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SALVADOR

Pai por vocação, Paulo deu o exemplo

Por Içara Bahia l A TARDE

05/08/2010 - 17:19 h | Atualizada em 22/01/2021 - 0:00

>>Por que seu pai merece ser chamado de herói?

Se tem uma lembrança que Liliane Belitardo Rocha Lopes, 31 anos, não apaga da memória são os momentos vividos na infância, ao lado do pai.  “Ele me colocava na rede, cantava e me ninava. A gente já tinha crescido e ele ainda colocava a gente na rede e fazia a mesma coisa”, recorda ela, ao contar que Paulo José Rocha Lima, 58 anos, nunca economizou na hora de ofertar carinho e aconchego às três filhas.

Pai de Liliane, Ana Paula Belitardo Rocha Lima, 28, e Fernanda Belitardo Ferrari, 24, ele sabe que não é preciso superpoderes para se tornar um verdadeiro super-herói.  “Herói é aquele que luta pela vida e alcança um objetivo. Pobreza não tira a dignidade de ninguém. Herói é quem vive com dignidade”, diz.

Liliane admira a trajetória de Paulo e se orgulha de cada etapa vivida ao lado dele. “O que me faz acreditar que ele é um herói é a história de vida dele, a persistência. Ele casou muito novo. Faltou muita coisa para a gente”, afirma, sem cerimônias.

É ela quem conta sobre o início da união entre Paulo e a mãe, Rosa Belitardo, ainda na juventude. “A história de vida da gente não foi fácil. Quando eu era muito pequenininha, eles chegaram a morar numa garagem. Tinha muita goteira, não tinha higiene”, relata. Todo o esforço foi feito para não ficar longe dela, que era a primeira filha do jovem casal.

Juventude - Estudante de direito em Salvador, Paulo decidiu transferir o curso para Aracaju. “A grade curricular era menor.  Fui para lá para adiantar meu lado”, diz ele. Ao chegar à capital de Sergipe, instalou-se em um pensionato, onde morou por cerca de sete meses. O local não tinha estrutura para acolher ele, pai aos 26 anos, a esposa, mãe aos 22, e a filha pequenina. Pai presente, sempre voltava à terra natal para matar as saudades da família.

“Numa certa feita, a proprietária do pensionato ofereceu a garagem do marido, que estava alugando o espaço. Fui morar lá e chamei a esposa para ir comigo”. Colocaram uma cama de casal, improvisaram um fogão de duas bocas. Do jeito deles, acomodaram-se e conseguiram enfrentar os desafios sem perder a alegria e o bom humor. “Não posso dizer que tive muitas dificuldades na vida em relação  a termos econômicos, mas passei por determinadas situações. Me casei ganhando salário mínimo”, conta ele, que hoje é auditor fiscal da Delegacia Regional do Trabalho.

Sem poupar elogios ao pai, Liliane, que é mãe dos pequenos Francisco e João,  compartilha a consequência da experiência.  “Aquilo não me marcou de forma ruim, mas de forma boa. Eu me orgulho disso. É uma verdadeira história de superação”.

Rigor - Criar três filhas não é uma tarefa tão simples.  “Ele não mede esforços para ajudar a gente. Sempre luta pelo nosso sucesso”, conta Fernanda, a filha caçula,  que já é mãe da pequena Catarina. “A educação foi rígida. Não adianta só dialogar. Tem que dialogar e ser rígido também”, explica Ana Paula.

O pai Paulo faz tudo pelas três filhas e, se precisar, usa a energia e a força do herói Hulk – personagem criado por Jack Kirby e Stan Lee em 1962 – para defendê-las.

“Pai não tem que dar tudo ao filho de mão beijada. Ele sempre disse que a gente tinha que correr atrás do nosso objetivo”, completa Ana Paula, que ainda não tem filhos, mas garante que irá educá-los com os mesmos ensinamentos que recebeu do pai.

Liliane ressalta que o pai teve uma educação muito severa, mas o jeito com o qual cuida das filhas até hoje sempre chamou a atenção. “Ele mantém essa doçura e bom humor. Além  de tudo, é muito esperto e chantagista emocional”, diz, aos risos.

Para não deixar as filhas saírem ou viajarem com os amigos na adolescência, Paulo sempre dizia que não teria forças suficientes para suportar a ausência delas. “Ele dizia que a gente ia matar ele do coração, que ele ia morrer de angústia. A gente ficava com peso na consciência e não saía de jeito nenhum”, conta Liliane. Ana Paula concorda com a irmã:  “Ele é um pai ciumento. Dizia que ia ter um treco”, complementa.

Exemplo - Paulo retribui às filhas o que aprendeu com o próprio pai. “Ele teve origem pobre, lutou muito na vida. Era ex-delegado de polícia, foi um exemplo de dignidade. Era homem de pouco falar e muito fazer”, recorda.

E faz questão de seguir o exemplo. “Procuro ser digno em tudo o que eu faço. Com ele, aprendi que educação não é uma ciência exata. Para educar, é preciso ter coerência no que você faz, no que você diz.  O exemplo prevalece mais do que as palavras. Ele me ensinou muito isso”.

Se ser herói é mesmo lutar para alcançar algum objetivo, como registrou Paulo, esse título, ele já alcançou. “Minha família é a minha maior riqueza. É o meu maior objetivo de vida, e eu já o alcancei”.

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