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CIDADANIA

Fiscalizar o poder público é dever do bom jornalismo

A TARDE aproveitou momento eleitoral para promover e aprofundar debates importantes

Por Da Redação

06/11/2022 - 7:30 h

Como em toda sua centenária história, A TARDE promoveu e aprofundou debates importantes durante a campanha eleitoral.

O período pré-eleitoral desperta, na sociedade, a curiosidade e a necessidade de informações sobre partidos, políticos e atos de gestão. Afinal, quem são os postulantes aos cargos públicos por trás da propaganda eleitoral? O que pensam, o que fazem e o que já fizeram esses políticos? Como eles se posicionam sobre os variados assuntos? São papéis do bom jornalismo fiscalizar o poder público e estar atento a essas demandas da população, filtrando os dados, aprofundando o debate sobre temas sensíveis – não apenas ao processo de escolha dos representantes, mas à sociedade como um todo – e apontando possíveis desdobramentos, com base nas informações apuradas.

Por vezes, involuntariamente, os próprios políticos provocam debates que não lhe são favoráveis em época de campanha. O tema mais recorrente da eleição deste ano na Bahia, a questão da autodeclaração de ACM Neto como pardo à Justiça Eleitoral, foi um exemplo. Em princípio tratada em tom de chacota, restrita às redes sociais, a questão ganhou contornos de debate público quando o então candidato a governador, procurando sustentar sua posição, declarou que “a culpa (sobre dúvidas nos critérios de identificação racial) é do IBGE”, em sabatina promovida pela emissora de propriedade de sua própria família, a TV Bahia.

Movimentos negros e sociais, com razão, protestaram e ingressaram com ações na Justiça contra a atitude de Neto – e A TARDE aprofundou o debate, inicialmente com uma ampla reportagem, publicada em 25 de setembro, na qual mostrava como a autodeclaração do ex-prefeito de Salvador colocava em risco todo o conjunto de políticas afirmativas desenvolvidas para a população afrodescendente do País. Passada a eleição, o tema segue em pauta na sociedade.

Esta, porém, não foi a única vez que ACM Neto provocou debates e reações durante a campanha. Logo no começo da disputa, quando anunciou Ana Coelho como candidata a vice, o ex-prefeito de Salvador causou ruptura em sua base aliada e lançou luz sobre dois temas sensíveis: a concentração de setores da mídia baiana nas mãos de políticos (Neto é herdeiro da Rede Bahia e Ana é herdeira e executiva da TV Aratu) e a enorme diferença socio-econômica entre os candidatos a cargos executivos nesta eleição.

Não tardou para que se verificasse o impressionante avanço patrimonial de ACM Neto ao longo dos últimos anos, partindo de bens no valor de pouco mais de R$ 820 mil, em 2006, para R$ 41,7 milhões este ano, de acordo com declarações do próprio candidato à Justiça Eleitoral, como documentou A TARDE em 5 de setembro. Como comparação, o jornal também apurou os patrimônios declarados dos demais candidatos a governador. Somados, não chegavam a R$ 7 milhões – menos do que o valor do apartamento no qual mora o ex-prefeito de Salvador, avaliado pelo próprio em R$ 7,8 milhões.

Impostos

Outro debate provocado pelo então candidato foi relativo a impostos. Em meio a promessas de campanha de reduzir e até zerar tributos estaduais, caso fosse eleito, ACM Neto foi pego na contradição entre o que prometia e o que fez, enquanto prefeito de Salvador. Como noticiado várias vezes ao longo dos últimos anos, o ex-chefe do Executivo soteropolitano elevou drasticamente – e, no entendimento da maioria dos especialistas, inconstitucionalmente – o IPTU na capital baiana para uma parcela significativa de proprietários de imóveis da cidade.

Série de matérias tratou do aumento
 do IPTU em Salvador
Série de matérias tratou do aumento do IPTU em Salvador | Foto: Arquivo A TARDE

Pior: A TARDE demonstrou, em reportagem publicada em 11 de setembro, que tais aumentos tributários, da ordem de até mais de 1.000%, contribuíram para a redução da atividade econômica na cidade, tornando seus habitantes mais pobres, na comparação com os de outras metrópoles do País. Ao fim de seus mandatos, ACM Neto deixou a Prefeitura com Salvador sendo a segunda capital mais pobre, em termos de PIB per capita, à frente apenas de Belém (PA). O tema segue causando apreensão na população, por causa das indefinições e do silêncio da atual administração municipal sobre o reajuste do tributo para 2023.

A discussão sobre a legalidade dos aumentos do IPTU derivou para reações fortes contra a chamada “indústria da multa”, outra importante fonte de arrecadação municipal. Centenas de mensagens de leitores incentivaram a redação a abordar o tema, em 24 de outubro. Em foco, a atuação questionável de agentes da Transalvador na fiscalização e na aplicação das autuações – e a dificuldade que os motoristas encontram para recorrer de multas consideradas injustas, ilegais ou, simplesmente, erradas. Não à toa, na última década, a arrecadação municipal com autuações de trânsito triplicou, de R$ 32,8 milhões, em 2013, para projetados R$ 100 milhões, este ano.

Alinhada com a fiscalização das fontes de arrecadação do poder público vem a preocupação com a qualidade dos gastos efetuados pelas administrações – um tipo de apuração que, para o bom jornalismo, se pauta pelo interesse direto da população, independentemente de campanha político-eleitoral.

Sob esse prisma, A TARDE apurou, por exemplo, muitos indícios de irregularidades administrativas e constatou desperdício de recursos públicos e crimes ambientais nas obras chamadas de “requalificação” de trechos da orla de Salvador. As reportagens publicadas em 9 e 10 de outubro explicitaram, por exemplo, licitações fraudulentas, aditivos contratuais nebulosos, uma série de contratempos enfrentados pela população e problemas ambientais que tendem a colocar em risco o ecossistema da faixa litorânea da capital baiana.

Outra fonte de debate sobre gastos públicos foi a inauguração, durante a campanha eleitoral, do BRT de Salvador. “Mais caro do País”, “obsoleto” e “ambientalmente condenável” foram algumas qualificações usadas por pesquisadores e especialistas em mobilidade urbana e meio ambiente para descrever o modal, em reportagem publicada em 18 de setembro.

Mané Dendê

Foi a partir de denúncias de moradores do Subúrbio Ferroviário de Salvador que A TARDE também constatou irregularidades em outra obra de “requalificação” da Prefeitura, chamada Novo Mané Dendê. Além de abusos de autoridade, com queixas de chantagem e humilhação de moradores, forçados a deixar seus imóveis por valores muito abaixo dos praticados pelo mercado, a reportagem, publicada em 16 de outubro, constatou suspeitas de beneficiamento nas licitações realizadas para a empreitada. Diante da repercussão, a Câmara de Vereadores criou uma comissão para apurar as denúncias e acompanhar as obras.

Sem falar do nepotismo presente na administração municipal. O tema, mais uma vez, foi posto em pauta pelo ex-prefeito ACM Neto, quando prometeu “congelar 20% dos cargos comissionados” do governo do Estado, caso fosse eleito. Bastou um levantamento rápido para que fossem “descobertos” 17 parentes, amigos e parentes de amigos do ex-prefeito de Salvador empregados diretamente pela Prefeitura, com salários quase todos próximos dos R$ 20 mil – como exposto em reportagem publicada no último dia 28.

São todos temas relevantes para a população de Salvador e da Bahia, que continuarão permeando as pautas de A TARDE – que, assim, mantém seu papel de fiscalizar o poder público e cobrar melhorias, em prol da qualidade de vida da população do Estado e do País. Como tem sido ao longo de sua centenária trajetória.

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