SALVADOR
Editorial: Pecado parlamentar
Por Da Redação

A ética, disciplina de valores morais ou arte para combinar a vida em grupo, passou a nomear, pela rasa definição do senso comum, comissões como a do conselho da Câmara dos Deputados responsável por fiscalizar a conduta dos parlamentares. Correto seria chamar-se de deontológico tal conselho, pois trata de avaliar direitos e deveres, mas a questão agora não seria conceitual, e sim o esquecimento inaceitável em relação ao rumoroso acontecimento envolvendo a deputada Flordelis.
Símbolo da pedagogia, afixado ao bastão de Hermes, ou integrante do estandarte da heroína francesa Joana D’Arc, a flor-de-lis original teve tradição despetalada por quase homônima Flordelis, acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo.
A mesa diretora da Câmara dos Deputados não pode se dar ao direito de vistas grossas, como se diz ao árbitro de futebol, quando vê a penalidade, junto ao estádio inteiro, mas, ainda assim, manda seguir o jogo, como se nada houvesse ocorrido de anormal no lance.
A sorte de Flordelis – a deputada – foi a desdita de 160 mil mortos na pandemia, pois, com alarme geral, as comissões do Congresso sofreram paralisação a fim de evitar contágio, e, assim, a parlamentar escapou, espera-se, apenas provisoriamente.
Acusada de mandante do crime, entre outras estrepolias tipificadas no Código Penal, a parlamentar é uma das mais atuantes na Bancada da Bíblia, por suposta identificação ao Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus, embora a desmesura sinalize o oposto.
Para não se cometer a falha lógica de falácia – ampliação do particular ao geral –, as denúncias envolvendo a parlamentar devem ser avaliadas com justiça, pois, se a Casa não mostrar boa vontade, estará acumpliciada ao dolo dos crimes atribuídos a Flordelis.
Menos mal para o Congresso se prosperar a continuidade dos trabalhos da comissão, pois não se verifica apenas quebra de decoro mas o incentivo ao descaro de locupletar-se da vida pública – falsamente cristã – para fins de abjeta malvadeza e perversão.
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