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CENTRO HISTÓRICO

Igreja do Boqueirão tem calçada retirada e revolta moradores

População ‘barrou’ a substituição de pedras antigas na escadaria da histórica Igreja do Boqueirão

Por Iamany Santos*

12/05/2022 - 6:05 h
Substituição de pedras não foi feita
Substituição de pedras não foi feita -

Moradores do bairro Santo Antônio Além do Carmo impediram, na quarta-feira, 11, que a Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia) retirasse as pedras da calçada da Igreja Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão. Eles acusam o órgão de realizar a atividade sem autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e de desqualificar o valor histórico da igreja.

Os moradores foram surpreendidos pela obra da Conder na manhã de terça-feira e logo se movimentaram para entender o que estava acontecendo. Morador do bairro há 22 anos, o arquiteto William Marques estava passando em frente a Igreja quando viu que a área estava sendo isolada com tapumes e que alguns trabalhadores começavam a retirar os degraus utilizando uma makita.

“Essa é uma coisa que não se faz em um monumento histórico tombado, o processo estava sendo feito de uma forma muito agressiva”, conta. William notou que não havia nenhuma placa de identificação, por isso comunicou outros moradores através de um grupo de WhatsApp.

Juntos, os moradores tentaram conseguir maiores informações sobre a obra, mas nenhum funcionário sabia apontar um responsável pela ação. Foi o pároco da Igreja do Boqueirão que ligou para o Iphan, a fim de descobrir se o órgão havia autorizado alguma intervenção na Igreja, tombada como patrimônio cultural e histórico.

“Em nenhum momento, nem verbal, nem por escrito, a Conder nos comunicou sobre a obra. Os vizinhos me mandaram fotos e eu fiquei surpreso quando me disseram que estavam quebrando as pedras. Imediatamente eu liguei para o Iphan para saber se eles haviam autorizado e eles disseram que não estavam sabendo da obra”, conta o padre.

Segundo relataram os moradores, dois representantes da Conder, um restaurador e um engenheiro, estavam presentes mas não apresentaram nenhum documento de autorização quando questionados. “Ninguém soube responder quem era o responsável. O que se dizia restaurador disse que já estava acostumado a trabalhar em obras do tipo, mas não tinha nenhum documento, nenhuma planta”, conta William. Com a intervenção dos moradores e a chegada dos representantes do Iphan, a obra foi interditada apesar de que alguns degraus foram destruídos durante o processo.

A técnica utilizada pela Conder também foi criticada pelos moradores, uma vez que as rochas estavam sendo destruídas. “Disseram que iam restaurar mas eu vi que tinham várias outras pedras encostadas na igreja como se eles realmente fossem substituí-las. Para restaurar se retira a pedra inteira e depois repõe a peça restaurada ou a restauração é feita com a pedra no lugar”, comenta Leonel Mattos, artista plástico que vive no bairro há mais de 10 anos.

A Conder afirma que a substituição tinha o objetivo de garantir acesso seguro até o interior da igreja e que foi feita em pontos específicos que já haviam sido reparados anteriormente. “A companhia ressalta que a solução encontrada para resolver o problema levou em consideração os aspectos históricos, tanto que um especialista em restauração foi contratado para realizar o serviço de recomposição”, declara o órgão.

Os moradores concordam que deve haver uma requalificação mas que a ação deve partir da restauração das pedras e da manutenção da identidade do bairro. “No Centro Histórico nada pode ser modificado, a origem desse lugar tem que ser preservada. São pedras de 300 anos, é um absurdo o que fizeram. Da forma que eles estavam fazendo não era para restaurar e sim para danificar, estavam quebrando tanto que agora não sei como eles irão repor essas pedras”, pontua Leonel.

Segundo informações fornecidas pela Conder, “a decisão sobre a necessidade de recuperação da escadaria foi definida a partir de uma visita técnica conjunta com o Iphan, durante a execução das obras do projeto Pelas Ruas”. O projeto citado prevê melhorias na acessibilidade, além da reforma na pavimentação e calçadas em cerca de 300 ruas em toda a região antiga da cidade, incluindo 28 ruas do Centro Histórico de Salvador.

Para Dimitri Ganzelevitch, que mora no bairro há 47 anos, as obras desqualificam o bairro, uma vez que mudam características identitárias da rua. “As pedras da rua não precisavam ser trocadas, o meio-fio também não, nem as pedras da escada Igreja do Boqueirão, eles precisavam ser restaurados”, enfatiza Dimitri.

Depois do ocorrido, os moradores não receberam nenhuma informação sobre o que será feito da escadaria. Entretanto, a Conder afirma que está sendo programada. "Uma reunião com a participação dos moradores e de representantes do Iphan para esclarecer os pontos dos serviços que serão realizados na escadaria”.

Procurado para maiores esclarecimentos, o Iphan não apresentou declarações sobre o ocorrido e as possíveis consequência da obra.

*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes

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