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DIA DOS NAMORADOS

Namoro após os 50 anos: um amor leve e sem cobranças

Em clima de romance, Portal A TARDE conta a história de um casal que engatou relação após os 50 anos de idade

Por Brenda Ferreira

12/06/2023 - 6:20 h | Atualizada em 12/06/2023 - 11:53
O Portal A TARDE conta a história de um casal que não só engatou uma relação após os 50 anos, como também comprovou que distância não é um fator impeditivo.
O Portal A TARDE conta a história de um casal que não só engatou uma relação após os 50 anos, como também comprovou que distância não é um fator impeditivo. -

A palavra “namoro” remete a uma relação jovial e a algo novo, mas pessoas com 50 anos ou mais que reencontram a felicidade em par, entregando-se a relacionamentos inesperados e cheios de descobertas, provam que o amor não tem idade mesmo. Em clima de romance, nesta segunda-feira, 12, Dia dos Namorados, o Portal A TARDE conta a história de um casal que não só engatou uma relação após os 50 anos, como também comprovou que distância não é um fator impeditivo.

Com exceção da idade, o relacionamento na maturidade tem as mesmas premissas do que qualquer outro conceito amoroso entre duas pessoas. Compromisso, responsabilidade, atração, admiração e paixão. Além disso, o fato de a maioria dessas pessoas terem, normalmente, uma vida profissional definida, em certos casos com filhos já criados, fazem os “maduros” optarem por uma convivência leve e desencanada.

Uma das formas de promover encontros é o uso da tecnologia. Aplicativos como Par Perfeito, Denga Love, Tinder, além de sites de relacionamento para a terceira idade, como Clube da Maturidade e Coroa Metade, são cada vez mais procurados por quem deseja voltar a namorar.

Foi o caso de Jorge Bezerra, de 65 anos, e Ivanete A Milhomem, 67. Eles se conheceram há 13 anos pelo site de relacionamentos Badoo e estão juntos até hoje. Ele morava em Salvador e ela, em Goiânia, capital de Goiás. Ao Portal A TARDE, Jorge contou que viajou para Goiânia para passear e, um dia, resolveu acessar o site de lá, fora da capital baiana.

“Nós nos conhecemos e nos encontramos no shopping duas vezes. O primeiro dia foi uma quinta-feira e, na terça-feira, nos vimos novamente. Na mesma semana, no sábado, ela viajou por 26 dias para a Europa. Nesse período, eu voltei para Salvador, saí do emprego, já arrumei minhas malas e vim para Goiânia. Quando Ivanete chegou, já estava esperando por ela. Em dois encontros, já foi o suficiente para entender que ela seria a pessoa da minha vida”, disse Jorge, que hoje mora com Ivanete.

“Eu estava separado há mais ou menos oito anos e queria muito uma pessoa para minha vida. Até encontrá-la, eu fiquei no site de relacionamento procurando uma pessoa, mas nunca dava certo”, complementou Jorge, que tem cinco filhos, dois deles com a última esposa.

O que mantém os dois juntos até hoje não é algo visto como muito difícil: cumplicidade e respeito. “Entre nós dois não tem cobrança alguma, a gente se respeita e tem muito amor. Além disso, é uma pessoa que se predispôs a ficar do meu lado também. E o que mais favoreceu estarmos juntos também foi ela querer uma pessoa como eu, simples e disposta a ser parceiro. Ela também é realmente uma grande parceira”, revela Jorge.

“Realmente, foi isso que fez a gente estar junto até hoje. Cada um tem suas características, maneiras de ver a vida e tradições familiares, mas tudo isso são coisas que só acrescentam na nossa bagagem para viver uma vida tranquila e com amor, porque ninguém consegue ser feliz sozinho”, reforça Ivanete.

A vida antes do namoro

Jorge e Ivanete saíram de casamentos longos. Ele foi casado por 20 anos e ela por 30, mas estavam separados há oito e três anos. No entanto, segundo Ivanete, os dois sempre buscavam encontrar uma pessoa com quem pudessem fazer uma nova caminhada.

“A gente acredita que o amor é que move as pessoas. Então, precisamos buscar encontrar uma pessoa que tenha as mesmas afinidades. Antigamente, a gente falava que eram ‘os opostos que se atraíam’, mas acontece que, de acordo com as experiências de vida, a gente vê que as pessoas precisam se conectar com as mesmas afinidades. Pensar da mesma maneira, buscar o mesmo ideal, objetivo, para que as coisas possam acontecer e fluir”, afirmou ela.

Início do namoro de Jorge e Ivanete, em 2013
Início do namoro de Jorge e Ivanete, em 2013 | Foto: Arquivo Pessoal enviado a A TARDE

Preconceitos e tabu sobre sexo

O preconceito com o envelhecimento vem de todos os lados. Às vezes, quem está envelhecendo se sabota por não ter mais o corpo ou a pele da juventude. O mesmo acontece quando o assunto é sexo nesta idade.

De acordo com a sexóloga Mayara Magalhães, o sexo deve ser tratado com naturalidade, assim como em qualquer fase da vida. E isso inclui aceitar as mudanças que surgem com a idade com leveza e bom humor.

“Não é fácil, já que as alterações fisiológicas interferem na vida sexual. Nas mulheres, por exemplo, as principais alterações são diminuição do desejo sexual e falta de lubrificação, o que dificulta uma eventual penetração e pode causar dor. Nos homens, há diminuição da libido, a ereção fica mais lenta, a ejaculação mais demorada e em menor volume, e o tempo de descanso entre uma relação e outra fica cada vez maior. Parece ruim, mas definitivamente não é motivo pra encerrar a vida sexual”, explica a especialista.

A sexóloga disse ainda que existem técnicas, procedimentos e medicamentos disponíveis no mercado para atenuar essas queixas, mas “o mais importante é deixar os julgamentos de lado e se permitir para o prazer”. “A sexualidade é um dos pilares para a qualidade de vida, segundo a Organização Mundial de Saúde, e deve ser tratada como prioridade independente dos cabelos brancos”.

Dentro dessa discussão, existe outra questão com pessoas que chegam a uma determinada idade e acabam cedendo a pressões sociais por estética e desempenho, criando inadequações que interferem na vida sexual. Mayara Magalhães revela que, apesar disso, é possível "curtir" sem necessariamente estar casado, namorando ou morando junto na terceira idade.

“Nas mulheres, percebemos uma eterna briga com o espelho, já que, raramente, se alcança o que é propagado como bonito e sexy na mídia, especialmente nas redes sociais. Nos homens, percebemos uma grande cobrança por uma resposta sexual 100% perfeita em todas as relações, fruto do que se aprende principalmente na pornografia e que não reflete a realidade entre quatro paredes”, descreve.

Mayara Magalhães é jornalista, psicóloga e sexóloga clínica
Mayara Magalhães é jornalista, psicóloga e sexóloga clínica | Foto: Arquivo Pessoal enviado a A TARDE

A sexóloga pontua ainda que refletir e questionar esses padrões podem ser a chave para se aceitar, entender suas particularidades e fazer as pazes com o corpo e com o prazer. “Gozar de uma sexualidade saudável vai muito além de estar ou não em um relacionamento. É se curtir, se amar, se conhecer e aproveitar tudo que o seu corpo tem a oferecer”.

"Cheguei aos 50, bateu a crise". Essa é uma das frases mais comuns de se ouvir na sociedade. Hoje, quem tem 50 anos ou mais cresceu em ambientes em que pouco se falava sobre sexualidade. As mulheres, em especial, nem sempre tiveram oportunidade de explorar o próprio corpo e descobrir o prazer. Por isso, a sexóloga indica o que fazer com relação a usar o "tempo" a seu favor.

“Felizmente, os tempos são outros e ainda dá pra correr atrás do prejuízo, aumentando o repertório sexual. Não estou falando da busca desenfreada por novas parcerias (se essa não for sua vontade), mas de explorar suas fantasias (e isso pode ser apenas no campo da imaginação) e se permitir. Para quem já viveu muita coisa, talvez seja a hora de usar toda a experiência a seu favor, deixar os julgamentos de lado (inclusive os próprios) e gozar da sexualidade de forma livre e saudável”.

Portanto, é possível abrir a mente para entender que não existem “regras” para o amor, muito menos para o sexo. Embora existam muitos artifícios que contribuam para o relacionamento depois da meia idade, essa data é importante também para que as pessoas reflitam que o amor existe e que só depende de cada um buscar.

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Tags:

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