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Volume de chuvas preocupa diversos setores em SSA e na RMS

Município e estado criam planos para diminuir o impacto das fortes chuvas, mas mudança climática é realidade

Publicado terça-feira, 22 de março de 2022 às 06:06 h | Autor: Priscila Dórea
Equipe do Centro de Monitoramento e Alerta da Codesal de Salvador faz monitoração climática da cidade e dos bairros que mais chovem
Equipe do Centro de Monitoramento e Alerta da Codesal de Salvador faz monitoração climática da cidade e dos bairros que mais chovem -

O grande volume de chuvas tem causado preocupação em diversos setores de Salvador e região metropolitana (RMS). Município e estado criam planos de ação para diminuir o impacto das fortes chuvas, mas a mudança climática é uma realidade e “por causa de sua geografia, Salvador corre um risco natural”, afirma o professor do Instituto de Geociência da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Maria Landim Dominguez.

Eventos extremos, seja de longa estiagem ou um grande volume de chuva em um curto espaço de tempo - que antes possuíam ciclos de quase 10 anos -, vão se tornar cada vez mais frequentes, aponta Dominguez. “E mesmo com as medidas de contenção e limpezas que os governos realizam, o impacto será grande, porque essas medidas não são dimensionadas para situações tão extremas e frequentes. Existem soluções que a engenharia pode trazer, mas elas mitigam a situação, não eliminam”.

Se adaptar rapidamente aos efeitos da mudança climática é algo que um país com muitos recursos pode fazer, o que não é o nosso caso, salienta o professor. A constante vulnerabilidade é a realidade. “As fortes chuvas desencadeiam diversos problemas, já que as ruas são lavadas com todas as coisas nocivas e o seu destino é o mar. É nesses períodos chuvosos, que aumenta o número de casos de hepatite e doenças de pele, em razão de todo esse lixo e resíduo correndo pela cidade”, explica Dominguez.

Saneamento

Por isso que a carência de saneamento em Salvador se soma à lista de problemas que se agravam com as fortes chuvas, afirma o superintendente de Inovação e Desenvolvimento Ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e diretor de Recursos Hídricos e Monitoramento Ambiental do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio. 

A realidade social interfere muito na segurança da população mais vulnerável que mora em áreas de risco que, muitas vezes, não possuem saneamento adequado. “Por isso que, nos últimos anos, tanto a Sema quanto o Inema, ampliaram sua rede de monitoramento e sistema de alerta para informar preventivamente a Defesa Civil e os municípios sobre esses eventos críticos, seja os de chuva ou de seca. Mesmo não sendo responsáveis pelas intervenções físicas, que ficam a cargo do município e do estado, a Sema atende as necessidades macros da Bahia, enquanto o Inema é responsável pelo detalhamento, monitorando as barragens e estudos de áreas, tudo para obter um planejamento eficaz para resolver os problemas”, explica Topázio. 

E hoje, as equipes estão muito bem preparadas para atender as altas demandas oriundas do grande volume de chuvas, afirma o diretor geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macêdo. “Atuamos com uma equipe multidisciplinar que mantém o monitoramento e as equipes sempre alertas para atender a população o mais rápido possível. O nosso clima mudou muito nos últimos 30 anos. Antes tínhamos estações bem definidas e sabíamos que em março era necessário nos preparar para as chuvas de abril, maio e junho. Hoje, atuamos dessa forma o ano inteiro”, explica.

Essa equipe múltipla também permite que os dados sejam obtidos mais rapidamente, e com essa mesma rapidez as devidas informações chegam à população e aos meios de comunicação, afirma o diretor. “E alertar e educar a população do risco iminente é essencial. Nós fazemos intervenções físicas na cidade, mas também temos ações mais enérgicas direcionadas a população, capacitando as pessoas, principalmente líderes de comunidades, quanto ao que podem e devem fazer em situações de risco”. 

Prejuízos

Um dos agravantes dos alagamentos das ruas - e bairros inteiros - de Salvador é o excesso de impermeabilização da cidade com concreto. Com mais áreas verdes e terra livre para absorver a água da chuva, as chances de alagamentos e inundações diminuem. Mas a Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis) tem tentado reverter essa situação com alguns - dos muitos -, projetos criados no Plano de Ação Climática de Salvador, que teve início em 2021.

“O objetivo é que em 2049, quando a cidade irá fazer 500 anos, Salvador se torne zero carbono. Temos algumas grandes ações, como a meta que 100% da frota de transporte público de veículos elétricos. Mas há também aqueles que estão sendo postos em prática, no último ano, como a criação de mais parques e espaços verdes. Nos próximos dias, vamos inaugurar o Parque Pedra de Xangô, mais uma das áreas verdes que serão implantadas em Salvador”, conta o diretor de resiliência da Secis, Ivan Euler.

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