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SALVADOR

Muita gente, pouco espaço

Por Fernanda Santa Rosa, do A TARDE

21/10/2008 - 23:37 h | Atualizada em 22/10/2008 - 2:32

A Região Metropolitana de Salvador (RMS) é a terceira do Brasil com maior concentração de pessoas por domicílio urbano, de acordo com análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada na terça-feira, 21, em Brasília. Condições inadequadas de moradia por adensamento excessivo se revelam em 10,6% das residências da RMS, um percentual superior à média metropolitana brasileira, que é de 9,3%.

Em pior situação estão apenas as regiões metropolitanas de Belém (16,6%) e São Paulo (11,7%). O parâmetro usado para considerar o adensamento é o de concentração superior a três pessoas por dormitório. Os resultados fazem parte do estudo Pnad-2007: Primeiras Análises, que apresenta, com detalhamento de dados e com comparação das séries históricas, as modificações pelas quais passa o País.

Para o sociólogo Gey Espinheira, os números sobre a Grande Salvador refletem o descaso do poder público ao longo de décadas. “Sem políticas públicas sérias, sob a dissimulação de programas habitacionais populares em número e qualidade, Salvador foi vítima do ‘viver melhor’, de conjuntos habitacionais que espelham a falácia da ação governamental”, diz Espinheira, apontando como exemplos o desabamento de apartamentos do Conjunto Araçás, há cerca três anos, e o envelhecimento precoce do “pombal” do Nova Primavera, ambos no subúrbio ferroviário.

Ele lembra que a capital baiana é a terceira cidade do País em população e a primeira em densidade habitacional, ou seja, em número de pessoas por metro quadrado nos bairros populares. “Foi o povo com a sua ousadia que conseguiu se alojar em favelas de blocos sem reboco, nas encostas e vales, amontoando gente nos domicílios de tal modo que bater laje se tornou uma estratégia familiar de ganho de espaço”, comenta o sociólogo.

É o que acontece no lar da desempregada Janice Soares, 51 anos. Em uma casa de apenas um dormitório, no fim de linha do bairro de Sussuarana, ela vive com três filhos e três netos: duas crianças de 4 e 2 anos e um bebê de 8 meses. “Dorme todo mundo ‘empenhado’, porque não tem cama para todo mundo, não”, conta Janice.

Na residência, todos estão desempregados e vivem de “bicos”. A precariedade da habitação, alugada a R$ 30 por mês, dificilmente será contornada com a renda familiar mensal de R$ 200. “Às vezes falta até o que comer. Com menino pequeno, é a primeira preocupação”, diz Janice.

Na casa de Valquíria Araújo, 61, no Alto do Sossego, uma área de invasão no Stiep, a família conseguiu um pouco mais de espaço para viver. Ela divide o terreno ocupado há 25 anos com outras 11 pessoas da família. “Cada um foi fazendo um puxadinho e mora tudo aqui”, conta a dona-de-casa, enquanto pintava a madeirite transformada em uma das paredes da casa.

MADEIRA – Somente há três meses Valquíria conseguiu construir um banheiro em alvenaria – antes era improvisado com pedaços de madeira –, e que atende a todos os moradores. Ela conta que o cano de esgotamento sanitário foi ligada à fossa asséptica do vizinho e a água que abastece o domicílio é clandestina.

A Secretaria Municipal de Habitação da capital, por meio da chefe de Assessoria Técnica, Elaine Menezes, declarou que a pesquisa “corrobora o diagnóstico realizado pela prefeitura para a elaboração do Plano Municipal de Habitação, publicado em janeiro”. Segundo ela, o plano define uma estratégia para atacar o problema e aponta a quantia de R$ 7 bilhões necessários em investimentos para zerar o déficit habitacional na cidade. São 395 mil domicílios na cidade precisando de alguma forma de intervenção urbanística ou de serviços básicos para a moradia.

“A co-habitação acaba sendo a solução para o custo elevado de aluguel e para a falta de renda”, diz a assessora, ressaltando que o problema não é apenas habitacional, mas também está relacionado a questões conjunturais de desenvolvimento social.

BRASIL – As análises do Ipea mostram que aproximadamente 34,5% da população urbana brasileira vive em condições de moradia inadequadas, seja pelo adensamento excessivo, pela falta de acesso à água ou pela inexistência de esgotamento sanitário nas residências. São 54,6 milhões de pessoas, um a cada três brasileiros.

Houve melhora na cobertura dos serviços básicos de 1992 a 2007, segundo a análise do Ipea. O Brasil conseguiu alcançar a meta do milênio em acesso à água potável nas áreas urbanas, prevista para 2015, pois já existe água em 91,3% dos domicílios nas cidades.

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