SALVADOR
Periferia revela influenciadores digitais
Por Amanda Souza
O sonho de infância era ser advogado, mas a vida reservou outro destino para o menino de Acupe, um distrito da cidade de Santo Amaro, que chegou a Salvador ainda criança, junto com a família, em busca de oportunidades. Não foi nos tribunais que Alesson Lima despontou. O jovem de 22 anos, morador de São Caetano, virou um sucesso na internet, como digital influencer, e hoje é um dos grandes nomes desse mercado na Bahia.
“Minha vida na internet cresceu rápido, mas não foi do dia pra noite. Só depois de um ano e meio eu comecei a ganhar dinheiro, a ser chamado para as coisas. Foi assim que eu vi que estava dando certo e eu continuei”, disse. O rapaz não precisou de muita coisa pra conquistar o público: o dia a dia simples, com humor, e as particularidades de uma vida em família, como da maioria dos brasileiros, foi o suficiente pra agradar a galera.
Ele compartilha a vida na casa onde mora com os pais e o irmão, mas num prédio que reúne tios, primos e a avó. O resultado disso na internet é muito barulho, risadas e mais de um milhão de pessoas interessadas em ver o que acontece ali.
“Isso alegra a família. Eu tinha medo de não dar orgulho à minha família. Meu irmão estava no Exército, meu primo estava no Exército, e eles esperavam que eu fosse também, mas eu não queria”, conta.
Foi o trabalho nas redes sociais que mudou a vida de Alesson e da família dele. “As coisas já apertaram muito aqui em casa. Eu não tinha dinheiro pra cortar o cabelo. Então quando começou a ganhar formato, ficamos muito felizes”, destaca.
Alesson vive do trabalho como influenciador e consegue trazer um conforto para dentro de casa. “Minha primeira conquista foi reformar meu quarto, depois a sala, e comprar o meu celular. Hoje o meu trabalho me dá a tranquilidade de poder fazer as coisas que eu quero e poder ajudar a minha família”, aponta.
O menino sonhador do Acupe conseguiu fazer a diferença e mudar a vida da família, que pra ele é o mais importante. A meta hoje é crescer ainda mais no cenário em que já é referência para jovens que, como ele, não nasceram em berço de ouro. Quando começou a dar certo, eu comecei a estabelecer metas sobre como vou estar daqui há alguns anos. É certo que eu vou estar? Não! Mas o que eu posso fazer é correr atrás, lutar todos os dias pra alcançar meus objetivos e meus sonhos” disse.
Mudanças
Desde que chegou em Salvador, Alesson não viveu em outro lugar. “Eu tenho muito orgulho de vir de onde vim e ter mudado a minha condição de vida. Eu não vejo coisas lindas aqui todo dia, e mesmo assim eu me tornei quem sou hoje”. A meta agora é poder, no futuro, trazer investimento para o lugar onde cresceu.
“Eu tenho amor e carinho pelo meu bairro. Gostaria de ver projetos sociais e mudanças pro povo daqui, tem muita gente que precisa de ajuda. Eu quero futuramente voltar aqui com um Centro de Artes para o jovens de São Caetano”, conta.
Confiança
E teve alguém que não duvidou que aquele estrela brilharia, foi Roselene Correia, a tia Rose, mãe de Alesson. Ela conta que, desde criança, o filho sabia o que queria. “Eu agradeço muito a Deus por tudo que aconteceu na vida de Alesson. É um menino sonhador desde pequeno. Ele dizia ‘mãe, eu vou tirar a senhora dessa vida e vou te ajudar’, conta Rose. A mãe orgulhosa também sempre foi a grande incentivadora do filho, mas sem deixar que ele se deslumbrasse com a fama e o dinheiro. “Eu sempre disse pra que ele mantivesse os pés no chão. Porque podia dar certo, mas também podia não dar. E eu não queria que ele se machucasse. Então sempre disse pra que ele tivesse humildade e os pés no chão nessa vida”, lembra.
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