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Reunião do Mercosul é marcada pela presença de Raúl Castro

Publicado terça-feira, 16 de dezembro de 2008 às 16:27 h | Autor: Mylena Fiori, da Agência Brasil

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Costa do Sauípe (BA) - Na reunião de cúpula do Mercosul, em que o Brasil encerrou a presidência pro tempore, a novidade foi a presença do presidente de Cuba, Raúl Castro, em sua primeira viagem ao exterior desde que substituiu oficialmente o irmão, Fidel Castro, no comando da ilha caribenha.

As estratégias para enfrentamento da crise financeira internacional permearam as falas dos líderes do bloco e de países associados e convidados. O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, não chegou a tempo de participar da reunião.

Raul Castro, em seu discurso, disse que Cuba acompanha de perto as ações desenvolvidas no âmbito do Mercosul, elogiou a prioridade a programas sociais e de infra-estrutura, a complementação econômicas e a redução das assimetrias.

Como obstáculo a tal processo de integração, Castro citou os efeitos de uma ordem econômica internacional a qual chamou de “injusta e egoísta que favorece os países desenvolvidos e os interesses das grandes corporações transnacionais”. De acordo com o presidente cubano, “a crise financeira e econômica internacional é sua manifestação mais grave e concreta” dessa ordem econômica.

Raúl Castro disse ainda que a integração na América Latina esbarra nas desigualdades no nível de desenvolvimento, na infra-estrutura insuficiente, nas grandes injustiças sociais e nas imensas disparidades de receita.

O presidente cubano aproveitou para comentar a importância da primeira Cúpula da América Latina e Caribe para o Desenvolvimento e a Integração, que reúne hoje (16) pela primeira vez na história os 33 países da região sem a presença de um poder externo, como os Estados Unidos ou a União Européia.

“Mercosul, Alba [Alternativa Bolivariana para as Américas], Caricom [Comunidade do Caribe] e os demais esquemas de integração dispõem de uma experiência e autoridade merecidas, têm a possibilidade de servir de base e referência para tudo aquilo que possamos construir após esta cúpula se contarmos com a vontade de seguir avançando e não nos limitarmos ao prazer de termos nos reunido”, afirmou Raúl Castro.

Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa, e do Paraguai, Fernando Lugo – em sua primeira Cúpula – evitaram nas suas falas os temas polêmicos. Correa propôs a formulação de um arquitetura financeira regional que torne o Sul menos vulneráveis às ações dos países ricos.

Lugo, por suas vez, primeiro prestou solidariedade ao povo de Santa Catarina, pela recente tragédia das chuvas. Depois, afirmou que o Mercosul vive um momento tão importante quanto o de sua criação, e defendeu o aprofundamento da integração cultural e maior ênfase à área social, “um rosto social muito mais nítido”, para que a integração política se reflita da integração dos povos.

O presidente paraguaio também falou das dificuldades enfrentadas pelo seu país em consequência da crise financeira internacional.

“O Paraguai está passando por um momento importante de sua vida histórica, política, social e econômica e, mais que nunca, cremos e estamos convencidos de que o Mercosul e a solidariedade internacional nos ajudará a sairmos dessa crise global que também afeta os países pequenos”, disse.

Evo Morales preferiu apenas agradecer aos países do bloco pelas flexibilidades oferecidas pelo Mercosul para facilitar exportações de têxteis bolivianos, de forma a compensar a perda do mercado norte-americano com o rompimento do Tratado de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas (Atpdea).

O acordo foi aprovado ontem (15) pelo Conselho do Mercado Comum (CMC) . Segundo Evo, as preferências tarifárias permitiam à Bolívia exportar US$ 21 milhões por ano aos Estados Unidos em têxteis. O acordo com o Mercosul permitirá exportações de até US$ 30 milhões com tarifa zero.

“Obrigada presidente Lula e presidentes do Mercosul. Isso nos permite buscar maior integração não somente dos povos, com os presidentes à frente, mas também em termos de comércio, um comércio justo onde se resolvam os problemas econômicos e sociais”, afirmou Morales.

Participaram da Cúpula do Mercosul, além dos quatro sócios – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -, a Venezuela [país em estado de adesão, representado pelo vice-ministro da América Latina, Francisco Árias Cardeñas] e os associados Equador, Colômbia e Peru [estes dois representados por seus vice-presidentes]. Como países convidados, participaram México, Panamá, Suriname e Guiana.

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