SALVADOR
Devastação no Rio do Cobre
Por JORNAL A TARDE
Destruição de nascentes e poluição comprometem qualidade da água que abastece subúrbio ferroviário de Salvador
ADILSON FONSÊCA
O lago da Barragem do Cobre, no interior do Parque de São Bartolomeu, que abastecia até o ano passado as populações de oito bairros do subúrbio ferroviário de Salvador, está com suas águas contaminadas e foi interditada pela Embasa (Empresa Baiana de Água e Saneamento). A região passa a ser atendida pela Barragem de Pedra do Cavalo.
O motivo da interdição foi o elevado teor de coliformes fecais (fezes provenientes de esgotos domiciliares) encontrado no Rio do Cobre, impedindo que a Estação de Tratamento de Água (ETA) distribuísse o produto em condições de ser ofertado à população.
Das seis nascentes, situadas entre o bairro de Fazenda Coutos e Centro Industrial de Aratu, até a sua foz, na Enseada do Cabrito, Península de Itapagipe, o Rio do Cobre sofre os efeitos do desmatamento, aterramento e poluição. São quase oito quilômetros até formar o lago da Barragem do Cobre.
No diagnóstico feito pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, em setembro do ano passado, constatou-se o elevado grau de desmatamento no entorno das nascentes do rio e do lago da barragem, o lançamento de esgotos residenciais ao longo da calha do rio além da ocupação do solo feita de forma desordenada por pequenas invasões. O comprometimento ambiental é significativo na região da bacia, admite o coordenador da APA (Área de Proteção Ambiental) Rio do Cobre/São Bartolomeu, Humberto Chagas.
OPERAÇÃO CONJUNTA Os problemas que afligem o rio são antigos, admite o diretor de Fiscalização e Monitoramento Ambiental do Centro de Recursos Ambientais (CRA). Tanto o CRA quanto a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) têm realizado operações planejadas de fiscalização na área da Bacia do Rio do Cobre, por se tratar de um manancial de abastecimento público e pertencer a uma Unidade de Conservação e Área de Proteção Ambiental Estadual. Seja como for, a última fiscalização foi realizada na primeira quinzena de janeiro deste ano.
Na última sexta-feira, fiscais e técnicos do CRA, Embasa e da Semarh estiveram reunidos para planejar uma nova investida na área. A data e o horário da fiscalização não foram divulgados, mas a atenção maior será dada à região das nascentes do rio, onde a retirada de areia e o aterramento das lagoas vêm sendo feitos diariamente.
Segundo o coordenador da APA Rio do Cobre/São Bartolomeu, Humberto Chagas, a fiscalização deverá contar com a participação de representantes das próprias comunidades que vivem no entorno da bacia, pois em muitos casos são os moradores que conhecem a forma como agem os infratores, explicou.
RESERVA A Barragem do Cobre teve a sua construção concluída em 1929 e foi o primeiro sistema integrado de abastecimento de água tratada de Salvador. Acumula 2.388 mil metros cúbicos de água (2,388 bilhões de litros), a uma profundidade que chega aos 19 metros. Atualmente está com 100% da sua cota máxima de água acumulada, conforme a última medição feita pela Superintendência de Recurso Hídricos do Estado (SRH).
A diretoria da Embasa, empresa que administra a operação da barragem, não quis dar entrevista sobre o assunto, mas informou, através de nota da sua assessoria de comunicação, que até antes de ser desativada, no final do ano passado, a Barragem do Cobre contribuía com 120 litros de água por segundo para o abastecimento dos bairros como Novos Alagados (Conjunto Joanes Centro Oeste) e Lobato.
Após a interdição, o subúrbio passou a ser abastecido pelo Sistema Integrado de Salvador que aproveita como manancial o Rio Paraguaçu. A captação é feita na Barragem de Pedra do Cavalo, localizada no município de Cachoeira, a 97 km de Salvador. A barragem do Cobre será mantida como reserva estratégica de água na cidade, e poderá ser utilizada pela Embasa, caso haja conveniência técnica.
Saiba mais
O Rio do Cobre é o último sobrevivente dos rios que cortam Salvador, e que ainda não foi totalmente transformado em esgoto. Mas caminha para isso, com a destruição crescente que vai da nascente à foz.
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