SALVADOR
Desaparecimento de jovem baiano será denunciado à ONU
Por Priscila Machado

A Anistia Internacional vai denunciar, na próxima semana, o desaparecimento de Davi Fiúza, 16, à Organização das Nações Unidas (ONU). A denúncia será feita durante a apresentação de um grupo de trabalho da entidade.
A organização tomou esta decisão após ouvir o relato de cinco mães e um pai de jovens desaparecidos na Bahia nos últimos anos. O caso dos outros cinco pais serão levados à Organização dos Estados Americanos (OEA).
O objetivo, segundo o assessor de direitos humanos da Anistia Internacional, Alexandre Ciconello, é mobilizar a sociedade e pressionar o governo para que alguma atitude seja tomada.
Para ele, há uma dificuldade institucional do governo da Bahia em dar uma resposta sobre o assunto. "A SSP [Secretaria da Segurança Pública] sempre diz que vai apurar, mas os casos ficam parados até que os inquéritos sejam arquivados", criticou.
Rute Fiúza, mãe de Davi, contou detalhes sobre o desaparecimento do adolescente: "Às 7h30, houve uma operação policial no bairro de Vila Verde. Meu filho estava olhando, quando foi encapuzado, teve amarrado os pés e as mãos e foi jogado em um carro sem plotagem. Havia viaturas da polícia por perto, segundo as testemunhas".
Desde então, Rute disse que procurou todos os meios legais para encontrar Davi, foi ao Instituto Médico-Legal, a locais de desova (de cadáveres), mas não o encontrou.
O caso de Jackson Antônio, 15, encontrado morto e enterrado de cabeça para baixo, em Itacaré (a 428 km de Salvador), também chamou a atenção da Anistia Internacional.
Segundo Ciconello, o pai do garoto, Antônio Carlos Borges, está sendo ameaçado, não pode voltar para o município de origem e há informação de que os mandatos não estão sendo cumpridos.
Ações
Além da denúncia à ONU e à OEA, a Anistia Internacional iniciou uma campanha mundial sobre o caso Davi e encaminhou pedido ao governo baiano para que investigue o fato e as denúncias de ameaça a Rute Fiúza. "Os maus policiais devem ser punidos, o que não tem ocorrido", disse Ciconello.
Em nota, a assessoria da SSP informou que todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para identificar as causas do desaparecimento de Davi e que profissionais da Segurança Pública que estavam de plantão no dia em que o adolescente sumiu estão sendo ouvidos no inquérito.
O caso é investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
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