DENÚNCIA
Entulhos causam transtornos no Tororó
Desde 2017, gestão municipal tem ameaçado a permanência das famílias no local para construir um shopping
Por Da Redação

Quem vive no bairro do Tororó tem aprendido a conviver entre os entulhos da demolição de imóveis e o descaso da Prefeitura. Desde 2017, a gestão municipal, ainda sob a administração do ex-prefeito e hoje candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), tem ameaçado a permanência das famílias no local, uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis), para construir um shopping em parceria com a concessionária Nova Lapa, que administra a estação de transbordo de mesmo nome.
Quem denuncia a atuação da Prefeitura é a vereadora Maria Marighella (PT), da bancada de oposição. Ela afirma que os ataques do Executivo soteropolitano vão desde as demolições de residências, aos transtornos causados pelos escombros, além das casas ainda habitadas que tiveram suas estruturas afetadas pela derrubada dos outros imóveis. Maria também explica que entrou com uma solicitação, em 2021, junto à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) e à Prefeitura para a retirada do cascalho, uma vez que o ambiente colabora na proliferação de mosquitos e outros insetos.
No pedido, ainda foram anexadas fotos dos estragos causados pelas chuvas, feitas pelos moradores da Rua Monsenhor Rubens Mesquita. A demanda, entretanto, não foi atendida. “A questão do Tororó é um conflito muito central por ser uma Concessão Público Privada, para gestão de uma estação de transbordo, que deveria ter como princípio melhorar à condição de vida de uma população. Um estacionamento de um shopping como justificativa para remoção forçada de famílias numa área de Zeis, onde se deveria promover a moradia digna e segurança na posse”, explica Maria, que também pontua o impacto ‘moral’ e ‘mental’ sob a vida dos moradores que ainda resistem em deixar a comunidade.
A vereadora também diz que a Prefeitura pode responder a um procedimento investigatório por não realizar a remoção dos entulhos. Em outubro do último ano, período que coincide com o início das demolições, o prefeito Bruno Reis comentou sobre o valor das indenizações ofertado para quem mora na região. Segundo Bruno, a quantia era “justa”, e a desapropriação era necessária para a construção de um ‘elo’ entre a Estação da Lapa e um trecho do polêmico BRT.
Além disso, Bruno admitiu na ocasião a possibilidade de um shopping na área. "As demolições foram necessárias para a gente iniciar a segunda etapa do BRT, que vai da Estação da Lapa ao Cidade Jardim e encontrar com a primeira que está praticamente pronta e a terceira que ficará pronta em fevereiro. Espero até o final de novembro iniciar a obra. Ali no Tororó será feito um pátio para integrar o BRT com a Estação da Lapa", disse na época.
A reportagem tentou contato nos últimos dias com a Semob, para solicitar informações sobre as demolições e as obras no local, como o valor gasto até aqui, o custo total, fonte dos recursos, previsão do término e diálogo com a população que ainda reside no local. A pasta afirmou que o tema é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop). Procurada, a Semop não retornou os contatos até o fechamento desta edição. Ontem no local, a quantidade de entulho era menor, o que indica a presença de servidores da prefeitura após as inúmeras tentativas de contato.
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