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SALVADOR

O bê-á-bá das prostitutas

Por Marta Erhardt

29/07/2006 - 9:46 h

Seduzir com o olhar, encantar com a voz, conquistar com o tato e envolver com o perfume. Seriam dicas para o início de uma paquera? Na verdade, essas são algumas das artimanhas que as profissionais do sexo devem desenvolver em seu trabalho, de acordo com regras que constam no site do Ministério do Trabalho.



No endereço virtual do órgão, na seção Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o internauta encontra uma vasta lista de atividades profissionais. Uma delas, entretanto, chama a atenção. No item 5.198, há a descrição da atuação das profissionais do sexo, desde a abordagem ao cliente até a satisfação dele



A cartilha é dividida em sete tópicos e explica o passo a passo da atividade: batalhar programa, minimizar as vulnerabilidades, atender clientes, acompanhar clientes, administrar orçamentos, promover a organização da categoria e realizar ações educativas no campo da sexualidade.



As garotas que fazem programas entrevistadas pela reportagem do A Tarde On Line concordam com o bê-á-bá do documento. Algumas seguem à risca as determinações da cartilha. “Ah, tem que ser dessa forma mesmo. O mercado é competitivo, devemos fazer de tudo para agradá-los, sim”, conta Pérola, de 24 anos, que demonstra conhecer bastante a profissão, embora declare que trabalhe como garota de programa há apenas um mês.



Para ela, vale tudo. “Se o cliente pedir, levo cinta-liga e outros acessórios que estimulam a imaginação e favorecem a relação”, diz. Não é fã de aderir a fantasias, mas, em nome da satisfação do cliente, incorpora o estilo mulher fatal e usa até as famosas roupas de coelhinha “É brega, mas uso. Prefiro espartilhos, mas se o cliente quiser qualquer outra coisa, topo”, conta, acrescentando que também faz streaptease.



“Seduzir com apelidos carinhosos” é outro passo da cartilha que a morena segue. “Mudo o jeito de falar porque no dia-a-dia a vida é muito estressante. Eles estão em busca de prazer, e pegar uma mulher estressante é demais”, explica. Por isso, quando encontra com o cliente, Pérola trata logo de mudar a voz. Adota um tom mais baixo e dengoso. “Faço uma voz mais sensual e falo bem lentamente para impressioná-lo. Também abuso do sotaque, porque sou de Maceió”, revela.



A garota explica, no entanto, que é preciso ter cuidado na escolha do apelido. Nem todos clientes aceitam ser chamados por nomes mais picantes. “Por esse motivo, estudo antes. Se for um pouco mais agressivo, sei que quer ser chamado de nomes mais baixos”, conta, sorrindo. Pérola também abusa dos olhares. “Encanto o homem com meu olhar sedutor e um leve sorriso”, revela.



A produção, outro idem da cartilha, também não fica de lado. Ela adota um estilo especial quando marca encontros com os clientes. “Uso calcinhas mais ousadas e saio de casa com roupas mais discretas. Uso a melhor maquilagem e o melhor perfume. Tudo para mostrar que valho o quanto ele paga”, diz. O truque serve para conquistar o cliente e sair com ele mais vezes.



Há nove meses atuando como garota de programa, Fernandinha, também destaca a importância do visual. “O homem que escolhe uma garota de programa em um site, deseja uma mulher bonita. Ele quer ver se ela está bem vestida, com roupas de marca, de unhas feitas, cabelo escovado, maquilagem leve no rosto”, frisa.



A morena de 22 anos diz que não se incomoda de fazer o papel de psicóloga. “Se ele quiser conversar ao invés de fazer sexo eu vou achar ótimo. Adoro um divã”, ri. Ela conta que se na hora do programa, o cliente resolver falar sobre problemas, faz voz melosa e o trata como uma criança. “Também dou alguns conselhos.A gente tem pouca idade, mas muita experiência”, garante.



Nanda, como costuma ser chamada pelos clientes, também é adepta dos apelidos carinhosos, como paixão, meu lindinho e meu gatinho. “Uso mesmo que ele seja feio. Se disser que eu estou mentindo, respondo que a beleza está nos olhos de quem vê”, diverte-se.



Na contramão das colegas de profissão, Laura, de 28 anos, que só faz programas com casais, não utiliza apelidos carinhosos para seduzir os clientes, não dança para o cliente e nem usa maquiagem. “Dizem que sou muito objetiva. Não chamo de amor, não faço streaptease. Quanto à maquiagem, tenho minha beleza natural, não preciso disso”, diz, taxativa.



Apesar de não seguir à risca os passos indicados pelo Ministério do Trabalho, a morena de 1,75 concorda que a profissão conste na lista da CBO. “É bom para acabar com o preconceito e mostrar que nossa profissão é como qualquer outra”, afirma.



Regulamentação- No Brasil a prostituição não é considerada crime, de acordo com o capítulo 5 do Código Penal (artigos 227 a 231). Entretanto, é ilegal incitar a exploração de mulheres que fazem programas, principalmente se forem menores de idade.



A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) existe desde 1980, por recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), de acordo com informações do Ministério do Trabalho. A CBO reúne os cadastros de mais de 2,4 mil ocupações que não são regulamentadas no país. De acordo com o ministério, o cadastro serve como referência para estatísticas administrativas. O Ministério não fiscaliza a prostituição.



Em 2003, Bélgica e Nova Zelândia legalizaram a atividade em bordéis assim como ocorreu na Holanda e na Alemanha três anos antes. É importante ressaltar que para atuar na profissão é preciso ter mais de 18 anos.



Nos Estados Unidos, a prostituição é legal apenas no estado de Nevada, enquanto que na Austrália é permitida em Sydney. Nestes países, as prostitutas passaram a ter os mesmos direitos de qualquer trabalhador: carteira assinada, plano de saúde e aposentadoria. Em contrapartida, têm taxa descontada na previdência e também pagam imposto de renda.





Conheça as regras



Batalhar programa

Minimizar vulnerabilidades

Acompanhar clientes

Administrar orçamentos

Promover a organização da categoria

Realizar ações educativas



Elas têm de...



Demonstrar capacidade de persuasão

Demonstrar capacidade de expressão gestual

Demonstrar capacidade de realizar fantasias eróticas

Agir com honestidade

Demonstrar paciência

Planejar o futuro

Prestar solidariedade aos companheiros

Ouvir atentamente (saber ouvir)

Demonstrar capacidade lúdica

Respeitar o silêncio do cliente

Demonstrar capacidade de comunicação em língua estrangeira

Demonstrar ética profissional

Manter sigilo profissional

Despeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho



Proporcionar prazer

Cuidar da higiene pessoal

Conquistar o cliente

Demonstrar sensualidade



...E precisam de



Guarda-roupa de batalha

Preservativo masculino e feminino

Cartões de visita

Documentos de identificação

Gel lubrificante à base de água

Papel higiênico

Lenços umidecidos

Acessórios

Maquilagem

Álcool

Celular

Agenda



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