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Emaranhados de fios em postes de Salvador oferecem riscos à população

Por Anderson Sotero

31/07/2017 - 7:55 h | Atualizada em 31/07/2017 - 8:24
Emaranhado de fios de energia, telefone e internet no início da avenida Cardeal da Silva, no Rio Vermelho
Emaranhado de fios de energia, telefone e internet no início da avenida Cardeal da Silva, no Rio Vermelho -

O cenário se repete em diversos postes da capital baiana e até em cidades do interior: emaranhados de fios e cabos oferecem riscos de choque elétrico à população e aos técnicos que trabalham nos postes, além de provocar poluição visual na cidade.

A TARDE circulou em Salvador e identificou essa situação irregular em bairros, como o Rio Vermelho, Brotas, Plataforma e no Dique do Tororó. Alguns fios chegam a ficar caídos, próximos às pessoas, o que é perigoso para caminhões ou até para ciclistas que podem se enroscar neles.

Segundo a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), estes emaranhados são formados por fiações e cabos de empresas de telefonia, internet e TV a cabo, que pagam aluguel pelo uso dos postes.

Por causa dos emaranhados, a concessionária – que é responsável por liberar a instalação e fiscalizar os postes – emitiu, em 2016, 220 notificações a empresas de serviços. Este ano, já foram emitidas 88 notificações.

As notificações foram relacionadas a situações irregulares, como instalações erradas e desorganizadas, riscos de segurança, fios partidos e caídos ou cabos instalados em uma altura indevida, entre outras.

Para instalar a fiação nos postes, as empresas precisam pedir autorização à concessionária e apresentar um projeto. O uso é permitido porque uma resolução de 1999 da Aneel, Anatel e ANP obriga a Coelba a compartilhar os postes da rede de distribuição de energia elétrica com outras empresas prestadoras de serviço.

Notificações

As notificações são alertas para as empresas corrigirem os problemas, mas não implicam multas. Caso não façam o serviço, a concessionária pode retirar os cabos. “Há o risco de que esses fios atinjam a rede da Coelba, por onde é distribuída a energia elétrica. O fio dessas empresas pode se tornar um condutor de energia, se tocar na rede elétrica”, contou o superintendente de serviços técnicos da concessionária, Eduardo Girardi.

Em um ponto de ônibus no Dique do Tororó, os cabos estão pendurados. “Eu acho perigoso. Deviam consertar. Procuro sempre ficar afastada e alerta”, disse a gerente Marli de Oliveira, 35, enquanto aguardava um ônibus no local. “Em alguns países, não existe fiação aérea. Além da estética, é perigoso e arcaico. O ideal era não ter este tipo de cabeamento aéreo”, acrescentou o vigilante Ivan Alves, 40 anos.

Além da estética, é perigoso e arcaico. O ideal era não ter

O superintendente Eduardo Girardi disse que nos emaranhados há, ainda, fios de fraudes de serviços de internet ou TV a cabo, os chamados “gatos”, além de outros instalados de forma irregular, sem autorização. Em alguns casos, apesar de regular, a fiação é montada de forma desorganizada.

Fios desativadosA estimativa da concessionária é que 50% dos cabos dos emaranhados estão desativados, mas não foram retirados pelos responsáveis. Porém o superintendente não soube informar quantos postes em Salvador ou na Bahia estão com os fios emaranhados e nem quantos acidentes eles provocaram.

Procuradas por A TARDE, a TIM, Claro, Oi e Vivo responderam e informaram que “seguem os padrões e normas técnicas”. A TIM informou que realiza rondas periódicas e manutenções preventivas para evitar falhas. A Claro frisou que faz manutenções em sua rede de modo preventivo e corretivo.

Já a Vivo ressaltou que monitora a qualidade e a segurança de sua rede e que, “quando identifica fiação solta, envia uma equipe ao local para efetuar os devidos reparos”. A Oi informou que realiza “regularmente a manutenção de sua rede”.

Na rua Iguaçu, em Plataforma, a fiação fica próxima às casas e, na maior parte dela, há fios caídos. Na semana passada, duas pessoas morreram no local, quando tentavam fazer uma mudança de móveis e um sofá ficou enganchado num fio. No mesmo local, A TARDE flagrou outros moradores, dias após o acidente, tentando fazer uma mudança sob condições semelhantes.

“Quase todos os postes aqui são assim. É um emaranhado mesmo. A Coelba deveria resolver isso há muito tempo”, afirmou a aposentada Maria Valdinete dos Santos, 61 anos, moradora da rua.

O caso está sendo investigado pela 29ª Delegacia de Polícia, em Plataforma. O titular da unidade, Maurício Rocha, disse que ainda é cedo para afirmar as causas. “Estamos aguardando resultado da perícia”, disse.

Por meio de nota, a Coelba destacou que “informações apontam que uma das vítimas, durante a tentativa de transportar um sofá pelo lado de fora do imóvel, usou objeto metálico para afastar a rede de energia, provocando descarga elétrica”.

A concessionária ressaltou ainda que, para qualquer serviço feito próximo à rede elétrica, é necessário solicitar o desligamento da energia. Em 2016, a Coelba registrou 80 acidentes com a rede elétrica na Bahia, que resultaram em 20 mortes.

“Em 70% dos acidentes houve intervenção indevida na rede, como a construção e manutenção de imóveis em obras residenciais informais, troca de antenas e ligações clandestinas”, frisou, em nota, a concessionária.

LevantamentoA empresa identificou que 800 mil postes dos 3,5 milhões que existem na Bahia têm rede de serviços instalada neles, além da distribuição de energia elétrica. Estes podem ser potenciais focos de emaranhados.

Questionado se o efetivo da Coelba é suficiente para fiscalizar a situação, Eduardo Girardi não informou quantitativo, mas disse que “está aumentando cada vez mais” e que funcionários realizando outros serviços também estão atentos.

Diretor do Sindicato dos Eletricitários da Bahia (Sinergia), Erisvaldo Pinheiro disse que a Coelba não tem funcionários suficientes para fiscalizar. “O emaranhado oferece riscos para os transeuntes. Os fios ficam baixos demais. Na Cidade Baixa, é frequente a pessoa estar andando de bicicleta e se enroscar no fio”, aponta.

Desde 2015, a concessionária realiza um plano de ordenamento das redes para identificar e retirar cabos inativos, fios instalados sem autorização e organizar emaranhados. Em 2016, foram ordenados 45 quilômetros de cabos em 11 corredores viários de Salvador. A previsão é expandir a ação, neste segundo semestre, para Feira de Santana, Juazeiro, Vitória da Conquista, Barreiras e Itabuna.

Os casos podem ser denunciados pela população por meio do telefone 0800 071 0800, do site da empresa ou nas agências de atendimento. A orientação é contatar a Coelba sempre que verificar a existência de fios soltos ou no chão.

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