SALVADOR
Entenda o caso da vassoura-de-bruxa
Por A Tarde On Line
A vassoura-de-bruxa teria sido disseminada em 22 de maio de 1989, quando foi descoberto o primeiro foco da infecção em uma plantação de cacau no sul da Bahia. Em menos de três anos, a praga destruiu as lavouras e fez surgir uma série de explicações, inclusive a de que o Brasil poderia ter sido vítima de uma sabotagem agrícola por parte de países produtores de cacau da África, como Costa do Marfim e Gana.
Técnicos encontraram ramos infectados com vassoura-de-bruxa amarrados em pés de cacau algo que só poderia acontecer pela mão do homem, e nunca por ação da própria natureza. A Polícia Federal investigou a hipótese de sabotagem, mas, pouco depois, encerrou o trabalho sem chegar a uma conclusão. Dezessete anos depois, o técnico de administração Luiz Henrique Franco Timóteo contou à revista Veja que houve sabotagem na qual ele, então ardoroso militante esquerdista do PDT, se juntou a outros cinco militantes do PT para destruir as fazendas de cacau.
Timóteo revelou a Veja que partiu de Geraldo Simões, petista que trabalhava como técnico da Ceplac, órgão do Ministério da Agricultura que cuida do cacau. Os outros quatro membros do grupo Everaldo Anunciação, Wellington Duarte, Eliezer Correia e Jonas Nascimento tinham perfil idêntico: eram todos membros do PT e todos trabalhavam na Ceplac.
As amostras do fungo Crinipellis perniciosa foram coletadas em pelo menos quatro cidades rondonenses - Ouro Preto do Oeste, Jaru, Cacoal e Ariquemes - e os ramos infectados, amarrados como bombas biológicas em árvores de várias fazendas do sul da Bahia, ao longo da BR-101, entre 1987 e 1991.
Estudo genético realizado no ano passado mostra. O texto foi publicado na revista Mycological Research. Os pesquisadores compararam geneticamente amostras do fungo de várias localidades do Brasil e do Equador. Os dados mostraram que a variabilidade do Crinipellis perniciosa na região amazônica é enorme, apesar de haver apenas duas variedades do fungo no sul da Bahia. Segundo os cientistas, a epidemia baiana cresceu a partir de dois únicos focos de infecção, nos municípios de Uruçuca e Camacã, em 1989.
Questionado sobre a possibilidade de a história contada por Timóteo ser verdadeira, o coordenador do estudo, Gonçalo Pereira, disse que deveria haver vários focos e vários tipos diferentes de fungo. O pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Projeto Genoma da Vassoura-de-Bruxa afirmou que a chance de ele ter pego fungos de várias localidades, em diferentes anos, e apenas dois terem se desenvolvido é praticamente nula.
Por causa da praga a produção brasileira caiu em mais de 50% e o País, na época o segundo maior produtor de cacau em todo o mundo, passou a importar a fruta. A Bahia teve um prejuízo de 10 bilhões de dólares, segundo um estudo da Universidade Estadual de Campinas, feito em 2002. Após as denúncias, o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, decidiu investigar o caso e o Ministério Pùblico Estadual vai abrir inquérito (KS).
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