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23/07/2018 às 15:21 • Atualizada em 21/01/2021 às 0:00 - há XX semanas | Autor: Bianca Carneiro*

SALVADOR

Em busca de um amigo: projetos ajudam a retirar animais das ruas

A cadela idosa "Marieta" é um dos animais de rua que estão para adoção pela ABPA
A cadela idosa "Marieta" é um dos animais de rua que estão para adoção pela ABPA -

Adotar um animal, seja ele um gato, cachorro ou qualquer outro animal doméstico, é um ato de amor, coragem e sobretudo, solidariedade. Para muitas pessoas ter um bichinho de estimação ainda não é uma realidade. Estas, com certeza, nunca tiveram em sua vida um amigo de quatro patas. Em Salvador, diversas organizações não governamentais realizam o trabalho de resgate, tratamento e encaminhamento de adoção de animais com e sem raça definida (os SRDs), sejam eles nascidos na rua ou abandonados por seus antigos donos.

Fundada em 1939, a Associação Brasileira Protetora dos Animais, seção Bahia (ABPA-BA), é uma das pioneiras da proteção animal no estado. Atualmente, dentre cães e gatos, cerca de 346 animais vivem no Abrigo São Francisco de Assis, sede da instituição. Presidente da entidade desde 2014, a empresária Urânia Almeida conta que o alto número se deve a abandonos. “Não fazemos resgates da rua devido a estrutura precária do abrigo e pela superlotação. Apesar do endereço não ser divulgado, as pessoas acabam descobrindo e deixando muitos animais lá na nossa porta, e na maioria das vezes, em péssimas condições de saúde”, lamenta.

Após a chegada, o animal é então acolhido e passa por consultas, exames, e logo depois, é vacinado, vermifugado e castrado, para eliminar prováveis parasitas do organismo. Tudo isso feito por meio de trabalho voluntário e doações de itens como remédio e rações, pois o Abrigo não recebe verba do poder público. Já protegido, é colocado para adoção por meio de redes sociais e das feiras realizadas na Praça Ana Lúcia Magalhães, no bairro da Pituba. Para adotar, o candidato deve apresentar RG, CPF e comprovante de residência, além de uma taxa mínima de ajuda. Também é feita uma breve entrevista, que ajuda na decisão final pelo procedimento.

Apesar da feira acontecer regularmente todos os finais de semana, o número de adoções ainda é considerado baixo. Só entre os meses de janeiro a abril de 2018 foram abandonados cerca de 109 animais. “As pessoas perguntam o porque da gente nunca conseguir esvaziar. A conta nunca vai fechar. O número de abandonos ainda é muito maior do que o de adoções”, explica Urânia.

No intuito de aumentar a visibilidade do projeto, uma alternativa diferente foi pensada por Fernanda Souza, voluntária da APBA. A “Cãominhada”, leva os cães do Abrigo para darem um passeio de duas horas pelos corredores de um dos shoppings mais movimentados de Salvador. “Estávamos em um momento complicado com pouca doação de dinheiro e material. A gente queria ampliar um pouco mais o público. E deu certo, pois as pessoas param para olhar, perguntam quando iremos de novo. E também viemos para quebrar essa questão de só ter animal de raça. Vai ter vira lata no shopping sim”, afirma.

Imagem ilustrativa da imagem Em busca de um amigo: projetos ajudam a retirar animais das ruas
| Foto: Arquivo Pessoal
A "Cãominhada" da ABPA acontece durante o mês de julho no Shopping da Bahia

A "Cãominhada" vem acontecendo no mês de julho, e registrou em seu primeiro dia 5 adoções. Na semana seguinte, outras 6 foram feitas. Porém, não são todos os animais que podem participar.

Amigo ideal

Geralmente, os futuros tutores procuram um perfil de animal considerado ideal. Urânia conta que as pessoas preferem animais de porte pequeno, pelagem clara e que não tenham “aspecto de vira lata”. “Cães e gatos de pelos escuros, de grande porte, com necessidades especiais e idosos geralmente não são escolhidos e hoje representam a lotação do Abrigo” diz.

Este é o caso de "Bethânia". Abandonada em março deste ano na porta do Abrigo junto com a irmã "Gal", a cadela de médio porte é considerada uma das mais dóceis da Instituição. Porém, devido a uma má formação no maxilar, a sua dentição fica sempre aparente. Um problema meramente estético, mas que faz as pessoas terem receio do seu “sorriso”.

Imagem ilustrativa da imagem Em busca de um amigo: projetos ajudam a retirar animais das ruas
| Foto: Divulgação | ABPA
Apesar do "sorriso" parecer feio, Bethânia é uma das cadelas mais dóceis da ABPA

"Sortudo" também é um outro exemplo. Por ser paraplégico, também não consegue adotante. Apesar disso, o cão mantém uma rotina de exercícios por meio da cadeira de rodas providenciada pela ABPA, e é tido como um dos mais alegres do local.

Imagem ilustrativa da imagem Em busca de um amigo: projetos ajudam a retirar animais das ruas
| Foto: Arquivo Pessoal
Paraplégico, o cão "Sortudo" distribui alegria no Abrigo

O fato do bichano ter uma deficiência não impediu o jornalista Carlos Leal de adotar. Dono de dois cães e quatro gatos, ele levou para casa a gata "Alê", que tinha acabado de perder o olho devido a maus tratos nas ruas. “Acho que adotar é muito importante, pois além de não incentivar a criação clandestina para comercialização de filhotes, a gente consegue dar um lar para os animais de rua. Não se compra um amigo”, aponta Carlos.

Imagem ilustrativa da imagem Em busca de um amigo: projetos ajudam a retirar animais das ruas
| Foto: Arquivo pessoal
O jornalista Carlos e sua gata "especial"

Diante de uma aparente preferência por cães, os gatos também são pouco procurados para adoções. Porém, com a microempreendedora Adriana Cunha, aconteceu justamente o contrário. Estudante de medicina veterinária, ela possui cerca de 31 gatos, cuja grande maioria foi resgatada da rua.

“Sempre gostei de animais, certa vez resolvi criar uma gata, e por um minuto de descuido, ela saiu e apareceu morta na porta da minha casa. Isso acabou despertando uma vontade grande de proteger os gatos. Daí, foram vindo de um em um, me vi em situações em que não conseguia ignorar. Alguns, consegui doar, mas os que ninguém queria, ficaram comigo. Para mim, não são simplesmente animais, são a minha família. Conheço cada um, o jeito, o que gosta, o que não gosta, eles são meus filhos e não me imagino sem”, conta.

Imagem ilustrativa da imagem Em busca de um amigo: projetos ajudam a retirar animais das ruas
| Foto: Reprodução | Instagram
A estudante Adriana possui 31 gatos

Amor não tem raça

Para Adriana, quantidade é sinônimo de responsabilidade. Ela considera importante adotar animais sem raça definida e acredita que adotar exige compromisso. “Antes de adotar um animal, é preciso pensar nas consequências que isso vai ter na sua vida, o animal é um ser vivo, tem sentimentos, requer cuidados, gastos, e é pra vida toda. Muita gente quer enquanto é filhote, fofinho, e quando cresce, coloca para doar ou abandona na rua. E quando é SRD é mais difícil doar, porque as pessoas só querem animais de raça”.

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| Foto: Reprodução | ABPA
Alguns dos 31 gatos de Adriana

A ABPA, registra casos de devoluções algumas vezes. A mais recente aconteceu no sábado, 21, no qual um animal adotado em 2016 foi devolvido à Instituição. “As pessoas precisam entender que os animais sentem. O animal saiu do Abrigo um filhote, viveu dois anos com a família e vai ser largado. Vai ter que ir para um lugar onde não tem mais as pessoas que ele ama, vai dividir a comida, a atenção... É um sofrimento muito grande”, conta. Ela ainda relata que com a devolução, muitos animais sofrem transtornos de personalidade, podendo ficar tristes, agressivos, ou até mesmo entrar em depressão. “A gente às vezes precisa ir além do corpo, e ter que curar a alma dos animais”, diz.

Castrar para salvar

A cirurgia de castração é uma das maiores aliadas na busca pela redução dos abandonos e controle populacional de animais na rua. Atualmente, a intervenção já é oferecida gratuitamente pela Prefeitura de Salvador, através do projeto “Castramóvel”. Porém, os animais que vivem sem dono nas ruas, não são castrados de forma independente pelo projeto. Logo, para garantir um mínimo de bem estar para eles, é preciso que outras iniciativas voluntárias ajudem. É essa a proposta do “Sotero Bichanos”.

Voltado a realizar o controle populacional de gatos de rua, o projeto é realizado pela sua fundadora e única voluntária, Cristiana Rocha, e conta com algumas pessoas, os chamados “guardiões” para fazer o pós operatório dos felinos e alimentá-los. Adeptos ao chamado “modelo CED” de captura, esterilização e devolução, a proposta geralmente atende a locais com uma grande quantidade de gatos, as colônias. Após o procedimento, se o animal é considerado dócil, ele é posto para adoção, senão, é devolvido para a sua colônia na rua. Para fins de reconhecimento da castração, uma das orelhas do gato fica marcada.

O veterinário e membro da ONG Célula Mãe, Pedro Guerreiro ressalta a importância da castração não só na redução do abandono, como também para a saúde do animal. “Cerca de 99% das cadelas castradas antes do primeiro cio não desenvolvem câncer de mama. Em gatas, a redução é de 40% a 60%. Nos machos, a cirurgia evita o câncer de testículo e reduz a necessidade de sair em busca de “namoradas”, bem como, o risco de fugas, e consequentemente, atropelamentos e brigas com outros machos. Além disso, as fêmeas não entram mais no cio, e os cães e gatos machos sentem menos necessidade de marcar o seu território com urina. O animal de estimação também pode ficar mais dócil, facilitando a interação e reduzindo situações problemáticas”, explica.

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| Foto: Arquivo Pessoal
O projeto Sotero Bichanos captura e castra gatos de rua

Apesar dos benefícios, muitos tutores ainda resistem a cirurgia. “Junto com a ONG, castramos em torno de 1.000 animais mensalmente, porém, sabemos que esse número ainda é baixo para a realidade de Salvador”, lamenta.

*Sob supervisão de Maiara Lopes

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