SALVADOR
Odoyá, rainha do mar!
Por Cleidiana Ramos
A princesa do mar, filha de Olokun, no Brasil ganhou trono e título de rainha. Majestosa, imponente, mas generosa como devem ser as mães, ela é a maior delas no pan teão africano.
Diferente da ima gem esbelta, de cabelos negros esvoaçantes e pele clara que os brasileiros se acostumaram a ver numa famosa criação assinada por Lauro Martinelli, o povo de santo tem buscado a recuperação da representação da senhora de formas fartas, arrendondas, que lembram
a maturidade feminina, sem perder a graça juvenil.
É a imagem mais próxima da mãe dos seios chorosos que ao se partirem em uma queda libera pa
ra a vida tantos outros orixás. Na descrição de um dos muitos e belos mitos iorubanos, o perseguidor de Iemanjá, desejoso de violentá-la, é Orogan, o deus- montanha.
Dos seios partidos na queda saem outros deuses, na perfeita tradução de que a água tem poder de
contornar ou vencer obstáculos.
A ampla maternidade de Iemanjá abrange desde o arco -íris Oxumarê, que, numa tradução fei
ta por Pierre Verger em eu livro Orixás, é descrito como aquele que se desloca com a chuva e guarda o fogo nos seus punhos. Ela é também a mãe do orixá do fogo e soberano
de Oió: Xangô.
Chegada ao Brasil, Iemanjá que era o rio no caminho de retorno para a casa de seu pai-mar Olokun ( ou mãe, dependendo da tradição africana em questão), aqui não precisou mais fazer esta viagem. Ganhou o reino das águas salgadas como morada e a lua e estrelas como teto do seu palácio.
É a mais perfeita comunicação entre dois infinitos- mar e céu- afinal aparece também nas tradições como esposa de Oxalá, senhor da criação, que com a sua chuva abençoa e fertiliza a terra. Mas onde não se tem mar, Iemanjá divide as águas doces com Oxum, numa perfeita convivência e harmonia, tão características do seu carisma de generosidade.
Ouça também programação especial sobre Iemanjá na rádio A Tarde FM; sintonize 103,9, das 8h às 17h
Leia mais na edição desta sexta-feira no Jornal A TARDE
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