SALVADOR
Número de cães no lar equivale ao de crianças

Por Priscila Machado

A população de cães em lares baianos vem alcançando a de crianças com até 12 anos. Ao todo, são 2,8 milhões de cachorros vivendo em ambientes domésticos, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde 2013, contra três milhões de crianças da faixa etária, conforme a última Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A população de gatos é um pouco maior que um milhão no estado. Ainda segundo o levantamento, a cada 100 moradias, 35 possuem caninos e 21, felinos. No Brasil, o número de cachorros em lares supera o de crianças com idade até 14 anos - 52,2 milhões de cães contra 44,9 milhões de crianças.
Coordenadora de serviço social da Universidade Salvador (Unifacs), Suzana Coelho diz que o resultado pode ser reflexo de uma mudança na configuração familiar, além das mudanças sociais e econômicas.
Ela diz perceber, em determinadas classes, que as mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho e por isso adiam o planejamento para se tornar mãe. "Claro que, nas classes mais baixas, isso é menos frequente", opina.
Além disso, ela lembra do aumento do número de idosos e do crescimento de casais homoafetivos. "A cada dia, há mais casais de homossexuais, que, geralmente, adotam uma criança, fazem inseminação artificial ou optam por um animal", complementa a assistente social.
Parte da família
Ivonilda Figueiredo, 48, e Arlene Dultra, 51, dividem a "maternidade" de Princesa há cinco anos. Mesmo separadas, cada uma fica com a cadela em um período do dia. Para elas, Princesa é um ente da família e preenche o vazio que elas poderiam sentir por viver sozinhas.
"Eu não sinto falta de filhos. Eles dão trabalho, demandam muitas despesas e nem sempre dão atenção aos pais quando crescem. Princesa me traz alegria, tem todo o trejeito de uma criança, mas não demanda tanto trabalho", justifica Ivonilda.
Para a psicóloga e psicanalista Cynthia Boscovith, ter filho é fazer uma escolha e toda escolha implica perda. "As mulheres competem igualmente com os homens no mercado de trabalho. Além de temer perder este lugar que conquistou, há o fator de que os pais estão cada vez mais exigentes quanto ao padrão de vida que darão aos filhos", explica a especialista.
Para ela, a abdicação de filhos não necessariamente significa um problema. "Se a maternidade ou paternidade não é um objetivo, não há problemas em não ter filhos. Mas se a ausência de filhos é decorrente de um trauma, é preciso trabalhar isso para superar", diz.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes



