SALVADOR
Doações não cobrem despesas, diz fundadora do Lar Vida
Por Jefferson Domingues

“Fui abandonado e essa foi a única casa que me acolheu. Se não fosse esse abrigo, talvez não estivesse vivo”. Este é o depoimento de Cleiton Galdino, 29 anos, portador de paralisia cerebral e um dos pacientes criados no Lar Vida, no bairro de Novo Marotinho, em Salvador. A instituição, sem fins lucrativos, atende a 104 pessoas com necessidades especiais há 34 anos. Alguns internos estão no orfanato desde a infância, como no caso de Cleiton. O Lar Vida só recebe crianças e adolescentes encaminhados pelo Ministério Público, Conselho Tutelar e Juizado da Infância e Juventude.
“A gente tenta dar tudo. Escola, atendimento médico e dentista. Tentamos fazer o que for preciso para criar pessoas o mais parecido possível com o que a gente quer para os nossos filhos”, explica Maria Cristina Cordeiro, uma das fundadoras e presidente do Lar Vida.
A instituição conta com convênios, mas o dinheiro que vem da União, do Estado e do município não é suficiente para cobrir as despesas. Campanhas são feitas regularmente para a arrecadação de donativos, mas, só de fraldas, por exemplo, o consumo chega à média de 200/dia. Por isso, Maria Cristina sempre está em busca de novos parceiros. “São importantes as doações de todos. Vou me virando como posso. Tenho familiares italianos que sempre ajudam quando a gente precisa. Também fazemos campanhas nas redes sociais”, diz ela.
Preocupado em oferecer o melhor tratamento, o Lar Vida conta com o trabalho de 89 profissionais, a maioria de saúde, como fisioterapeutas, enfermeiras e dentistas. “Tem crianças que chegam aqui com sofrimento psíquico devido ao abandono, à negligência. Outras têm dificuldade para interagir com colegas. O trabalho da gente é fazer com que consigam essa interação”, diz a psicóloga Evelin Silva.
Além do serviço prestado pelos profissionais, o abrigo aceita a ajuda de voluntários, independentemente da área de atuação. Há dois meses, a professora Rosilda Silva, 52, começou a frequentar o local e resolveu ficar. “Fui criando curiosidade para vir conhecer, mas relutava. Até que vim e gostei”, lembra. Agora, usa o conhecimento profissional para ajudar. “De manhã, fico com os meninos autistas. À tarde, a coordenadora pedagógica pediu para dar aulas para um menino. Espero continuar auxiliando aqui por muitos anos”.
Os pacientes do Lar Vida podem ser adotados, mas isso não costuma acontecer, devido ao preconceito contra pessoas com deficiência, como exemplificado por Maria Cristina, que é carinhosamente chamada de ‘mãe’ pelas crianças que tomou como “filhos”.
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