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DIA DA FAVELA

Estudo mostra crescimento dos conglomerados de Salvador

Entidade de mapeamento anual da cobertura analisa imagens de satélite captadas entre 1985 e 2021

Por Mariana Brasil*

05/11/2022 - 0:15 h
Entre as comunidades com maior crescimento em áreas de risco estão: Valéria, Águas Claras, Castelo Branco, Periperi e Bairro da Paz
Entre as comunidades com maior crescimento em áreas de risco estão: Valéria, Águas Claras, Castelo Branco, Periperi e Bairro da Paz -

As favelas da capital baiana cresceram o equivalente a 100 campos de futebol entre 2020 e 2021, segundo apontam dados da MapBiomas. A entidade de mapeamento anual da cobertura e uso do solo analisa imagens de satélite captadas entre 1985 e 2021. As informações divulgadas ontem, no Dia da Favela, apontaram Salvador como a quinta capital do Brasil onde a maior parte da área informal foi urbanizada em favelas. Ao todo, foram 4.793 hectares.

“Salvador especificamente, apesar de não ter tido a maior urbanização, é a cidade com a maior área urbana em risco no Brasil, hoje. Salvador é 40% favela, 60% formal”, detalha Julio Cesar Predrassoli, coordenador de mapeamento de Áreas Urbanizadas do MapBiomas.

“Do ponto de vista geral, isso significa que as políticas habitacionais no Brasil não têm surtido muito efeito da forma como têm sido feitas”, aponta o professor da Ufba. “A moradia não é tratada como direito, mas como mercadoria. Acaba expulsando boa parte da população, especialmente com menor renda, a mais vulnerável para ocupar essas áreas que a gente chama de favelas”.

Das 887 cidades que possuem alguma área urbanizada em regiões de risco, 20 cidades respondem por 36% de toda a área de risco ocupada nos últimos 37 anos no país. Salvador aparece em primeiro lugar na lista, seguida por Ribeirão das Neves, Jaboatão dos Guararapes, São Paulo, Recife e Belo Horizonte.

As comunidades de Valéria, Águas Claras, Castelo Branco, Periperi, Bairro da Paz, Alto do Cabrito e Sete de Abril estão entre as de maior crescimento em áreas de risco, segundo o último mapeamento. O ritmo de crescimento é sentido por quem mora nas regiões, como observa Mem Costa, liderança comunitária do Bairro da Paz. “Isso é uma consequência natural da desordem urbana. Todas as comunidades que eu conheço têm deficiência nas suas infraestruturas. Dentro do Bairro da Paz, a gente sofre muito com isso”.

Periperi

A região de Periperi também integra a lista de maior crescimento de favelas, e suas origens e consequências são analisadas pelos locais. “O aumento descontrolado da pobreza nos últimos anos certamente contribuiu para esse aumento”, diz Ronildes Lima, presidente da Associação 8 de Maio, organização da região. “A comunidade Guerreira Zeferina é um bom exemplo, que saiu de um amontoado de casas para um pequeno complexo de apartamentos”.

“Paripe também cresceu bastante, principalmente com algumas revitalizações que foram feitas”, completa ela. “Esse crescimento acabou inchando o sistema de transporte público, que não tem comportado a quantidade de pessoas que precisam se locomover diariamente. O desemprego e a ausência de poder público vem fazendo com que esses territórios venham aumentando”, observa Márcio Lima, presidente estadual da Central Única das Favelas (CUFA) na Bahia. “Tanto a questão do emprego, da inflação que vem aumentando, faz com que essas pessoas saiam dos bairros em que moram de aluguel e vão para esses espaços, ocupem de forma desordenada e acabem aumentando o número de pessoas no território”.

O presidente destaca que o crescimento demonstra efeitos para além da desigualdade social. “A gente percebe que quanto mais favelas vão existindo, mais distante e ausente fica o Poder Público, mas também existem favelas que começaram a criar soluções para os problemas sociais que existem nesse território. As favelas passaram a ter um território que movimenta a economia. Elas começaram a se desenvolver no território com tecnologias, com soluções para elas mesmas”.

Mata

Outro ponto levantado pelo estudo da MapBiomas é a relação do crescimento exacerbado das favelas com o desmatamento, ao que Julio explica não ser o único fator determinante na perda da mata nativa. “A cidade cresce em cima de alguma coisa: pasto, vegetação nativa, floresta. Em números absolutos, em quantidade, a maior parte da cidade que cresce sobre vegetação nativa, que desmata, não é a favela. As favelas têm uma quantidade menor quando você compara com a cidade como um todo, tem menos favela do que cidade formal”.

O professor aponta como exemplo as mudanças ocorridas no Parque de Pituaçu. “Ali você tem áreas precárias avançando, mas também tem condomínio, prédio que, de alguma maneira, conseguiu autorização e aquilo não conta como desmatamento porque está legalizado, mas o satélite não mente sobre isso. O que acontece é que, na verdade, a favela desmata menos”.

*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes

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