SALVADOR
Insegurança reduz oferta de serviços 24 horas em Salvador
Por Paula Janay Alves

Hipermercados, farmácias e postos de combustíveis de Salvador estão deixando de oferecer serviços 24 horas. Por questões de segurança ou falta de demanda dos consumidores, muitos estabelecimentos reduziram o horário de funcionamento até a meia-noite.
Na avenida Paralela, por exemplo, não é mais possível abastecer o carro ou comprar itens em lojas de conveniência após a meia-noite. Todos os postos localizados na avenida reduziram o horário de funcionamento, segundo o conselheiro do Sindicombustíveis-BA (Sindicato do Comércio de Combustíveis da Bahia), Walter Tannus.
A principal razão para deixar de oferecer o serviço é a falta de segurança, segundo Tannus. "Os empresários sofreram assaltos, e há um risco de insegurança à noite. Não compensava mais", diz.
A redução do horário já extinguiu 70 postos de trabalho nos últimos três anos, entre demissões e postos que deixaram de ser criados.
Funcionando por menos horas, os postos registram menor faturamento. O pior cenário é nas lojas de conveniência. Tradicionalmente com maior movimento à noite, o faturamento das lojas de conveniência caiu 50%.
Segundo Walter Tannus, o prejuízo na venda de combustíveis é menor, cerca de 5%. Procurados pelo Sindicombustíveis, os donos de postos da região da Paralela não quiseram dar entrevistas e preferiram não se posicionar individualmente.
Dos 300 postos de combustíveis abertos em Salvador, cerca de 20% oferecem serviços 24 horas. Esse número já chegou a 35%, em 2012, segundo o conselheiro do Sindicombustíveis-Bahia
"Não é falta de demanda, a demanda existe. É até uma exigência da sociedade e do consumidor. Infelizmente, os postos estão cada dia mais receosos de ofertar esse tipo de serviço", diz Walter Tannus.
Os números sobre ocorrências de roubos e furtos em estabelecimentos comerciais em Salvador foram solicitados na quinta-feira para a Secretaria da Segurança Pública da Bahia e até o fechamento desta edição ainda não haviam sido enviados.
Compras
Já raros, supermercados que operam 24 horas estão cada vez mais escassos. Depois do Bompreço do Chame-Chame, que deixou de ser 24 horas no ano passado, os consumidores de Salvador também não podem mais contar com o Extra da Paralela para compras na madrugada.
Na semana passada, o Grupo Pão de Açúcar, que controla o Extra, anunciou que não terá mais lojas 24 horas no Brasil. Atualmente, as três unidades do Extra em Salvador funcionam das 7h à 0h.
Assim como o Bompreço, a empresa afirmou que tomou a decisão por falta de demanda. "A decisão foi baseada nos estudos de comportamento dos consumidores que apontaram baixa adesão às compras no período da madrugada", diz trecho da nota enviada para a imprensa pelo Extra.
Essenciais para emergências, as farmácias 24 horas rareiam, principalmente em bairros distantes do centro da cidade e da orla. Das 80 farmácias filiadas ao Sindicato dos Proprietários do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos da Bahia (Sincofarba), apenas quatro operam 24 horas.
Para explicar o motivo da diminuição desse tipo de serviço, o vice-presidente do Sincofarba, Luiz Trindade Pinto, cita a ocorrência de assaltos e ameaças. "Além de dinheiro, as farmácias são alvos de assaltos para roubo de produtos psicotrópicos - produtos controlados, como remédios para dormir e inibidores de apetite", diz Pinto.
De acordo com o presidente-executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Barreto, a tendência é nacional.
Barreto explica que o custo de operação alto, principalmente os custos trabalhistas, como adicional noturno, e a falta de segurança levam as redes de farmácia a diminuírem os serviços 24 horas.
"O custo não se paga porque o volume de venda não é alto. A outra questão é a segurança. Uma grande rede de Minas Gerais, que não quero citar o nome, sofreu 90 assaltos em 2013. Em 2014, já foram 70", diz.
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