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Relíquias de beata são levadas para nova capela

Publicado domingo, 06 de abril de 2014 às 20:30 h | Atualizado em 06/04/2014, 20:30 | Autor: Luana Almeida
Cerimônia D. Murilo Krieger_restos mortais da Irmã Lindalva
Cerimônia D. Murilo Krieger_restos mortais da Irmã Lindalva -

Foi sob uma salva de palmas que a urna com os restos mortais da beata Lindalva Justo de Oliveira foi recebida, na manhã deste domingo, 6, na capela do Instituto Nossa Senhora da Salette, nos Barris. O espaço foi construído especialmente para abrigar as relíquias da religiosa martirizada em 1993.

A urna foi transferida do Abrigo Dom Pedro II, no bairro de Roma, onde se encontrava desde março de 2001. O traslado dos restos mortais da beata foi realizado em carro aberto e seguido por uma carreata, que reuniu cerca de 100 veículos. No novo espaço, pretende-se dar maior visibilidade para culto à religiosa.

Antes do traslado, o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, celebrou missa no abrigo. Ele relembrou a trajetória da beata, que chegou a Salvador em 1991, após professar votos  de pobreza, castidade e obediência na Casa Provincial das Irmãs da Caridade, em Recife, capital de Pernambuco.

"Lindalva trilhou um belo caminho de caridade por onde passou. Ela continuará sendo uma evangelizadora, pois nos deixou um exemplo de fé a ser seguido. Assim como em vida, Lindalva vai continuar acolhendo com carinho os irmãos e intercedendo por eles junto à Jesus", disse dom Murilo.

Durante a missa, centenas de fiéis tentavam se aproximar da urna para pedir e agradecer por graças alcançadas. Dentre elas estava a aposentada Maria do Socorro Dias, 62, que reside em Natal. Ela veio a Salvador especialmente para acompanhar a cerimônia de transferência dos restos mortais da mártir.

"Entreguei a vida da minha filha caçula, que foi acometida por uma doença grave, no ano passado, e Irmã Lindalva nos ajudou a salvá-la. Como forma de agradecimento, prometi participar de todas as cerimônias relacionadas a ela", contou.

A partir desta segunda-feira, 7, a capela dedicada à beata, que funciona ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Salette, nos Barris, estará aberta ao público.

Trajetória

Lindalva nasceu em 1953, no Sítio Malhada da Areia, distrito do município de Açu, no Rio Grande do Norte (RN). Em 1986, passou a frequentar o movimento vocacional das Filhas da Caridade, quando decidiu ingressar na vida religiosa. Em 1988, mudou-se para Recife e iniciou o noviciado. Após encerrá-lo, entregou-se aos votos de pobreza, castidade e obediência.

Em 1991, Irmã Lindalva foi transferida para Salvador e passou a servir no Abrigo Dom Pedro II, que presta assistência a idosos pobres, no bairro de Roma. No local, ela passou a ser assediada por um dos internos, Augusto da Silva Peixoto.

Diante da resistência da beata, Augusto passou a ameaçá-la. Irmã Lindalva chegou a comentar sobre a situação com as outras religiosas e uma delas repreendeu Augusto pela sua postura.

Revoltado, ele comprou uma faca peixeira e no dia 9 de abril de 1993, uma Sexta-feira Santa, esfaqueou Irmã Lindalva várias vezes até a morte, quando ela servia o café da manhã aos idosos.

O episódio foi associado à Sexta-Feira da Paixão e visto como martírio em nome do serviço a Deus. Em 2007, por conta do martírio, Irmã Lindalva foi proclamada beata pela Igreja Católica.

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