CAPITAL DO ÁLCOOL
Salvador lidera consumo abusivo de álcool
Prevalência identificada para a população geral foi de 28,9%, para homens 37,5% e 21,9% para as mulheres
Por Israel Risan*
Com a chegada das altas temperaturas, o cenário convidativo para bebidas e drinques refrescantes pode trazer riscos à saúde, especialmente quando o álcool está envolvido. Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), Salvador lidera o consumo abusivo de álcool no país.
Dados da Vigitel 2023, pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, apontou que a capital baiana lidera o consumo abusivo de álcool no país, nos três indicadores: população, homens e mulheres, e fica acima dos índices nacionais. No Brasil, a prevalência para a população geral foi de 20,8%, para homens 27,3% e 15,2% para as mulheres. Na cidade, as porcentagens são de 28,9%, 37,5% e 21,9% para cada um dos três indicadores respectivamente.
“O álcool pode causar não só acidentes na água ou no trânsito, mas também, a violência contra a mulher e outras violências. Além de aumentar o número de doenças mentais, a dependência”, lembra o neurologista. O Cisa orienta a atenção no consumo de produtos como picolés e geladinhos alcoólicos, por não fornecerem informações sobre a quantidade, tipo de bebida, procedência e teor alcoólico.
No verão esse indicativo aumenta em 40% as vendas de cerveja, por exemplo, em função das festas, do calor e do turismo, de acordo com dados da Federação de Turismo e Hospedagem do Estado da Bahia (Fetur).
A professora de linguagens Rafaella Paternostro costuma beber diariamente, em pequenas quantidades, após o trabalho. “Em rolê eu bebo mais. E, principalmente no verão, não é só esse álcool que eu bebo antes de dormir, que é pouco”, conta.
Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do Cisa, destaca a importância de compreender o conceito de consumo moderado, pois 75% dos consumidores que exageram acreditam estar bebendo de maneira moderada. O Cisa alerta para alguns cuidados essenciais como reforçar a hidratação, se alimentar bem, evitar atividades aquáticas e cuidar da pele.
Daniel Araújo consome ao menos uma lata de cerveja aos finais de semana, o que também muda nesta estação do ano. “Por estar de férias no verão, não bebo apenas nos fins de semana. Bebo também em alguns dias no meio da semana”, explica. Quando a quantidade de bebida alcoólica é maior que o que considera adequado, o estudante intercala com água.
Contrariamente ao senso comum, o álcool favorece a desidratação. Alternar o consumo de álcool com bebidas não alcoólicas, preferencialmente água, é a técnica é indicada pelo neurologista especialista em Medicina do Estilo de Vida, Ítalo Almeida. “A sensação inicial é de hidratação e o gelo da cerveja dá aquele frescor. Mas o álcool é uma droga que desidrata o corpo humano, porque ele tira a água de dentro da célula e joga no sangue, ou seja, se joga no sangue e depois é filtrado para a urina, se torna um fator de desidratação”.
Outra prática que ajuda a contornar os danos primários do álcool, indicado pelo médico, é reduzir a quantidade, quando sentir que está passando do ponto, e se alimentar antes e durante este momento de diversão, principalmente com alimentos que contenham azeite de oliva, por reduzir e retardar a absorção do álcool no organismo.
O neurologista alerta ainda que o álcool é uma droga psicoativa e atinge o cérebro de uma forma que pode trazer problemas comportamentais e cognitivos, o que, associado a atividades aquáticas, pode causar acidentes. “Com o consumo excessivo, a pessoa perde um pouco os reflexos, então se ela for para profundidades maiores ou para longas distâncias, pode ser que não consiga retornar ou ter um bom desempenho na natação”. Isso faz da bebida responsável por 12% dos afogamentos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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