DENÚNCIA
Falta de manutenção e lixo causam abandono e insegurança na Piedade
Seman informou que irá vistoriar o local e a FGM alega que monumento será restaurado
Por Maurício Viana*

Nos últimos dias, memes e vídeos viralizam nas redes sociais, fazendo referência ao estado que se encontram os monumentos na Praça da Piedade. Estão sujos e vandalizados, sem contar o entorno que está repleto de lixo e dejetos humanos. Situação causa insegurança e não é mais frequentado como era antes.
Wilson Coelho, um dos aposentados que vai ao local há mais de 10 anos com os amigos para passar o tempo e conversar, relata que há muito tempo nota o abandono. “Os bancos estão quebrados e está tudo cheio de lixo. Quando dá 18h, tem uma lâmpada apagada em frente à igreja, que deixa a praça toda escura. O pessoal que pega ônibus no ponto é assaltado direto. Essa é uma das praças que circulam milhares de pessoas por dia”, comenta Wilson.
As estátuas estão pichadas, o gradil está degradados. O lixo acumulado ao redor e no interior da praça chamam atenção.
“Era uma praça onde as pessoas se encontravam e passeavam, além de ter os vendedores de quitutes, as aguaceiras, carregadores, carruagens. Aquela praça sempre foi um ícone com o nome em referência à igreja”, explica o historiador Rafael Santos.
Ao passar dos anos, a praça foi passando por uma série de requalificações, principalmente no século XIX, segundo o historiador. “Com a Avenida Sete, foram moldados os caminhos da Praça da Piedade, que foi reurbanizada e gradeada, além de passar por processos de paisagismo. Depois, foram construídas a fonte e as estátuas em volta, que foram de antigos chafarizes de Salvador e fundidas na França. A partir deste momento, a praça vai ficar como conhecemos hoje do ponto de vista da decoração”.
História
Ele acrescenta que, ali, em novembro de 1799, os quatro mártires da Conjuração Baiana foram enforcados pela participação da Revolta dos Búzios, e erguidos bustos no local: Lucas Dantas do Amorim, Luiz Gonzaga das Virgens, João de Deus e Manuel Faustino dos Santos. Atualmente, o historiador precisa do acompanhamento da Polícia Militar para dar aulas no espaço para seus alunos de história da arte.
“O que vemos é que não tem atenção devida aos equipamentos. Fomos com a Polícia Militar por questão de segurança. Acontecem assaltos constantemente. É muito triste ver a praça deste jeito. Precisamos proteger para mostrar no futuro”, finaliza.
Um comerciante da região há 18 anos, que preferiu não se identificar, conta como percebeu a falta de preservação que foi aumentando no local nos últimos anos. “A Prefeitura de Salvador peca muito em manutenção. Hoje, está aí abandonada. Todo mundo tem medo de ficar dentro da praça, onde pessoas fazem morada. Há 10 anos, você ainda poderia curtir dentro da praça. Hoje, está deserta por medo da insegurança e porque está imunda. A única coisa que vejo a Prefeitura fazer aqui é podar a grama”, critica.
Em resposta, a Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman) informou que realiza podas por demanda, manutenção da calçada, drenagem quinzenalmente e Operação Tapa Buracos no entorno também por demanda. Mesmo assim, informaram que vão enviar uma equipe para vistoria.
Quanto às esculturas, a Fundação Gregório de Matos (FGM) informou que realizou vistoria no Chafariz da Piedade que está na relação de monumentos a restaurar. Após análise, a FGM emitirá nota, fornecendo informações sobre as condições dos monumentos e as medidas que serão adotadas para sua conservação e restauração, se necessário. Já a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) não respondeu até o fechamento desta edição.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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