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Da rotativa às bancas, A TARDE leva aos leitores história e credibilidade

Publicado sexta-feira, 15 de outubro de 2021 às 06:05 h | Autor: Olga Leiria
Sob olhar atento da equipe da gráfica, papel passa pela rotativa | Fotos: Olga Leiria | Ag. A TARDE
Sob olhar atento da equipe da gráfica, papel passa pela rotativa | Fotos: Olga Leiria | Ag. A TARDE -

Jornal. Podemos defini-lo como um local comum para discussões dos mais variados temas. Ele está ali todos os dias do ano, sejam dias comuns, datas santas ou feriados. Está em uma banca, nas mãos dos gazetistas e agora em plataformas digitais. Está ali para informar, orientar e inspirar.

São 20h da noite e homens vestidos com camisetas azuis e calças jeans marcadas de tinta preta entram no barracão onde fica o setor de impressão do jornal A TARDE. Cumprimentam-se, trocam sorrisos escondidos atrás das máscaras, seguem para o trabalho. Verificam as máquinas. Abre-se a bobina de papel jornal (média de 350 quilos), coloca-a no rolo e “veste a máquina” – termo usado para dizer que está posicionando o material. Puxa-se a ponta e vai passando entre os rolos da rotativa, por cima e por baixo até o final – lembra uma fina massa de pastel. Tudo é feito com muita leveza, pois o papel não pode rasgar. As chapas de impressão a laser chegam e são colocadas nos rolos, o trabalho é feito em duplas, um funcionário põe a chapa e o outro aperta o material para a impressão ficar perfeita. A cada ajuste na máquina uma campainha é acionada para alertar que alguém está trabalhando, segurança para todos. O som lembra antigas campainhas redondas de metal dourado (marca Sincron).

O horário passa das 22h e o primeiro silêncio da noite é quebrado. O suave barulho dos ventiladores suspensos no teto dá espaço à senhora Urbanite (rotativa) de quase 50 anos que imprime diariamente o senhor jornal de 109 anos. Aaahh!!! Se os dois pudessem conversar, quais seriam seus assuntos preferidos?

O primeiro caderno do A TARDE começa a ser rodado. Ajuste de papel, ajustes de tinta. A máquina é muito rápida e os funcionários correm, conferem, desligam, averiguam novamente e religam o aparato. O silêncio retoma e quase 1h da manhã as máquinas rodam a toda velocidade, imprimindo o restante dos cadernos e a capa (sempre a última a “rodar” no linguajar gráfico, ou simplesmente imprimir). O jornal sai da máquina e segue por uma esteira e chega às mão hábeis dos encadernadores. Silêncio e concentração para encadernar manualmente mais de 8 mil jornais durante a semana e 11 mil no domingo. Separa-se, amarra-se os fardos e seguem para os mais variados destinos de Salvador e Bahia. 

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Maria de Lurdes aprendeu a ler no jornal e passou gosto da leitura para os filho

Orgulho do trabalho

A experiência dos profissionais do parque gráfico faz com que o trabalho seja cada dia melhor. Júlio César Santos, 52, tem mais de 30 anos de vivência em gráfica e está no A TARDE há 22 anos. Ao falar sobre seu trabalho, diz com orgulho: “É uma honra ver o jornal saindo bonito”". As capas que marcaram o trabalho de Santos, foram a morte de Ayrton Senna e do Papa João Paulo II, o acidente de Ulysses Guimarães, a canonização de Irmã Dulce. Dias bons para a turma também são quando ocorrem os jogos de futebol. “Nos divertimos bastante com os resultados dos jogos. Aqui metade é Bahia e outra é Vitória”, relata.

Gilvan Bastos, 48, trabalha na impressão do A TARDE há 17 anos. É apaixonado pelo seu trabalho. Seus olhos brilham ao falar de sua atividade, sua voz aumenta de tom. “Nosso jornal é muito bom, tudo organizado, detalhado para ler, é bonito”, fala. Comenta que sempre que passa por uma banca dá uma olhada para ver como está o jornal lá. “Tudo o que tenho, conquistei aqui, que venham mais 100 anos de jornal A TARDE". Leitor assíduo, adora o caderno de Política, seu conhecimento abundante no assunto é notável.

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Joaquim começou a ler A TARDE aos 14 anos, quando comprava o jornal para o pai

Leitores fiéis

Sentado à sombra de uma mangueira ou na porta do casarão onde vive no bairro da Saúde, Joaquim da Costa Machado, 81, comerciante aposentado lê o jornal A TARDE desde os seus 14 anos. Aprendeu o hábito da leitura com o pai, comerciante. Ia até a banca e comprava o jornal para o patriarca da família ler em seu gabinete, lembra. Uma manchete que não esquece, foi um homicídio em pleno sábado de Carnaval no Palace Hotel na década de 50 e o incêndio do Mercado Modelo. “Há mais de 60 anos, vou todos os dias até a banca e compro o jornal, ele é minha companhia diária. Quando não leio, meu dia fica completamente vazio”, relata o português aposentado que mora sozinho em uma pensão e tem como parceira sua cachorra Rosa. Os cadernos que mais gosta são Opinião e Memória. "Minha parte preferida é a coluna do Carrasco, ele mete porrada mesmo”, fala rindo.

Audaciosa. Um adjetivo para falar de Maria de Lourdes Nascimento Oliveira, 100, é leitora desde criança. Estava aprendendo a ler, quando viu o jornal no chão de sua casa onde cresceu com os avós. Leu A TARDE. Conta que tinha dados com letras em suas faces para formar sílabas e palavras, quando via as palavras no periódico ia treinando e realizando suas primeiras leituras. “Aprendi a ler no jornal”, conta orgulhosa. Um jornal que não esquece, foi de 8 de Dezembro de 1939 quando saiu o resultado do vestibular da faculdade de Direito. Aprovada, seu nome somava-se a uma turma formada praticamente por homens. “Éramos apenas 3 mulheres”, relembra. Casou-se mais tarde e teve 2 filhos. O gosto pela leitura passou para os filhos. Assinante do jornal impresso e digital, preza pelo caderno Opinião, mas adora o passatempo das cruzadinhas e Sodoku. Já sua filha Graça Nascimento, 58, psicoterapeuta, também lê o jornal, mas prefere a leitura pelo portal online do A TARDE. “Acho mais prático, posso ler a qualquer hora e no horário que quiser”, comenta.

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José Justino vende jornais em sua banca Cosme e Damião, na Joana Angélica

Na banca

José Justino, 64, trabalha em sua banca Cosme e Damião onde vende jornais e revistas na avenida Joana Angélica. "Também leio o jornal, é importante para saber o que está acontecendo", afirma.

Comenta que os jornais que mais venderam foram em 2014 da Copa do Mundo e quando ACM faleceu. 

Ao fazer 109 anos, o A TARDE possui tantas histórias que era preciso fazer uma coleção de inúmeros livros para relatar. Uma página não consegue passar tudo, mas podemos sentir e entender a importância que faz na vida de tantas pessoas que não se conhecem, mas possuem um elo em comum, o jornal. Notícias importantes e fatos relevantes, assim o jornal é produzido. Procurando sempre levar informação de qualidade. Um sentimento comum entre todos que vivem, fazem e produzem o jornal, a Paixão, seja ela pela leitura ou pelo trabalho.

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