ESPORTE
Projeto Pedal BMX fomenta a prática de bicicross e forma atletas
Com aulas gratuitas para crianças e jovens, programa revelou a ciclista Paôla Reis, 13ª no ranking mundial
Por Priscila Dórea

Inclusão social, atividade lúdica, afastamento de crianças e jovens de situações de vulnerabilidade e medalhas. Muitas medalhas. Desenvolvido pela Associação de Bicicross de Salvador (ABS), o Projeto Pedal BMX acumula exemplos de sucesso. Foi criado para fomentar o bicicross na capital baiana, utilizando a disciplina olímpica do ciclismo como ferramenta educacional, cultural e de iniciação esportiva para crianças e jovens de baixa renda. O projeto é parceiro da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e tem acompanhado a formação de novas carreiras no esporte.
Atleta de ciclismo, Dernivan Nunes do Nascimento é presidente da ABS e lembra que quando eles deram início ao projeto social, o sonho era trazer crianças para se envolverem no esporte. “Mas o bicicross tem um custo alto, então essa parceria com o governo do Estado, onde eles pagam os professores de educação física, facilita muito iniciar essas crianças no esporte, pois há essa equipe de profissionais trabalhando junto a eles”, explica. “Hoje, fico feliz em ver no Projeto Pedal muitos jovens de todos os níveis sociais e cores, e até alunos com algum tipo de deficiência, e tudo a custo zero.”
Frutos
Muitos são os frutos colhidos na parceria. Um dos grandes destaques da modalidade é a ciclista Paôla Reis, atleta que surgiu no Projeto Pedal BMX e que já foi sete vezes campeã brasileira, quatro vezes campeã pan-americana, vice-campeã dos Jogos Pan-Americanos de Lima (2019) e três vezes finalista no Mundial. Nos últimos dias 23 e 24 de setembro, ela participou dos rounds cinco e seis da Copa do Mundo de BMX Supercross em Sarrians (França), para onde foi junto com seu treinador com passagens custeadas pelas Sudesb. Atualmente, ela é a 13ª colocada no ranking mundial.

O objetivo da atleta agora é garantir seu lugar nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, e seu treinador, o atleta Leonardo Gonçalves – que criou o Projeto Pedal BMX junto com Dernivan –, explica que a preparação dela é contínua. “Após a França, vamos para a Argentina para participar de quatro provas de Copa do Mundo, além dos Jogos Pan-Americanos, que acontecem no Chile, entre outubro e novembro”, detalhou. “Na última edição, ela conquistou a medalha de prata. Vamos lá tentar mudar a cor dessa medalha e ter a certeza de que ela será a representante do Brasil nas Olímpiadas.”
Com inspirações como essa, não são poucas as crianças que se dão conta que, apesar do esforço e foco exigidos, transformar esse lazer em carreira não é algo distante. “Sempre gostei muito de andar de bike, mas desde que entrei no projeto comecei a ter essa vontade de me tornar profissional”, afirma o jovem ciclista do Projeto Pedal BMX, Miguel Barreto Nunes, de 11 anos.

A mãe de Miguel, Ilka Maria Barreto Reis, afirma que a mudança no comportamento do filho depois de começar a praticar bicicross foi bem notável. “Ele melhorou muito quanto a responsabilidade, socialização, respeito e comprometimento, assim como sua autoestima cresceu também”, lista. “A ansiedade dele também diminuiu muito. Por isso que, para mim, a grande importância de projetos assim está em fornecer esse grande desenvolvimento geral das crianças e adolescentes que praticam o bicicross, valorizando cada dia mais o comprometimento com a vida esportiva e respeitando as individualidades.”
O diretor-geral da Sudesb, Vicente Neto, explica que além do bicicross, outros esportes como canoagem, artes marciais diversas, ginástica rítmica, natação, pólo aquático, nado artístico e futebol são desenvolvidos no Estado por meio de projetos sociais como o Projeto Pedal BMX. Ele destaca que em cada núcleo há o acompanhamento de profissionais de educação física com experiência na modalidade ofertada, atendendo meninos e meninas com aulas duas vezes por semana ou mais.
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