SALVADOR
Salvador em bairros: boemia e tradição do Rio Vermelho
Por Thaís Seixas*

O bairro
O Rio Vermelho mantém-se como o bairro da moda há décadas. É onde ficam os barzinhos mais transados, alguns dos hotéis mais caros e a maior quantidade de casarões ocupados por negócios de sucesso, aproveitados pela classe média local. É, também, o espaço onde há o maior número de baianas de acarajé famosas. Tem Regina e Cira comandando o ritual da culinária baiana. Além delas, a família de Dinha, que faleceu em 2008, dá continuidade à tradição iniciada pela matriarca.
Lá também está uma das colônias de pescadores mais conhecidas, que todos os anos realizam oferendas à Rainha do Mar. A festa que homenageia Iemanjá acontece no dia 2 de fevereiro já entrou de vez na agenda dos baianos, que vão ao Rio Vermelho para agradecer e jogar flores e presentes ao mar.
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Confira o vídeo sobre a Festa de Iemanjá
Também na região da Praia da Paciência, onde acontece esta homenagem, a igrejinha no Largo de Santana mantém-se, com ousadia, no meio da rua, atrapalhando o trânsito, que teve que se curvar para ela. Sobreviveu graças à manifestação de moradores de toda a cidade nos anos 1980. Eles impediram a derrubada, apesar da intenção dos governantes de reservar o espaço para o fluxo de carros.
Atrativos
Além da famosa boemia que emana das ruas do Rio Vermelho e em locais como os largos de Santana e da Mariquita e o Mercado do Peixe, o bairro também possui outros atrativos para os visitantes conhecerem. Entre elas estão a escultura do artista e sacerdote Mestre Didi, morto em 2013, que se tornou ponto de referência no bairro; a fábrica de papel que um dia funcionou na região e de onde sobrou apenas a chaminé como um marco da história e da mobilização de moradores que, na década de 1980, se manifestaram contra a sua demolição; e também a obra do artista baiano Bel Borba, criada com material reciclado e em formato de cachorro, que fica no Largo de Santana.
Esculturas de Bel Borda e Mestre Didi também encantam visitantes do Rio Vermelho
Fotos: Divulgação e Elói Corrêa | Ag. A TARDE
É lá também que acontece uma feirinha de artesanato e comidas típicas. Beiju, acarajé e chocolate caseiro se misturam a produtos feitos de renda e tricô, além de pinturas, roupas e outros objetos artesanais. Os amantes da literatura e da história dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai também podem visitar a Casa do Rio Vermelho, onde o casal morou. Após 11 anos fechada, a casa foi aberta à visitação pública e já se transformou em ponto turístico da capital baiana.
Em uma pequena extensão de areia está a praia do Buracão, uma das preferidas dos jovens e pessoas que buscam locais alternativos na cidade.
Abra o olho
Como um bairro em constante crescimento populacional e também local de passagem entre moradores das principais localidades da cidade, o Rio Vermelho ainda sofre com os congestionamentos em diferentes horários do dia. O principal deles é registrado na rua Oswaldo Cruz.
Se, por um lado, o bairro se tornou referência da boemia soteropolitana, também é motivo de reclamação de uma parcela dos moradores, devido à poluição sonora, resultado da grande concentração de pessoas e dos shows musicais, além de eventos como o Festival da Primavera, que acontece em setembro.
Como chegar
*Pesquisa a partir da série Onde Eu Moro | Acervo A TARDE
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