SALVADOR
ParaPraia garante banho de mar inclusivo em Ondina

Por Yuri Silva

Desde a infância, quando o soteropolitano Francisco Daltro, 63, começou a sentir as limitações físicas provocadas pelo vírus linfotrópico da célula humana (HTLV), a ida dele à praia passou a ser evento raro. Há três anos, após exatamente uma década sem sequer colocar o pé em uma água salgada, Daltro, que anda com muletas, se reconciliou com o mar.
O reencontro foi proporcionado pelo projeto ParaPraia, lançado em 2014 pela Secretaria Municipal da Cidade Sustentável (Secis), com apoio da Braskem e Salvador Shopping, a fim de proporcionar, com cadeiras de rodas anfíbias, banho de mar para pessoas com deficiência.
Um dos organizadores do projeto, o produtor Renato Linhares conta que, desde o ano passado, aproximadamente 50 atendimentos têm sido feitos por dia.
Neste sábado, 13, 29 pessoas se banharam, mas a ideia, afirma ele, é manter a marca este ano, quando o ParaPraia acontecerá durante seis finais de semana seguidos, sempre aos sábados e domingos, das 8h às 12h, sendo cinco deles em Salvador e um em Itacimirim.
Direito
"Nós vamos tentando devolver a essas pessoas com deficiência o direito ao lazer que lhes é negado. E elas foram, informalmente, calendarizando a iniciativa dentro da comunidade", disse.
Para a aposentada Italmar Vianna de Ampuero, 80, a data do banho de mar já fica marcada na agenda. Participando da iniciativa pelo terceiro ano consecutivo, ela, que é cadeirante, não perde uma oportunidade de curtir a praia.
"Acho uma maravilha só ter contato com outras pessoas. Isso já é muito bom, já anima a gente, mas gosto muito de mar também", completa, enquanto toma uma ducha de água doce após curtir as águas de Ondina com a ajuda dos voluntários.
Ao todo, contabiliza a fisioterapeuta Luciana Bilitario, coordenadora do grupo, 200 pessoas (40 por dia) participam por desejo próprio do auxílio às pessoas com deficiência no projeto. Ela defende a importância da ação para a autoestima dos beneficiados.
"Tem gente que sonha a noite toda com o mar no dia anterior e quem vem de outras cidades. Um pai vem com os três filhos, todos deficientes... Então são várias histórias que a gente pode contar", diz Luciana.
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