Estudo diz que gestação e exercícios físicos tornam o bebê mais inteligente

Filhos de mães que se exercitam durante a gravidez têm maior coeficiente de inteligência (QI) do que as mães sedentárias. Pelo menos é o que diz o psicólogo americano Richard Nisbett no recém-lançado Intelligence and how do get it (Inteligência e como obtê-la, sem tradução no Brasil). A tese desmerece o poder da hereditariedade, mas faz sentido num ponto: fazer exercício ajuda no crescimento dos neurônios e no suprimento de sangue para o cérebro do bebê durante a gestação.

De acordo com o estudo, grávidas que se exercitam no mínimos 30 minutos diários contribuem para um aumento de cerca de oito pontos no QI dos filhos. Aliadas atividade física e amamentação por mínimos nove meses, o coeficiente pode subir para 114, ou 14 pontos acima da média. “Já sabíamos dos ganhos para a saúde da mãe, mas a pesquisa mostra que o benefício é duplo”, afirma a iogue francesa Anne Sabotta, professora da técnica indiana para gestantes em Salvador.

Na casa de yoga onde também são oferecidas aulas para mães e bebês, alunas como a historiadora Chenia Silva, 32, é a prova de que gravidez não é doença. Aos nove meses de gestação, pratica yoga desde os quatro. “Senti que as dores diminuíram, consigo ficar mais relaxada, além de melhorar o parto, que eu pretendo que seja normal”. Sem contar o fortalecimento pélvico e preparação do períneo para o nascimento do bebê, a yoga promete outros benefícios.

Melhora da articulação sanguínea, prevenção da má posição fetal e recuperação pós-parto mais rápida são benefícios oferecidos também por outras atividades, como hidroginástica ou caminhada. Ginecologista e diretor científico da Associação de Ginecologia e Obstetrícia da Bahia (Sogiba), Davi Nunes aconselha às futuras mães seguir um mandamento básico: “Hábitos saudáveis para grávidas são os mesmos hábitos saudáveis para as outras pessoas”.

Partindo desta lógica, Nunes desmistifica alguns itens da cartilha pregada pela maioria dos médicos: 1 – “o álcool pode estar associado a complicações para o bebê, mas não vai ser uma taça de vinho a responsável por induzir esta complicação” 2 – “o melhor parto é aquele mais adequado à realidade psíquica da mulher. Se eu acompanho uma gestante que tem pavor de fazer um parto natural, por quê devo expor esta mulher?”

Fatores de risco, entretanto, devem ser avaliados durante o pré-natal, quando alguns exames são capazes de detectar se a mãe é propensa a diabetes ou hipertensão gestacional. “O ganho de peso, por exemplo, nunca deve ser menor que sete ou maior que 13kg”, adverte o médico. Segundo Davi Nunes, mulheres que já estavam com sobrepeso antes de ficarem grávidas devem redobrar os cuidados.

A professora Marilene Souza, 34, sabe bem: engordou 24kg durante os nove meses em que esperava Pedro, hoje com 7 anos, e conta que nas semanas que antecediam o parto os níveis glicêmicos subiram além do recomendado. Dos 94kg ao primeiro mês de vida do bebê – antes da gravidez já era, como ela mesma diz, “gordinha” – conseguiu reduzir para atuais 61kg. “Não adianta achar que grávida pode comer tudo, porque tem desejo. A recuperação depois acaba sendo mais difícil”.