SALVADOR
Salvador vive o auge do grafite como forma de expressão
Por Guilherme Lopes, do A TARDE On Line
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Amarelo-ouro, verde-cana, preto ou até mesmo fúcsia: encontrar essas cores em desenhos que decoram muros de Salvador não é mais novidade há algum tempo. Até os trens que circulam pelo subúrbio ferroviário foram contemplados pelos traços. Os artistas são grafiteiros que, em grupo ou de forma individual, deixam sua marca visível em vários locais públicos da cidade.
Ao contrário do que acontece em outras metrópoles ao redor do mundo, onde grafitar é proibido ou muito controlado pelas autoridades, em Salvador, os artistas de rua têm mais liberdade para criar suas obras. A prefeitura, inclusive, criou um projeto em 2005, o Salvador Graffita, que remunera artistas para realizarem seus trabalhos.
Edvando Tucunaré, Superintendente de Parques e Jardins (SPJ) da PMS, que há dois anos é responsável pelo projeto, diz que o objetivo alcançado é triplo: evitar que monumentos e lugares públicos sejam tomados por pichações – “pois geralmente pichadores e grafiteiros se respeitam”, criar espaço para que jovens possam expressar sua arte e ainda buscar uma melhoria econômica para os artistas.
Os artistas, em sua maioria, são jovens da periferia da cidade que vêem no grafite uma forma de arte mais livre e acessível. Isso não evita, segundo Marcos Costa, artista plástico que há oito anos é grafiteiro, que muitas escolas particulares procurem os serviços dos artistas de rua, tanto para embelezar as instalações, como para oferecer cursos aos alunos. “Recentemente ofereci um mini-curso na Faculdade de Comunicação da UFBA para um grupo de alunos, foi interessante”.
Marcos acredita, porém, que ainda há resistência, por parte “das elites soteropolitanas”, em aceitar o grafite como uma arte do “mesmo nível das outras”. Isso apesar de recentes exposições em galerias de arte da capital terem ajudado a aumentar o respeito pela arte.
Denis Sena, artista plástico que há quase dez anos realiza grafites na capital, é ainda mais otimista. Para ele, hoje, “setenta por cento das pessoas já entendem nossa arte como o que ela é: arte!” Denis diz receber encomendas de estabelecimentos comerciais que pretendem embelezar seus muros com suas obras.
O professor Roaleno Ribeiro Costa, doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e atual diretor da Escola de Belas Artes da UFBA, revela que a presença do grafite na capital não é nova. Ele explica que o grafiti com fins estéticos, como é o caso do atual, surgiu em Salvador em meados da década de 70, ao mesmo tempo em que surgia em São Paulo. Na capital paulista, no entanto, o auge deste tipo de arte foi vivido uma década depois, influenciado pela cultura punk. Já em Salvador ela ficou “adormecida”.
Edvaldo Tucunaré, da SPJ, contabiliza os metros de muros grafitados na capital: “Até este ano, já contamos com seis mil metros de muros e tapumes embelezados com grafitis em Salvador. É um sucesso!”, valoriza.
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