SALVADOR
Inadimplência, insegurança e defasagem fecham Colégio Mercês
Gestão da instituição de ensino divulgou nota explicando os motivos do fechamento
Por Antonio Dilson Neto*
O Colégio Nossa Senhora das Mercês, escola tradicional do centro de Salvador, anunciou o encerramento das atividades após 125 anos de funcionamento e, na manhã da terça-feira, 25, divulgou uma nota explicando os motivos para o fechamento que irá acontecer no fim do ano letivo atual.
“A pandemia da Covid-19 teve um impacto muito grande no já fragilizado cenário financeiro do colégio, que vivia há algum tempo com alta inadimplência. Além disso, sua localização, no Centro de Salvador, já não oferece mais a segurança e a mobilidade necessárias às famílias de nossos alunos. Ademais, o colégio não mais atende as necessidades que uma escola moderna requer nos tempos atuais” diz a nota.
O colégio atualmente tem cerca de 300 estudantes, mas já chegou a ter mais de mil alunos matriculados, sendo referência na educação baiana. Com o anúncio, pais e alunos lamentaram.
Jay Torres, pai da aluna Liriel Torres, relatou a importância do colégio para a família. “O colégio entrou em nossa vida num momento muito especial, quando minha filha veio morar comigo e a gente precisava de apoio, de uma escola que abraçasse a gente. De cara nos identificamos com o respeito e o carinho que o colégio tem pelos alunos”.
“O fechamento é um acontecimento muito triste, a gente fica sem chão. Na verdade, estamos sem ter para onde ir mesmo, procurando uma outra escola que trabalhe com os mesmos valores, o que não é fácil”, lamentou Jay.
Como Liriel está no 2º ano do ensino médio, há uma preocupação com a conclusão dos estudos da adolescente. "Fica aqui o nosso apelo pra ver se alguém consegue reverter essa situação. Fica aqui o apelo e o sentimento de um pai”.
Carla Castro, ex-aluna, contou que recebeu com tristeza a notícia do fechamento do colégio. “O fechamento da escola nos pegou bem de surpresa. Nós temos uma ligação afetiva muito forte com a escola. Estudei lá durante treze anos, é uma turma muito unida. Estudamos juntos desde pequenos e mantemos amizade até hoje”. Carla contou que um encontro de ex-alunos estava planejado para acontecer agora em novembro, mas foi remarcado para fevereiro. “Será um encontro e uma despedida”, afirmou.
O diretor do Sindicato das Escolas Privadas da Bahia (Sinape-BA), Tadeu Coelho, explicou que, com o surgimento de novas escolas, com estruturas mais modernas, o cenário da educação em Salvador mudou muito, o que explicaria a redução do número de alunos no Colégio das Mercês. “Além disso, ao longo dos anos, a cidade cresceu e o centro se deslocou, o que levou o colégio a ficar distante geograficamente desse processo de renovação do ensino privado em Salvador”.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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