SALVADOR
Irmandade deve retomar gestão na Igreja do Bomfim
Intervenção na administração do templo ocorreu ao longo de 90 dias por uma comissão
Por Maurício Viana*
A Arquidiocese de Salvador vai entregar, nos próximos 8 a 10 dias, a gestão da Irmandade do Nosso Senhor do Bonfim de volta aos 33 novos irmãos eleitos durante a intervenção para que seja definida a nova mesa administrativa. A decisão foi confirmada após o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) derrubar a liminar que suspendia a intervenção na última segunda-feira.
O interventor padre Abel Pinheiro, liderou a irmandade por mais de 90 dias, junto a uma comissão composta por economista, administrador, advogado, entre outros.
“Já houveram as eleições. Na próxima quinta-feira, vai ter uma reunião dos eleitos para definir quem vai ocupar qual cargo e o cardeal vai marcar uma celebração de posse dessa nova mesa. Na devoção, não encontrei nenhum desvio de dinheiro, falcatrua ou roubo. Foi tudo muito correto, exceto uma coisa ou outra que precisa ser corrigida. Mas, não tenho nada em especial de negativo para registrar”, afirma o padre.
Processo
A intervenção foi realizada em agosto deste ano pelo cardeal dom Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, porque a devoção não estava atuando nas suas competências e questionava a gestão de 16 anos do padre Edson Menezes na Basílica do Senhor do Bonfim.
Entre as reclamações, estavam as operações financeiras realizadas pelo padre, envolvendo doações e vendas de materiais católicos na loja da igreja.
De acordo com o decreto da Arquidiocese, o objetivo era “restabelecer a paz do Senhor na irmandade e voltar a cultivar a parceria que sempre existiu entre a irmandade e o reitor da Basílica Santuário.”
Com isso, os passos eram a análise dos documentos da devoção e devolvê-la à Irmandade após nova posse. No entanto, o juiz da irmandade, Jorge Nunes Contreiras, junto ao seu tesoureiro, secretários e demais membros da mesa que deixaram seus cargos, não ficaram satisfeitos e entraram com um pedido de liminar na Justiça para que a intervenção fosse derrubada.
Determinação
A decisão do juiz de direito da 6ª Vara Cível de Salvador, Carlos Cerqueira Jr., acatando o pedido, aconteceu na quinta-feira passada e fez com que a mesa antiga retornasse. “Graças a Deus, o desembargador, ontem, fez um ato suspensivo da liminar deles e deu causa ganha à Arquidiocese, reconhecendo a interferência e a gestão pelo arcebispo juntamente com os membros da devoção no destino desta instituição católica. Mas, todos estão no guarda-chuva da Arquidiocese e quem responde é o arcebispo. Estamos agora felizes e vislumbrando um tempo de paz”, disse o juiz da irmandade.
O padre Abel, que também faz a administração e a atuação de outras paróquias na cidade, acrescenta que está se sentido cansado porque foi um trabalho árduo, mas satisfeito.
“O meu papel foi de ser mediador e um instrumento e elo de paz entre os membros para ouvir, esclarecer e iluminar o caminho destas pessoas. Eu acolhi e ouvi pessoas de um lado e de outro com toda dignidade, atenção e respeito. Eu estou com minha consciência tranquila que fiz o meu melhor, respeitando e dialogando com todos. Eu fui uma extensão do arcebispo nessa devoção. Fico feliz em ter contribuído”, conta.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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