Encontro debate importância da água e ações de combate à fome
Pela primeira vez no Nordeste, o evento já passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília

Em celebração ao Dia Mundial na Alimentação, instituições nacionais e internacionais, como da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com o governo do estado, realizaram um evento nesta segunda-feira, 17, no Museu de Arte Moderna (MAM). Entre os principais temas abordados, estavam a importância da água e as políticas públicas de combate à fome.
Iniciado no sábado, o encontro reuniu as principais autoridades da área e os representantes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), do Centro de Excelência contra Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP), do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
“Acabar com a fome não é uma tarefa simples. É complexa e precisa de uma ação coletiva. Por isso, é tão importante reunir tantas entidades e parceiros. É um momento de renovação do compromisso de garantir segurança alimentar para todas as pessoas e tirar o Brasil do Mapa da Fome”, destaca o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala.
A abertura do evento contou apresentação do Balé Folclórico da Bahia em homenagem a Iemanjá, com o tema “Água é vida. Água é alimento”. “É um chamado importante para a conscientização de que, sem a água, não há segurança alimentar e, mais que isso, vida na Terra. Vários países no mundo estão vivendo escassez hídrica. No Brasil, já vemos a seca na Amazônia e as enchentes na região Sul. Isso também é reflexo do impacto das mudanças climáticas, da urbanização e do uso não sustentável deste recurso finito. Rever a maneira como usamos a água e transformar os sistemas agroalimentares para que sejam mais sustentáveis é urgente”, pontua Rafael Zavala.
Desafio
O diretor do Fida, Claus Reiner, relata a busca em reduzir a fome no mundo, trabalhando com os governos de todos os países subdesenvolvidos de forma específica em cada país e, especialmente no Nordeste, com o centro de pobreza alimentar e rural. “Estamos trabalhando na Bahia e no Nordeste. Lá, a água é tudo do começo ao término. As famílias precisam de água doméstica, para a produção em pequena escala, para o saneamento e para saúde, combatendo a desnutrição.”
Pela primeira vez no Nordeste, o evento já passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. “Já era a hora. Neste ano, em especial, acredito que não havia outro lugar para falar sobre água se não aqui na Bahia, um estado que tem a pesca e a agricultura como fonte de subsistência de muitas famílias. Em produção de alimentos, a região tem boas práticas do uso da água.”
Presente no evento, o governador Jerônimo Rodrigues comemorou a tradicional iluminação na cor azul dos pontos turísticos e históricos do MAM e do Elevador Lacerda, que foram contemplados entre 18h30 e 22h de ontem.
Panorama
“No Brasil, são 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Isso prova que não foi só a Bahia. Às vezes, os municípios e os estados não conseguem sair do problema estrutural da fome, com a alimentação e o desemprego. Ao mesmo tempo que encontramos a fome, vemos oito vezes do que é desperdiçado de alimentos. O problema é a distribuição e o acesso. Nós queremos dialogar com o desperdício”, afirma.
Neste cenário urgente de entender a importância da água e dos impactos da pandemia e da crises econômica, Rafael destaca os programas agroecológicos e intersetoriais que produzem alimentos, geram renda, desenvolvem a economia, promovem o uso sustentável e protegem o meio ambiente.
“Eu gosto muito do termo ‘sociobiodiversidade’, que é essa garantia do desenvolvimento das pessoas de forma integrada com a proteção da biodiversidade. Em nível federal, vemos o compromisso do governo com programas e políticas que buscam acabar com a fome, um desafio global que não vence sozinho. Situações globais e complexas precisam de soluções locais. Este é o compromisso da sociedade civil, do governo do estado e dos municípios. É um trabalho na ponta, próximo a quem mais precisa. O Brasil é referência nisso”, finaliza o representante da FAO no Brasil.
Programa
Neste contexto, o programa Bahia Sem Fome já chega a cerca de oito meses de trabalho com cerca de 900 toneladas de alimentos arrecadados e 800 toneladas distribuídas para as Organizações da Sociedade Civil (OSC) espalhadas pelos 27 territórios de identidade no estado.
Além disso, são realizadas ações intersetoriais com diversas secretarias, como no caso da Educação (SEC), com as merendas escolares, e do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), com o bairro solidário na aproximação ao empreendedorismo.
O coordenador Tiago celebra as atividades conjuntas para garantir a segurança alimentar e combater a fome. Inclusive, estão previstas ações de construção de novas cisternas e ampliação na rede de abastecimento pelo estado no compromisso com o tema da água. “É para reafirmar que não mediremos esforços para que consigamos tirar 1,8 milhões de irmãos e irmãs que se encontram em situação de fome. Apesar dos seis anos de desgoverno, estamos reconstruindo as políticas públicas nestes oito meses. Com certeza, institucionalizando o programa Bahia Sem Fome, vamos vencer esse desafio”, afirma.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira