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Feiras em Salvador oferecem preços baixos e impulsionam economia local

Alternativas aos supermercados, elas entregam uma grande diversidades de produtos

Por Daniel Brito

06/07/2022 - 6:00 h
Feiras têm se destacado por oferecerem preços mais baixos do que em grandes estabelecimentos
Feiras têm se destacado por oferecerem preços mais baixos do que em grandes estabelecimentos -

“A palavra que mais define é economia”. É dessa forma que a professora de inglês Jenifer Pimenta justifica a preferência por comprar frutas, verduras e legumes na feira, ao invés de fazê-lo nos supermercados. Moradora do bairro da Federação, em Salvador, ela costuma fazer compras na feira da Avenida Joana Angélica, no Centro da capital baiana.

“É muito mais barato. Ali, é possível comprar um monte de verduras, legumes e hortaliças de qualidade por R$ 2 ou R$ 3. E, dependendo do que eu for comprar, o vendedor ainda faz promoção”, conta ela.

“Lá é bastante comum [os vendedores] dizerem: ‘ah, se você levar mais dois, eu faço por cinco reais’. Enquanto que, nos mercados grandes e, até mesmo, nos mercadinhos, o preço do quilo é absurdo”, acrescenta.

Em um cenário de alta dos preços, onde itens básicos que fazem parte do cotidiano da população soteropolitana, baiana e brasileira ficaram mais caros, as feiras têm se destacado por oferecerem preços mais baixos do que em grandes estabelecimentos. Tradicionalmente, sempre foi assim, mas em um momento como esse, o hábito se reforça.

O que tem nas feiras?

As feiras de Salvador têm de tudo. Nelas, é possível encontrar frutas, verduras e legumes com preços mais em conta, mas não é só isso. Temperos, frutos do mar e a farinha de mandioca, companhia inseparável para boa parte dos baianos na hora do almoço, também são vendidos.

Com o passar dos anos, as feiras da capital baiana foram evoluindo não apenas na diversidade de produtos comercializados, mas também na estrutura. Historicamente realizadas a céu aberto e com produtos expostos de maneira improvisada, os locais ganharam novas barracas e até mesmo espaços organizados, próprios para esse fim.

Um exemplo é a feira de Periperi, que por vários anos funcionou na Rua das Pedrinhas, a principal do bairro. O problema é que a via era bastante apertada e, por isso, mal dava para se organizar direito. As barracas ficavam amontoadas praticamente no meio da pista, o que atrapalhava o trânsito e também os pedestres que caminhavam pela área.

Desde 2015, a maior parte dos feirantes foi transferida para o Mercado Municipal de Periperi, construído pela prefeitura de Salvador com o objetivo de organizar melhor a venda dos produtos, melhorando o fluxo viário para quem chega e sai do bairro. Poucos ficaram na rua principal. A mudança, no entanto, forçou alguns feirantes a modificarem os produtos que comercializavam.

Foi o caso de Jaciara Maria, que é feirante na região há 26 anos. Na rua, vendia lanches, mas a organização do novo mercado municipal limitava a comercialização desse tipo de item a um número determinado de pessoas, e a quantidade de vagas já havia sido preenchida. Por isso, passou a vender coco, aipim, farinha e tapioca.

Segundo ela, as mudanças de local e tipo de produto foram positivas, mas a comerciante crê que o movimento poderia ser maior se não houvesse outra feira no mesmo bairro. A expectativa pelo aumento no fluxo de clientes fica por conta de um projeto de requalificação a ser executado pela prefeitura, mas do qual ela afirmou não ter maiores detalhes - ao menos por enquanto.

Importância econômica

Para Jaciara, a feira, que é a sua principal fonte de renda, é fundamental para o sustento. “É daqui que eu levo o pão de cada dia para a minha casa, pago as minhas dívidas e compro as minhas coisas. Foi assim também que pude criar as minhas filhas. Graças a Deus, as duas já são moças, trabalham e têm família. Foi com muito sacrifício, né? Já que não tem nada fácil”, afirma.

Jenifer, que costuma comprar na feira da Joana Angélica, também visualiza a importância em adquirir os itens nesses locais. “Comprar do pequeno comerciante é uma forma de manter o comércio local mais forte. No final das contas, acaba sendo uma ajuda mútua”, analisa a professora.

Em Salvador, a prefeitura contabiliza mais de 20 feiras e mercados municipais, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), órgão responsável pela administração dos espaços e também pelo licenciamento dos feirantes que vendem os produtos. Ao todo, somados, são 8.859 feirantes cadastrados nas feiras da capital baiana. Na mais tradicional de todas elas, a de São Joaquim, na Cidade Baixa, são 7.500.

Os mercados municipais se diferenciam pela estrutura, com local fixo, cobertura e com boxes ao invés de barracas. Além de Periperi, há ainda os mercados de Cajazeiras, Itapuã, São Cristóvão, Liberdade, 2 de Julho, São Miguel (Baixa dos Sapateiros) e Jardim Cruzeiro, na Cidade Baixa.

De acordo com Paulo Cristiano, coordenador de feiras e mercados da Semop, para trabalhar dentro dos mercados, é necessário passar por um processo de licitação de acordo com a disponibilidade de boxes dentro dos estabelecimentos, através da modalidade de maior preço. Ou seja, quem der o maior preço para o box, acaba ficando com ele.

“No caso das barracas das feiras comuns, não funciona dessa forma. Quando há barracas disponíveis, basta entrar com o processo pedindo o licenciamento”, explica. De acordo com o coordenador, além dos mercados municipais, há quatro feiras nas quais todos os feirantes já são licenciados: do Japão (Liberdade), Cosme de Farias, Castelo Branco e Lobato.

Driblando a inflação

No mês de maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), responsável por medir oficialmente a inflação, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 1,29% na Região Metropolitana de Salvador. Foi o maior aumento de preço dos últimos 27 anos, ou seja, desde 1995.

Além disso, essa também foi a segunda maior alta do país entre as capitais, atrás apenas de Fortaleza. Para o grupo alimentação e bebidas, o aumento foi de 0,94%. Embora o índice tenha sido menor do que o registrado no mês anterior, de 2,22%, a população, especialmente a que possui menor renda e poder de compra, continua sentindo no bolso os efeitos.

Outro aumento de impacto foi o dos combustíveis, de 6,51%, puxado pela gasolina, que subiu 6,66%. Individualmente, esse foi o item que mais causou impacto no custo de vida na RMS. Além da gasolina, o diesel subiu 7,60%, e o etanol, 3,83%.

Somente neste ano, em toda a Bahia, foram 13 reajustes, sendo 12 deles de alta. O mais recente trouxe um pequeno alívio, com diminuição de R$ 0,60 no preço da gasolina após a redução de tributos por parte do governo federal. Aumentos da gasolina e do diesel acabam impactando no preço das mercadorias para o consumidor, já que os valores de frete são levados em conta.

Por isso, a estratégia dos feirantes é fazer de tudo para manter a clientela. Antônio Junqueira, que possui um box de cocos no mercado de Periperi, diz que, em alguns momentos, o jeito foi não repassar todos os aumentos de custos aos clientes. "Tive que diminuir minha margem de lucro para manter os clientes. Nessas horas, temos que ser mais flexíveis”, confessa.

Em outros, quando não foi possível segurar, o diálogo acabou sendo a ferramenta utilizada. “Conversando, acabamos chegando a um consenso. Tem clientes que entendem a nossa situação, até porque compramos para revender”, pondera.

No box, Jaciara segue a mesma diretriz. Ela diz que, antes do aumento generalizado dos custos, ganhava 50% das vendas mas, atualmente, o lucro não chega nem a 25%. “O que a gente recebe paga mais as despesas do que a gente ganha para levar para casa. Afeta muito. Quando você termina de pagar tudo, o que fica na sua mão é bem pouco. Muitas vezes, temos vontade de comprar algo e não podemos”, lamenta.

A comerciante afirma que não pode aumentar os preços das mercadorias porque os clientes 'reclamam demais'. “O que eles [distribuidores] passam de aumento para a gente, nós temos que segurar. Nós já estamos com dificuldades nas vendas porque aqui dentro de Periperi tem outra feira, se aumentarmos conforme vão pedindo, perdemos até os poucos que temos".

Retomada pós-pandemia

A pandemia da Covid-19 ainda não acabou, mas o avanço da vacinação, que reduziu os índices de mortalidade e de contaminação, trouxe a flexibilização das atividades econômicas, com praticamente todas elas voltando ao normal. No caso das feiras e mercados municipais de Salvador, não foi diferente. Durante a fase aguda, o funcionamento delas foi afetado pelas medidas restritivas.

Com um cenário de restrições cada vez mais distante, a expectativa agora é de retomar de vez o movimento anterior à pandemia, apesar do aumento dos preços, especialmente para o segundo semestre, com perspectivas melhores que no início do ano. Em seu ponto de vendas, Antônio Junqueira já planeja aumentar a compra. “Estava comprando 2 mil cocos por mês, agora pretendo aumentar para 2.500”, projeta.

Do lado da administração, a Semop, por sua vez, afirma que tem executado um projeto de reforma dos mercados municipais e feiras que já existem na capital, citado inclusive por Jaciara. Segundo Paulo Cristiano, o mercado de São Cristóvão já está na fase final da revitalização. Os próximos locais que devem receber as intervenções até o final do ano são as feiras do Japão e de Castelo Branco, e os demais nos anos seguintes. No entanto, ele conta que ainda não há previsão para a abertura de novos mercados municipais.

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Comércio economia feiras Salvador

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