SALVADOR
Onda de assaltos na Região Metropolitana e litoral norte

Por Helga Cirino, do A TARDE
Somente nos dois últimos meses, desde a sua inauguração, a 34ª CP (Portão) já registrou 154 roubos, furtos e arrombamentos nas regiões de Villas do Atlântico, Buraquinho e Portão, na Região Metropolitana de Salvador. A situação é semelhante ao longo da Linha Verde e em Abrantes. Entre os meses de janeiro e os dez primeiros dias de agosto, 92 casas foram arrombadas por ladrões. No mesmo período, 57 residências foram invadidas por bandidos armados que fizeram famílias inteiras de reféns.
As áreas urbanas de Camaçari, Candeias e Simões Filho também estão vulneráveis. Das 12 pessoas entrevistadas pela equipe de reportagem nos três municípios, nove afirmaram já ter sido vítimas de assaltos por grupos de homens armados. Os agentes que investigam esses crimes são poucos. São 5 em Itaparica (de um total de 28), 4 em Candeias (total de 32), 6 em Simões Filho (total não informado), 6 em Lauro de Freitas (total de 38), 3 em Abrantes (total de 33), 10 em Camaçari (total não informado) e apenas um agente investigador em Portão (total de 17).
O alvo preferido dos bandidos são as residências de moradores da Ilha de Itaparica, Linha Verde, Lauro de Freitas, Camaçari, Simões Filho e também daqueles que optam pela moradia aparentemente sossegada de Villas do Atlântico, Buraquinho e Abrantes. Os delegados da 34ª CP (Portão), 23ª CP (Lauro de Freitas), 19ª CP (Itaparica) e 26ª CP (Vila de Abrantes) dizem ter adotado medidas de segurança para reprimir o problema.
Morte – O último episódio resultou na morte de um assaltante. Aconteceu na manhã do último dia 16 de julho, quando homens armados de revólveres calibre 38 tentaram invadir uma casa na localidade de Jauá. O caso foi registrado na 26ª CP (Abrantes). De acordo com vizinhos, assim que os ladrões anunciaram o assalto o caseiro correu e tentou se refugiar em um dos cômodos da casa, mas teria sido perseguido e achado pelo adolescente de 17 anos. Armado e acuado, o caseiro disparou contra a cabeça do adolescente, que chegou a ser socorrido para o Hospital Geral Menandro de Farias por uma viatura da Polícia Militar (PM), mas não resistiu aos ferimentos. Levado para a delegacia, o autor do disparo foi ouvido e liberado pela delegada Jamila Santos, da 26ª Delegacia (Vila de Abrantes).
Jamila Santos explica que a localidade de Jauá já foi a região com índices mais altos de arrombamentos e assaltos a residências. “Mas conseguimos desarticular a principal quadrilha que agia nesta região e os números vêm diminuindo ao longo dos meses. Nosso trabalho é com investigação”, destaca. De acordo com a titular da 26ª CP, a região com maior índices de ocorrências passou a ser o distrito de Arembepe, em Camaçari.
Marisângela Santos dos Reis, 28 anos, que trabalha como empregada doméstica em Jauá, afirma já ter sido assaltada por homens armados no Loteamento Aquarius pelo menos três vezes somente este ano. “Uma delas foi na praia. Não deixo mais meu filho ficar na rua. Muita gente está vendendo as casas por temer os roubos e assaltos”, conta.
De acordo com um dos seguranças do Condomínio Beira-Mar, que preferiu não se identificar, três homens armados tentaram arrombar um dos villages na sexta-feira última. “O segurança de plantão se salvou porque se escondeu no banheiro. Os bandidos foram embora em seguida”, afirma.
Mas não são só os veranistas e moradores de distritos distantes que sofrem com os ataques de assaltantes e arrombadores. “Bem perto de Salvador acontecem mais ações dos bandidos na região de Villas do Atlântico”, afirma a delegada Luciana dos Anjos, titular da 34ª CP (Portão). Ela conta que vem intensificando ações de policiamento. “Já mapeamos as áreas com maiores índices, como Villas do Atlântico, maior alvo por conta do poder aquisitivo dos moradores”, garante a delegada.
Moradora de Villas, a administradora Paula Soares, 26 anos, reclama que frequentemente seus vizinhos são vítimas da ações de bandidos. “Em julho, que eu tive conhecimento, houve pelo menos dois roubos de automóveis e três assaltos a transeuntes aqui. Todas as vítimas são amigos e vizinhos meus”, diz.
A imprecisão dos números tem razão de ser. Todos os dados publicados nesta reportagem foram conseguidos com cada uma das delegacias. Procurado insistentemente desde a quarta-feira da semana passada, o coordenador do Centro de Documentação e Estatística Policial (Cedep), delegado Antônio Matos, disse não ter tempo hábil para divulgar os dados. “Estamos com uma demanda de trabalho muito grande aqui”, afirmou.
Portaria – A demora do coordenador do Cedep não seria problema se a Secretaria de Segurança Pública (SSP) já tivesse cumprido a Portaria 362, de junho de 2009, publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia, que dispõe sobre a “publicação de dados estatísticos relativos às atividades criminal e de polícia na rede mundial de computadores – internet”. Com o documento, o secretário da Segurança Pública César Nunes determinou a publicação das estatísticas das principais ocorrências. Os dados a serem publicados deveriam ser coletados e tratados pelo Cedep, que deveria remetê-los para a Superintendência de Gestão Integrada da Ação Policial – Siap, até o 5º dia útil de cada mês. A portaria ainda estabelece que, desde o último dia 5 de julho, deveriam ser publicados dados sobre homicídios dolosos, tentativa de homicídios, estupro, roubo seguido de morte e roubo a ônibus urbano, entre outros.
Colaborou Maiza de Andrade*
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