal.
A equipe do Jornal A TARDE entrou em contato com as empresas distribuidoras de alimentos, brinquedos, entre outros produtos, para animais aqui na Bahia, Agromix e Petz, para questionar sobre a compra de possíveis lotes contaminados pelas mesmas, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Reações
Os sintomas apresentados pelos animais intoxicados pela substância incluem comprometimento hepático, vômito, diarreia e abatimento. O quadro tende a avançar para insuficiência renal grave. Em menos de 72 horas, o animal poderá vir a óbito. Para tentar reverter o quadro, o responsável pelo animal deverá buscar o auxílio de um veterinário assim que identificar ou suspeitar de intoxicação pelos petiscos supostamente contaminados.
O profissional vai avaliar o quadro clínico do paciente considerando o tempo que se passou da ingestão, até a chegada para o atendimento, realizando condutas que podem incluir indução de vômito, lavagem gástrica, hemodiálise ou terapia emergencial de suporte à vida.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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