SALVADOR
Fraudes do Liceu começam a ser desvendadas
Por Danniela Silva, do A TARDE
Das cinco empresas que aparecem como emissoras de notas fiscais frias para o Liceu de Artes e Ofícios, em pelo menos três há envolvimento de pessoas da família Moura Prado. Adelmo de Souza Prado Júnior é sócio da Manhattan Participações e Empreendimentos Ltda, que não conseguiu justificar para a Receita Federal por que emitiu notas fiscais no valor R$ 1,4 milhão sem ter prestado serviços para o Liceu.
Adelmo de Souza Prado Júnior também aparece como um dos beneficiados pelo pagamento de serviço fornecido pela empresa Ana Angélica de Oliveira Alves ao Liceu. Na organização, consta que o pagamento de R$ 2,3 milhões foi efetuado para Ana Angélica; no entanto, os cheques foram depositados em contas de Adelmo de Souza Prado Júnior (total de R$ 814.500), Luiz Marcelo P. Aguiar (R$ 400 mil), Augusto Freddi (total de R$ 363,6 mil), Adailton Nascimento Almeida (R$ 3.700) e Raimundo Nonato Freitas da Silva (R$ 2 mil).
No endereço da empresa Ana Angélica de Oliveira Alves, onde funcionaria uma gráfica, mora uma família que diz ter alugado o imóvel nas mãos de Ana Angélica há cerca de um ano. A equipe de reportagem de A TARDE conseguiu falar por telefone com Ana Angélica. Ela diz que as notas frias foram usadas pelo ex-marido, Gerson Alves, sem o seu conhecimento, mas não quis informar os contatos do ex-marido.
O nome da irmã de Adelmo de Souza Prado Júnior, Ana Prado Cardoso, aparece como sendo o da pessoa para quem a Gráfica e Editora Oriente Ltda endossou um dos cheques recebidos por serviços que não foram prestados para o Liceu. O cheque foi depositado em uma conta do Bradesco, ainda investigada.
A Gráfica e Editora Oriente Ltda e a Gráfica e Editora Arembepe Ltda – ambas identificadas como inaptas pela auditoria da Receita Federal – pertencem a Edilberto Ribeiro Santos, que disse à Receita que nunca estabeleceu relação comercial com o Liceu, não reconhece as assinaturas nas notas e nunca ouviu falar de Ana Prado Cardoso.
A Receita concluiu, após análise de dados, que as gráficas não foram beneficiadas com recursos provenientes do Liceu. A equipe de reportagem de A TARDE esteve no endereço da empresa Manhattan, segundo consta na Junta Comercial do Estado da Bahia. No local, uma pequena sala no prédio Sul América, na Rua Chile, funciona a empresa Candeias Saúde e Lazer. De acordo com uma funcionária, o espaço foi alugado há cerca de três meses.
A empresa Manhattan, na verdade, está instalada em um prédio reformado há cerca de um ano, que leva o nome de Adelmo Prado, na Rua Rui Barbosa, 43, onde antes funcionava a Distribuidora de Livros Salvador (Dilisa), também da família Prado.
Segundo funcionários, a empresa opera com aluguéis de imóveis. A Receita Federal suspeitou de notas da Manhattan ao detectar que a empresa recebeu R$ 1,4 milhão por serviços de “consultoria empresarial” no Liceu. A empresa não conseguiu comprovar que prestou qualquer serviço.
A equipe de reportagem de A TARDE tentou falar com a família Prado no prédio da Rua Rui Barbosa, mas os funcionários disseram que Adelmo de Souza Prado Júnior está viajando e que não havia ninguém da família no local. A equipe de reportagem deixou os números de contato, voltou a insistir por telefone no final da tarde desta quarta, porém ninguém mais atendeu.
A quinta empresa envolvida na fraude do Liceu – a Draga Desenvolvimento Urbanístico – não foi localizada pela Receita Federal porque não existia no endereço declarado. O cheque de R$ 128 mil emitido para pagamento à empresa, considerada inapta pelos órgãos competentes, estava nominal a Geraldo Lorens, então responsável pela área financeira do Liceu. Geraldo Lorens disse à Receita que usou o recurso para pagar à Draga e outros fornecedores. Geraldo não foi localizado nesta quarta pela equipe de reportagem.
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