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Golpe com vendas fictícias em redes sociais faz vítimas na BA

Delegado orienta usuários sobre como se proteger da ação dos criminosos

Publicado terça-feira, 11 de janeiro de 2022 às 18:30 h | Atualizado em 11/01/2022, 21:12 | Autor: Bianca Carneiro

Usuários de redes sociais, especialmente do Instagram, devem ficar de olho em um novo golpe que tem feito cada vez mais vítimas na web. Desta vez, os criminosos invadem os perfis e publicam, nos stories e no feed, vendas de móveis e eletrodomésticos fictícias a preços baixos e pagamento via pix.

Geralmente, a publicação é feita em nome de um suposto amigo ou vizinho que está de mudança ou passando por um problema, na tentativa de deixar a história mais convincente e fazer com que os seguidores da conta comprem um produto que nunca será entregue.

Este tipo de golpe costuma acontecer com quem clica em links suspeitos, mas até mesmo quem toma cuidado ao navegar pode se tornar uma vítima. Esse é o caso da jornalista baiana Juliana Rodrigues, 34, que teve a conta hackeada instantaneamente enquanto conversava com um amigo pelo Instagram.

“Sempre tive bastante cuidado para não clicar em links de promoções falsas e mantenho minhas contas com senhas super seguras e difíceis de serem hackeadas. Nem eu sei o que aconteceu ao certo, estava conversando com um amigo pelo Instagram, quando, de repente, o aplicativo passou a ficar muito lento e fui desconectada da minha própria conta. Na hora que aconteceu, tentei logar novamente, e nada. Eles já haviam trocado até o e-mail e telefone para verificação. Foi tudo muito rápido”, conta ela, que mora em Salvador.

Mensagem que criminosos utilizaram para fazer as vendas fictícias
Mensagem que criminosos utilizaram para fazer as vendas fictícias |  Foto: Reprodução | Arquivo Pessoal
  

Da noite da última quarta-feira, 5, até o início da tarde de sexta, 7, período em que a conta esteve hackeada, foi só dor de cabeça para Juliana. Criminosos haviam utilizado os stories para anunciar vendas falsas de móveis, eletrodomésticos e celulares como se fosse ela que estivesse vendendo. Pelo whatsapp, chegaram mensagens de amigos e seguidores do seu perfil no Instagram questionando sobre a entrega de produtos comprados por meio das publicações. 

“Teve gente que comprou frigobar, geladeira e outros produtos, e perderam valores altos, de R$ 400, R$ 1.800”, diz a jornalista.

Assim que soube o que estava acontecendo, a jornalista acionou a polícia e registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia de crimes virtuais. Ela também pediu aos amigos e conhecidos que divulgassem o que estava acontecendo e denunciassem a sua conta no Instagram. No entanto, o perfil não foi derrubado de forma imediata e a recuperaração do acesso só veio na tarde da sexta.

“No mínimo, 100 pessoas denunciaram, mas a minha conta não foi derrubada. A administração do Instagram é muito lenta, os bandidos ficaram 48h com a minha conta, deveria ter um retorno mais rápido”, critica.

Apesar dela mesma não ter sido financeiramente prejudicada, as consequências do golpe foram além para a jornalista, que relata um receio de voltar ao Instagram, além de prejuízos em suas relações interpessoais.

“Não consegui dormir na primeira noite. Você se sente invadido, chantageado, é muito angustiante. Muita gente acabou ficando chateada comigo, questionando se cliquei em algum vírus, sendo que isso não aconteceu. A culpa não foi minha, mas não vou voltar tão cedo para o Instagram, estou sem segurança para postar ou enviar links para os amigos. Sua credibilidade vai pelo ralo”, lamenta.

Criminosos anunciaram geladeira a baixo preço no perfil de Juliana
Criminosos anunciaram geladeira a baixo preço no perfil de Juliana |  Foto: Reprodução | Arquivo Pessoal
iPhone anunciado pelos criminosos
iPhone anunciado pelos criminosos |  Foto: Reprodução | Arquivo Pessoal
  

Insegurança

Juliana não é a única vítima deste golpe na Bahia. Ela mesma relatou à reportagem do Portal A TARDE que conhecia outras pessoas que também tiveram o perfil hackeado. O número de golpes virtuais cresceu desde o início da pandemia, de acordo com o delegado do Grupo Especializado em Repressão aos Crimes por Meios Eletrônicos, Charles Leão.

“Esta fraude geralmente é realizada através de engenharia social, a partir da observação de dados e informações obtidas em perfis de redes sociais da vítima”, explica ele. Segundo o delegado, a partir de links e perfis falsos, os criminosos conseguem dados como número de celular e conseguem hackear as redes sociais das vítimas.

“Usualmente, a vítima, para fins de obter alguma bonificação, termina induzida a fornecer algum dado ou informação que permite ao criminoso acessar sua conta de rede social ou de aplicativo de mensagem. Observe que o SMS (de verificação de perfil) não é enviado pelo criminoso, e sim pelo próprio serviço de aplicativo”, diz Charles.

A chamada “engenharia social” poderia explicar o golpe sofrido por Juliana, no qual ela afirma não ter clicado em nenhum link suspeito, afirma o delegado Charles. Ele diz ainda que é recomendável levar o celular à polícia para uma perícia no aparelho.

“Neste tipo de fraude não há clique em link para contaminação por vírus ou invasão de dispositivo por malware, usa-se apenas engenharia social. É de sugestão para toda vítima fazer uma regressão de memória e relembrar se houve abordagem por rede social com posterior envio de SMS para esta receber qualquer bonificação, ou mesmo de e-mail. Porém, a Polícia Judiciária pode e deve, para melhor esclarecimento dos fatos, após o registro do boletim de ocorrência, encaminhar o smartphone da vítima para ser submetido à perícia”, ressalta.

Segundo ele, as vítimas devem registrar boletim de ocorrência na delegacia mais próxima, inclusive de forma virtual, através do site da Polícia Civil da Bahia, além de registrar reclamação no Banco Central e informar o fato ao banco do beneficiado pela fraude, no caso, da pessoa que recebeu o pix. Por fim, ele destaca que medidas de segurança são fundamentais para se proteger de golpes virtuais. 

“Restringir ao máximo possível dados e informações pessoais disponíveis em  redes sociais, habilitar fatores de dupla autenticação em todos os seus aplicativos e redes sociais o que impedirá o criminoso de se apossar de seus aplicativos e de seus perfis, habilitar a privacidade para evitar a obtenção de suas imagens de aplicativos de mensagens, só permitindo a seus contatos visualizarem sua imagem, desconfiar sempre, e verificar junto a quem de direito se o fato - prêmio - procede e é verdadeiro e nunca informar, clicar ou copiar e colar nenhum dado e informação recebido por SMS ou e-mail e repassar para terceiro”, enumera. 

Seguidores de Juliana acabaram caindo no golpe
Seguidores de Juliana acabaram caindo no golpe |  Foto: Reprodução | Arquivo Pessoal
 

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