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SALVADOR

Onde moro: história e descaso na Calçada

Por Fernanda Santa Rosa, do A TARDE

23/05/2008 - 21:56 h

Bairro antigo de Salvador, localizado na Cidade Baixa e ponto de ligação entre Água de Meninos e a Península de Itapagipe, a Calçada mantém as características de bairro mercantil dos seus primeiros tempos. Com a área residencial limitada, “vive e respira” comércio.

Antes, palco de um renomado mercado atacadista que se formou no entorno da Estação Ferroviária Leste Brasileiro, instalada em 1862, atualmente abriga uma variedade de lojas, armazéns, farmácias e hotéis antigos, que sobrevivem apesar da degradação do sistema ferroviário.

Os trens continuam sendo referência, contribuindo para o intenso fluxo de pessoas. Assim como o Plano Inclinado, que liga a Calçada à Liberdade, tornando a região estratégica. Mas a limitação das linhas férreas, que antes faziam viagens intermunicipais e agora só chegam ao bairro de Paripe, subúrbio ferroviário, já produz reflexos sobre o ritmo intenso da localidade.

“A Calçada está em decadência. Como não há mais as linhas de trem de antes, o movimento caiu. Para piorar, a cidade está mais violenta. Muitos comerciantes foram embora”, avalia o segurança da estação ferroviária, Magno Rebouças, 47, um dos mais antigos funcionários na ativa, com 24 anos de serviço.

Segundo ele, a média diária de 40 mil passageiros caiu para 15 mil nas últimas duas décadas. Quando começou a trabalhar no local, Rebouças conta que os trabalhadores aproveitavam o fim do expediente para ocupar bares e restaurantes, algo que, segundo ele, não existe mais. “Tinham pontos conhecidos, como o Café Expresso, o restaurante do Hotel Brasil e a Choplândia, mas todos fecharam”, lamenta.

Estação – A construção da estação foi fundamental para a formação do bairro. “Você casa o fluxo de passageiros e capacidade de carga da ferrovia com o acesso à Liberdade e cria as condições ideais para o mercado”, explica o historiador Cid Teixeira. O nome Calçada, ele diz, vem dos blocos de pedra colocados sobre o grande alagadiço que era a região no final do século XVIII.

Foi o governante da época, dom Marcos de Noronha e Brito, que providenciou a construção do largo, fazendo o calçamento da área. “Quem ia para o Bonfim naquela época tinha que viajar de barco. Dom Marcos resolveu fazer um caminho por terra. O local ficou inicialmente conhecido como Calçada do Bonfim”, diz Cid Teixeira. Segundo o pesquisador, esta história guarda ainda a origem da tradição baiana de pagar promessas em trajeto a pé até a Igreja do Bonfim.

Atrativos – O pulsante comércio do passado teve ainda a influência de espanhóis, que chegaram ao País na década de 20 e se destacaram como negociantes. Famílias como Vasquez, Fernandez e Bouzas, donos de hotéis na localidade, são nomes conhecidos na região.

Dono da Padaria Brasília, Manoel Otero Fernandez, 53 anos, desembarcou na cidade há 28 anos para tentar a mesma sorte dos seus compatriotas. “A Calçada era um lugar bom para ganhar dinheiro. Muitas famílias vieram arriscar”, afirma o comerciante. “Este já foi um dos lugares de maior arrecadação de ICMS na capital”, completa ele, destacando a saída dos grandes empreendedores, como a fábrica de refrigerantes Fratelli Vita, as Lojas Alfred, na avenida Fernandes da Cunha, e a revendedora de veículos Mesbla.

Para ele, a desatenção dos governantes tem sido decisiva para o estado de degradação em que a Calçada se apresenta atualmente. “Aqui se vê muito lixo, passeios quebrados, e, quando chove, alaga tudo”, reclama Fernandez, que já considera a opção de voltar à sua terra natal. “O descaso é absurdo para um lugar que tem tanta história”, resume.

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