PESQUISA
São Cristóvão lidera crescimento populacional em Salvador
Levantamento do IBGE revela que população do bairro cresceu 35,1%
Por Ian Peterson*
Enquanto o cenário demográfico de Salvador revela uma diminuição populacional de 9,6% entre os Censos de 2010 e 2022 – o maior recuo entre as capitais do país – a capital baiana surpreende ao apresentar bolsões de crescimento em meio a esse panorama. Entre eles, destacam-se os subdistritos de São Cristóvão, Itapuã, Maré e Valéria, que testemunharam um aumento significativo em suas populações, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o resultado da pesquisa, São Cristóvão lidera esse fenômeno, registrando crescimento populacional de 35,1%, consolidando-se como um epicentro de mudanças demográficas e socioeconômicas na capital baiana.
“É um movimento bem comum em cidades grandes”, aponta a supervisora de informação do IBGE, Mariana Viveiros. “Três deles estão mudando de perfil. Pilar (quase todo bairro do Comércio), Mares (bairros da Calçada, Mares e Boa Viagem) e Nazaré (Nazaré e Saúde). Eles estão se tornando menos ‘atrativos’ porque a cidade cresceu para fora deles”, interpreta.
Ainda de acordo com o IBGE, esses locais têm áreas relativamente pequenas, reunindo alguns dos bairros de ocupações mais antigas da capital, parte deles na Cidade Baixa.
Um dos motivos para esse esvaziamento do centro de Salvador pode ter relação com o custo-benefício. “Outras áreas se desenvolvem e muitas vezes você consegue ter moradias mais baratas e melhores”, destaca Mariana.
Por outro lado, esse “êxodo” urbano acaba deixando essas áreas centrais menos seguras. “São Paulo vive um pouco esse momento, né, de você ter políticas públicas de requalificação de áreas centrais para moradia procurando torná-las mais atrativas”, lembra.
Mercado
No âmbito do mercado imobiliário, direcionar investimentos para propriedades situadas em regiões metropolitanas menos urbanizadas oferece uma série de benefícios.
A relativa escassez de infraestrutura nessas localidades, se comparada aos centros urbanos estabelecidos, representa uma oportunidade para a valorização dos imóveis ao longo do tempo.
“A tendência desses imóveis nessas regiões menos urbanizadas é evoluir de preço. Na pandemia, por exemplo, uma casa simples térrea de dois ou três quartos que era ofertada por 350 mil reais mais na região de Abrantes, hoje vale mais do que o dobro”, explica o corretor comercial Éderson, que não somente trabalha com o mercado, como também é uma das pessoas que fez esse movimento, sair de Salvador e ir para região metropolitana.
“Esse fenômeno não apenas estimula o crescimento do mercado imobiliário nessas regiões, mas também contribui para a diversificação do setor e para a expansão das oportunidades de investimento nessas regiões”, aponta Éderson.
O aumento do preço dos imóveis está diretamente ligado não apenas à tendência de imigração urbana, mas também à urbanização das áreas em questão. “Quanto maior a urbanização, maior é a expectativa de aumento desses preços”, destaca.
Isso, segundo o corretor, ocorre porque a urbanização traz consigo uma série de benefícios essenciais, como saneamento básico, segurança, proximidade a supermercados e universidades, entre outros.
Além disso, à medida que a população migra do grande centro, essa infraestrutura vai ganhando corpo. E quem está fazendo parte desse processo de desenvolvimento vai ser beneficiado.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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