SALVADOR
Hospitais sem verba para pagar salários
Por Valmar Hupsel Filho, do A TARDE
Pelo menos dois hospitais particulares de Salvador enfrentam dificuldade para manter o pagamento regular de salários e honorários a médicos e enfermeiros. O caso mais grave é do Hospital Salvador, onde o atraso chega a até seis meses, conforme denunciam os sindicatos dos médicos (Sindimed) e dos enfermeiros (Seeb). O Hospital da Bahia, segundo as mesmas entidades, tem registrado seguidos atrasos, mas de apenas alguns dias.
Esta situação motivou o Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia (Seeb) a realizar uma mobilização em frente ao Hospital Salvador. “Nós evitamos colocar carro-de-som em respeito aos pacientes ”, informou a presidente do Seesb, Lúcia Duque. Segundo ela, esta é a primeira manifestação da categoria, que nunca organizou uma greve na Bahia. De acordo com a sindicalista a administração do hospital pagou, na última terça-feira, a segunda metade do salário de janeiro e depois disso não houve qualquer outro pagamento.
“Os atrasos têm ocorrido desde novembro do ano passado”, disse. Uma nova rodada de discussão está agendada para a próxima quinta-feira, dia 9. Segundo Lúcia Duque, no Hospital da Bahia os atrasos são apenas de alguns dias. “Ao invés de pagar no quinto dia do mês, eles pagam dia 20, 25”, disse.
Médicos - A situação dos médicos é mais grave, segundo o presidente do Sindimed, José Caires. Ele revela que o sindicato tem recebido constantes queixas de atrasos de salários, que chegam até a seis meses; além de relatos de atitudes desrespeitosas com os profissionais. “Eles chegavam para trabalhar e eram informados que estavam dispensados”, disse.
O sindicalista informou que já foi realizada uma reunião, na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), com a presença de prepostos do Hospital Salvador. Na ocasião, segundo Caires, foi apresentado o valor montante devido aos médicos. “Uma cifra gigantesca”, definiu, esquivando-se de informar o valor exato. Ainda de acordo com Caires, durante uma reunião na sede do sindicato, a direção do hospital apresentou proposta de pagamento parcelado, com seis meses de carência. “A proposta não foi aceita porque tem profissional que já cumpriu essa carência”, disse.
José Caires conta que já enviou ofício à direção do Hospital da Bahia, com base em informações de médicos e enfermeiros, relatando ter ciência da “dificuldade financeira“ da entidade, que tem resultado no atraso de salários dos médicos. ”Tem gente que está há mais de três meses sem receber“, disse. Ele conta que está tentando agendar com a direção do hospital para conhecer a real situação financeira da unidade de saúde.
A diretoria do Hospital da Bahia nega que haja atrasos de salários. O atendimento oferecido pela unidade, porém, tem gerado reclamações. A arquiteta Patrícia Dall Armi conta que levou sua filha ao hospital com sintomas de dengue ou meningite, nesta quinta, dia 02, mas, segundo ela, não havia clínico. ”Como um hospital pode funcionar sem um clínico?“, questiona.
Já o diretor técnico do Hospital Salvador, Luís Medeiros admite que na instituição tem havido atraso de salários e honorários. Segundo ele, representantes estão providenciando a resolução deste problema “a curto prazo“. “Não posso dar uma data precisa, mas posso garantir que este é o assunto principal na pauta de discussão da diretoria”, disse.
Segundo Medeiros, o débito do hospital referente a salários e honorários “não é tão grande”, e se deve apenas ao mês de fevereiro. O diretor credita a irregularidade no pagamento aos médicos e enfermeiros ao atraso no repasse de “alguns” convênios, ao aumento dos custos e à crise mundial. “Estamos procedendo revisões para corrigir distorções junto aos convênios”, disse.
“Estamos com receita menor que a despesa. Este problema não aparece de um dia para o outro, mas com o acumulado durante o tempo“. Medeiros, entretanto, descarta a possibilidade de declaração de falência do hospital. ”Isso é assunto que nem passa pela cabeça da direção“, disse. O diretor elogiou a postura dos profissionais, que mesmo com os salários atrasados não têm prejudicado o atendimento, com greves ou ”operações tartaruga”.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes