SALVADOR
Moradores reclamam de cemitério desativado em São Tomé de Paripe
Semop esclarece que disponibilidade nos espaços ocorre de acordo com as exumações
Por Iamany Santos*
Os moradores do subúrbio ferroviário vem enfrentando dificuldades para enterrar entes queridos. Os cemitérios municipais em Paripe e Periperi não oferecem vagas para novos sepultamentos e o cemitério da Paróquia Nossa Senhora do Ó (São Tomé de Paripe) está desativado há três anos. Líderes comunitários e moradores denunciam as condições do cemitério desde 2019.
Para solicitar um espaço nos cemitérios municipais, o morador deve ligar para a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) que através da Coordenadoria de Serviços Diversos (CSD) agenda o sepultamento.
O pintor José Carlos de Souza, morador da região há 50 anos, que perdeu a tia recentemente, relata que não conseguiu acesso ao cemitério público local. “No Cemitério de Paripe disseram que não tem vaga. Eles liberaram a guia para a Baixa de Quintas”, conta.
A falta de vagas nos cemitérios locais causa prejuízo financeiro. O sepultamento em cemitérios públicos custa entre R$ 18 e R$ 122 a depender da idade da pessoa e do tipo de enterro desejado. Agora, é precisa pagar o transporte do corpo e o sepultamento que, em cemitérios privados, custam em média R$ 2,5 mil, segundo a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif).
“Como a pessoa não pode enterrar em um cemitério próximo e não tem condição de pagar um sepultamento no Bosque da Paz, Jardim da Saudade ou no Campo Santo, ela compra formol para segurar até 3 dias e esperar para enterrar em um cemitério público”, relata Josemir do Rosário, líder comunitário e dono de uma funerária.
Segundo informações do site da Semop, Salvador tem 10 cemitérios municipais: Pirajá, Plataforma, Periperi, Paripe, Brotas, Itapuã, Ilha de Maré, Ilha de Bom Jesus dos Passos, Ilha Ponta de Nossa Senhora e Paramana (Ilha dos Frades). As famílias podem solicitar vagas por telefone das 8h às 16h. Em nota, a Semop esclarece que vagas são disponibilizadas à medida em que ocorrem exumações, após 3 anos de sepultamento do corpo. “Neste momento, o cemitério municipal que possui mais vagas disponíveis é o de Plataforma. Para o cemitério de Paripe, está prevista a construção de mais 840 gavetas ainda este ano”.
Os moradores também denunciam as condições estruturais do cemitério da Paróquia Nossa Senhora do Ó, onde o sepultamento custava R$ 150. O local é administrado pela Arquidiocese de Salvador e atualmente está abandonado, com sepulturas deterioradas, abertas e com ossadas humanas expostas. "Há um ano, no Dia das Mães, um morador enterrou sua própria mãe. Abriu uma gaveta, botou luva e máscara, limpou e colocou a mãe dele. Queríamos que alguma solução fosse apresentada”, pontua José Carlos. Procurada pela reportagem, a Arquidiocese de Salvador afirmou que era possível prestar esclarecimentos sobre o assunto até o fechamento desta edição.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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