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Publicado sábado, 04 de março de 2006 às 00:00 h | Autor: JORNAL A TARDE

Tradição atropelada



É decepcionante o descaso com a tradição do Carnaval baiano. Na terça-feira, tive o desprazer de ver o Chiclete com Banana atropelar o Gandhy sem dó nem piedade. Seu vocalista não levou em conta o tempo de existência do maior afoxé do mundo, espelho indissociável da nossa cultura e patriarca emblemático da paz no Carnaval. Com seu possante trio, calou o coro do agogô lembrando a música de Gerônimo “Eu sou negão”, a qual relata o duelo dos afoxés e dos trios de bloco, os quais, indiscriminadamente, são produtos idiossincrásicos, da industrialização e do apartheid carnavalesco, tornando-se indiscutível, por ser um produto das elites baianas. É preciso que esta nuance não passe em branco, pois daqui a um tempo é provável que seja extinta a tradição e nem o trio de Dodô e Osmar, nem a Mudança do Garcia, possam mais ter espaço, como os extintos blocos de índio, no Carnaval de Xuxa e Sasha.

Márcio de Carvalho

Salvador – BA



Intocáveis



Gostaria de registrar o protesto pela atitude da Polícia Militar na terça-feira de Carnaval, quando “represou” o Afoxé Filhos de Gandhy com um grosso cordão de isolamento, por mais de uma hora na Praça Castro Alves. Motivo? Deixar o Chiclete com Banana e o bloco Camaleão “desfilarem em paz”, sem a proximidade incômoda do Gandhy e seus simpatizantes. O que é isso? Ameaçamos a segurança pública (ou a privada dos blocos e trios)? Os trios são “intocáveis” e ditam o uso do espaço público e a ordem do desfile? Onde estão a falada democracia e diversidade como diferenciais do Carnaval de Salvador? A tradição, a cultura, a história das manifestações afrodescendentes não podem voltar a ser “caso de polícia”.

Erilza Galvão

Salvador – BA



Retrato social



O Carnaval é a representação fiel da nossa sociedade, onde reina a desigualdade social. No passado, era representação da utopia democrática, uma festa popular. Transformou-se em uma festa onde reinam valores pautados no individualismo, na concorrência cruel, na padronização da beleza, na indústria do consumo e na vantagem a qualquer custo, em prol do capital. Vemos, pela TV, um quadro angustiante: cada bloco retrata um grupo social se protegendo de outro, a corda representa a divisão da coletividade. Com tanta euforia, esquecemo-nos de analisar o que o Carnaval se tornou: o retrato fiel da sociedade desigual atual.

Viviane M. de Cerqueira

Salvador – BA



Chatinho Brown



 Estava no camarote de Gil no sábado de Carnaval e tive o desprazer de ver e ouvir esse pseudo-artista fazer mais uma vez o seu discurso demagógico de praxe. Tudo começou porque a PM prendeu um cidadão que estava brigando o tempo todo, bem à sua frente. Foram de uma infelicidade incrível as suas colocações: quis culpar o ministro, falou mal do trabalho da PM, falou que as emissoras de TV omitem as cenas de violência, que o povo da Bahia tira onda de feliz e etc. Ele só não falou da cena de violência que aconteceu logo depois, quando três trogloditas de sua segurança imobilizaram um sujeito que tentou subir no trio para falar com a “majestade”.

Mauricio Martins

Salvador – BA



Folia na Paralela



Ao invés de estudar uma quarta alternativa para o Carnaval, melhor seria se a prefeitura transferisse definitivamente a festa para uma das vias da Av. Paralela. Local bem mais amplo e apropriado à instalação provisória de camarotes, bares, restaurantes e sanitários públicos, a Paralela seguramente possibilitaria um melhor aproveitamento da folia, com a vantagem de poupar os bairros residenciais citadinos (Campo Grande, Barra e Ondina) dos inúmeros transtornos a que todos os seus moradores são expostos.

Arnaldo Fraga

Salvador – BA



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