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Informes contra uso de anabolizantes serão obrigatórios nas academias

Publicado sexta-feira, 02 de outubro de 2020 às 22:41 h | Atualizado em 02/10/2020, 22:44 | Autor: Tácio Caldas | Estagiário
Lei municipal nº 9.537/2020 garante a obrigatoriedade de divulgação dessas informações | Foto: Cecília Bastos | USP Imagens
Lei municipal nº 9.537/2020 garante a obrigatoriedade de divulgação dessas informações | Foto: Cecília Bastos | USP Imagens -

Foi publicado no diário oficial no último dia 17 uma Lei Municipal que, quando em vigor, obrigará a todas as academias de ginástica, centros esportivos ou similares, a divulgar em seu espaço comum, cartazes sobre as consequências do uso dos anabolizantes. Além disso a Lei de nº 9.537/2020 dispõe sobre a atuação da Secretaria Municipal da Saúde que ficará responsável por incluir nas campanhas de combate ao uso de drogas, a divulgação dos prejuízos que os anabolizantes podem causar à saúde.

Para a endocrinologista Jessy Gomes, a lei se refere aos chamados esteroides androgênicos anabólicos. “São produtos derivados do hormônio masculino chamado testosterona, que é o hormônio que difere o homem da mulher. Eles atuam no crescimento de algumas células em tecidos do corpo e favorecem a hipertrofia muscular”, comentou. Ainda segundo a médica, essa é uma preocupação pertinente dos órgãos públicos e da prefeitura. “O uso de anabolizantes está se tornando um hábito comum, porque eles querem ganhar massa muscular de maneira muito rápida por causa de estética”, afirmou.

Os efeitos do uso desse produto são vistos no aumento de acne, queda de cabelo, uma maior agressividade, alucinações e psicose, retenção de líquido no corpo, aumento de pressão e até o infarte. Essas consequências ocorrem em homens e mulheres, mas principalmente nas mulheres, porque o organismo feminino não comporta um nível de testosterona, por exemplo, como nos homens. Além disso, muitas dessas consequências podem ser irreversíveis, principalmente nos jovens em fase de crescimento, mas também nas questões de fertilidade e dependência.

Para Jessy Gomes, essa lei é muito válida por causa dos perigos no uso dos anabolizantes e no compartilhamento de seringas. “Existe o perigo no uso das seringas e transmissões de doenças infecciosas como o HIV e a hepatite. Essa é mais uma arma que a medicina tem contra o uso indiscriminado de anabolizantes”, informou. De acordo com Oswaldo Pitta, representante da Sindlivre, ainda não houve nenhuma discussão interna sobre o assunto, contudo, a posição do sindicato deve ser de apoio à lei. “Eu pessoalmente apoio, porque acho que nós não devemos apoiar e nem incentivar o uso de anabolizantes nem dentro e nem fora das academias. O sindicato, na minha pessoa, concorda com a lei”, relatou.

Para Vitor Urpia, proprietário das academias Hammer Fitness Club, essa lei pode não ser muito eficiente. “Seria muito melhor se o poder público tivesse construído junto com a iniciativa privada uma grande campanha educativa e não fazendo de forma obrigatória. Eu acredito que não vá ter uma grande eficiência, já que provavelmente as academias cumprirão a lei, mas apenas irão colocar um cartaz em um local não tão visível ou de pequena circulação”, comentou. Ainda segundo ele, todas as academias já possuem atitudes diárias em relação a esse combate, mas que essa responsabilidade é maior do poder público e está sendo transferida para a iniciativa privada.

Lei nº 9.537/2020

A lei entrará em vigor na data de sua publicação, dia 17 de setembro de 2020. Sua regulamentação será realizada pelo poder executivo municipal no prazo de noventa dias após a publicação. Esta lei obriga a afixação, nas academias de ginástica, centros esportivos e estabelecimentos similares, de cartaz com advertência sobre as consequências do uso de anabolizantes. O cartaz deve conter as seguintes informações: “O uso de anabolizantes prejudica o sistema cardiovascular, causa lesões nos rins e fígado, degrada a atividade cerebral, aumenta o risco do câncer, e pode provocar dependência”.

*Sob supervisão da editora Meire Oliveira 

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