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Sem Rock Rio, cidade fica mais carente de espaço para shows

Publicado quinta-feira, 16 de agosto de 2007 às 20:41 h | Autor: Kleyzer Seixas

Produtores e músicos baianos lamentam o fechamento do Rock in Rio Café, no Aeroclube Plaza Show, um dos poucos espaços de shows de médio porte, com capacidade para abrigar, em média, duas mil pessoas. Embora a casa tenha perdido certa credibilidade para alguns músicos devido às regulares festas de axé e pagode nos últimos anos, ainda era considerada ideal para muitos deles.

Além de ser bem localizado, o Rock in Rio Café disponibilizava uma estrutura quase completa para os freqüentadores e integrantes das bandas que se apresentavam no local. A casa conta com estacionamento, segurança e som para os grupos. Outros estabelecimentos mais novos, com porte similar, são considerados de difícil acesso por alguns produtores. A distância do centro acaba dificultando o comparecimento do público, segundo eles.

Devido às poucas opções para shows na cidade, o fim das atividades de nove anos da casa é considerado como prejudicial para o segmento. Responsável por trazer bandas como Nação Zumbi, Los Hermanos, Paralamas do Sucesso, Titãs e para Salvador, o produtor Luisão Pereira acredita que será cada vez mais difícil realizar festas de médio porte na capital baiana. 

O produtor já deixou de fazer eventos pela falta de opções de espaços como tamanho semelhante ao do Rock in Rio. “Estou fazendo Titãs e Paralamas em outubro na Concha, mas muitas vezes deixei de topar coisas menores por falta de escolha, não tem lugar para duas ou três mil pessoas. Fechando, é mais complicado ainda porque é menos um”, destacou Pereira.

O encerramento das atividades do Rock in Rio reforça a impressão de que os espaços destinados a eventos musicais têm o prazo de validade muito curto em Salvador, segundo a avaliação de músicos e produtores. Alguns deles acreditam que os rótulos e falta de revitalização acabam enfraquecendo a presença do público e, conseqüentemente, diminui a qualidade de bandas e artistas convidados para tocar nesses locais.

No caso do Rock in Rio, por exemplo, o músico e compositor Alexandre Fontanelli acredita que a casa já apresentava sinais de decadência há algum tempo. “O grande problema foi a questão do Aeroclube, do tipo de público. Não faria shows lá porque as bandas de pagode e axé que a gerência do Aeroclube começou a contratar têm o perfil diferente do que foi proposto pelo estabelecimento”, destaca o músico.

A Produtora A Praia também decidiu interromper suas festas no Rock in Rio por causa da predominância do axé e pagode. “O atual perfil não combinava muito com tipo de nossa proposta. Mas não deixa de ser uma perda. Somos a capital da música, mas está cada vez mais difícil fazer evento em Salvador”, avalia o produtor de A Praia, Alex Braga, que, apesar do problema, reconhece a importância do espaço para o circuito de shows em Salvador.

O baixo custo de vida da população da cidade, aliado à falta de investimentos desses estabelecimentos, também é apontado pelo guitarrista da banda Scambo, Graco Vieira, como fator responsável pelo enfraquecimento do segmento musical  “Aqui as coisas mudam muito rapidamente. Se o proprietário não modifica pode perder. Em outras capitais, é diferente. As pessoas podem pagar um preço mais alto para freqüentar bares e festas. Aqui é o contrário”, conta Graco Vieira, proprietário do Anexo, bar que fechou as portas há algum tempo, no Rio Vermelho.

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