INOVAÇÃO
Planetário da Ufba será inaugurado dia 2; conheça equipamento inédito
Espaço localizado no Campus da Ondina, em Salvador, promoverá atividades lúdicas e científicas
Por Felipe Sena
Se as estrelas parecem distantes quando olhadas do chão que pisamos, o primeiro Planetário de Salvador, traz a proposta de nos transportar ao céu em uma imersão através do conhecimento dos astros. O Portal A TARDE conheceu em primeira mão o projeto astronômico que será oficialmente aberto ao público no dia 2 de abril, no Campus Ondina da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Uma cúpula, que chama atenção de quem passa pela Avenida Milton Santos, no bairro da Ondina, em Salvador, reserva a tecnologia empregada na experiência. Uma tela plana, em 3D, mostra os cantos e encantos da capital baiana, além do céu em tempo real, com suas variações de temperatura e tonalidade, através de captação de imagens com uso de internet de fibra ótica.
Após uma breve explicação, os visitantes são imersos numa profusão de astros e galáxias, como a constelação de estrelas, a lua e o sol, além de Vênus, planeta que exerce um papel fundamental na compreensão da astrologia e características dos signos. As gravações mostram o alinhamento do planeta com cada signo do zodíaco. As cadeiras reclinadas dão a sensação de que cada pessoa estivesse quase tocando no que vê.
Os momentos de interatividade podem ser bastante lúdicos, principalmente para as crianças, como a alusão do alinhamento de astros com o formato de um berimbau, instrumento de percussão usado na prática da capoeira. Não à toa, o local tem como um dos objetivos entreter a família aos finais de semana.
O diretor do instituto de física da UFBA, Ricardo Carneiro, diz que o papel primordial é a “divulgação científica e astronomia”. “Nós podemos mostrar a conservação das baleias jubartes aqui na Bahia, como também os alunos de biologia e medicina [da UFBA] terão todo o interesse”, explica.
Além disso, como afirma o professor, o Planetário pode ser usado para outras infinidades de funções. “Pode ser feita uma filmagem externa em tempo real, passando, por exemplo, em um hospital, com o cirurgião realizando uma cirurgia, e sendo filmado”, diz.
Estrutura tecnológica
Para a construção do Planetário, foram usadas tecnologias avançadas, como ressalta o professor e Diretor Presidente da Fundação Cultural Municipal Egberto Tavares Costa, Museu Parque do Saber, César Orrico. “Temos uma experiência imersiva 4K, muito maior do que imagem em HD, ela faz esse metabolismo em nosso cérebro, então você se sente imersivo. Temos um som de 7.2. Então, esse efeito para a comunidade é fantástico”, afirma.
Orrico também explica que, com o uso da fibra ótica, é mais fácil baixar vídeos de outros países. “Nos possibilita baixar vídeos da NASA, da ESO, e ter transmissões simultâneas sobre outros planetários no resto do mundo, e esses vídeos são de boa qualidade”, diz.
Orrico afirma ainda que as imagens podem ser captadas sem delay, porque garantem upload e download. “Se tiver um fato importante agora, a gente capta. Essa interatividade em tempo real nos deixa atualizados”. No entanto, mesmo com as tecnologias, o professor afirma que foram comprados softwares, além de vídeos dos Estados Unidos e da França.
O Planetário ainda contará com três telescópios para observação direta do céu, em espaço aberto, com capacidade de visualizar crateras de lua e os anéis de Saturno.
Conhecimento compartilhado
Com a notícia sobre a inauguração do Planetário, não faltam modos de explorar de diversas formas o equipamento cultural e científico. Segundo Ricardo Carneiro, por exemplo, a equipe já recebeu uma solicitação do curso de Astronomia por professores de escolas indígenas da Bahia. “Eles querem dialogar conosco sobre a visão deles sobre os astros, então, é uma interação de saberes, porque nós vamos ensinar Astronomia a um povo milenar, que também tem seus saberes”, diz entusiasmado.
A estrutura do Planetário foi doada à UFBA pelo ex-aluno de direito, Francisco Lacerda Brito, um astrônomo amador e apaixonado. O advogado é fundador do Instituto de Astronomia Brito Castelo Branco (IABCB). “Tinha o objetivo de construir um Planetário para a universidade como forma de retribuir”.
Para a realização do projeto, foi fechada uma parceria entre a universidade e o IABCB, com a ajuda de diversas pessoas, como o professor Orrico, construtor científico do Planetário, Carlos Miranda, que trabalhou no desenvolvimento do projeto e o professor do Instituto de Física da UFBA e segundo coordenador do projeto do Planetário, Tiago Paes, além da Associação de Astrônomo Amadores da Bahia (AAAB).
O Planetário também vai ofertar o curso de Introdução à Astronomia, que de acordo com o professor Thiago, é uma disciplina optativa que estudantes da UFBA de qualquer curso podem se matricular. As aulas vão ocorrer no espaço, mas somente para estudantes da instituição de ensino.
Funcionamento
Quem visitar o Planetário pela primeira vez, a partir do dia 2 de abril, vai poder conferir uma apresentação básica, voltada aos estudantes, crianças e público em geral. “Evento de eclipse, de interesse científico será exibido aqui. Aos finais de semana, teremos apresentações extras, mostrando diversos temas”, diz Francisco Lacerda.
O espaço é voltado para estudantes de escolas públicas de Salvador e Região Metropolitana, com entrada gratuita, como também estudantes de escolas particulares, que poderão pagar um valor de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Em breve, o agendamento da visita será feito pela plataforma Sympla ou por meio do site do planetário, mas há possibilidade da entrada ser isenta em alguns casos.
“Estamos estudando não cobrar valores para quem vai observar o céu diretamente, estamos pensando em quem visitar o Planetário ter um código [QR Code] para visualização”, explicou Lacerda.
O Planetário tem capacidade para receber 85 pessoas e inicialmente funcionará com duas sessões por semana inicialmente. A expectativa é expandir o funcionamento para das 8h às 20h, todos os dias. Além disso, serão restritas 10 sessões semanais para estudantes de escolas públicas municipais e estaduais, e sete sessões para o público interno da Ufba.
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