PASSE LIVRE
Sem verba, jovem investe no corpo a corpo para alcançar eleitores
Eslane Paixão entrou no movimento para reivindicar um direito seu, ir para a escola
Por Olga Leiria
A dificuldade financeira de uma garota de 15 anos, que não tinha dinheiro para a passagem do transporte escolar, levou-a a participar pela primeira vez de uma ato político. O movimento do Passe Livre de 2013, que tomou conta de várias cidades em todo o Brasil. Moradora da cidade de Feira de Santana, Bahia, Eslane Paixão (@eslanepaixao.oficial), hoje com 29 anos, entrou no movimento para reivindicar um direito seu, ir para a escola. Lá viu que poderia protestar politicamente não só para ela, mas também para os demais que estavam na mesma situação, seu coração encontrou-se com o grito de todas as vozes que ecoavam pelas ruas da "princesinha do sertão''.
"Desde pequena já estava sempre com o microfone na mão", ri e se emociona ao olhar fotos em álbuns antigos que estavam dentro do guarda roupa, em sua casa no Residencial Vivenda do Mar, São Tomé de Paripe. Conquista adquirida pelo trabalho através de movimentos sociais por moradia. O conjunto conta com mais de 500 unidades e beneficia famílias que moravam em ocupações da cidade.
Olhar atento ao telefone respondendo mensagens, mandando áudios, ligações. Sua voz rouca demonstra que todos os dias de campanha dessa jovem candidata a deputada federal pelo mais novo partido brasileiro, o Unidade Popular (UP), estão sendo levados a sério. Carlos Lima, 42 anos, motorista, chega e faz o café, amigos e vizinhos vão comprar pão. Conversam, pegam material e levam para panfletar. Afinal a eleição está próxima, não pode-se perder tempo. Carlos e Eslane tomam café. A louça é lavada. Arruma-se para sair, pois hoje tem mais corpo a corpo pelas ruas.
Verbas para campanha
Paixão está entre os candidatos que não possuem representação partidária no Congresso e Câmara, então o partido recebe apenas 0,02% do Fundo Eleitoral Nacional que possui um total de R$ 4,9 bilhões. A Unidade Popular - UP recebeu para campanha na Bahia, R$ 70 mil. Dinheiro que foi dividido entre as candidatas ao cargo de deputada estadual, federal e campanha para presidente. Em média R$ 30 mil para alugar um carro, aparelhagem de som, gasolina, material publicitário e refeições. Como não tem verba para tempo de TV e rádio ou impulsionar eleitores através das redes sociais. Paixão vai para as ruas fazendo a velha e tradicional campanha política corpo a corpo, conversando com os eleitores e panfletando pessoalmente.
A rua
Em um corsa branco com uma pequena caixa de som, discursa pelas ruas do bairro Uruguai, chamando a atenção dos moradores que ficam curiosos e tímidos ao olhar entres as grades de janelas e portões. Nesta quinta-feira, 29, Paixão conta com a ajuda de quatro pessoas voluntárias que vão à frente do carro panfletando.
A candidata vai falando ao microfone sobre suas propostas e cumprimentando os moradores do bairro. Por vezes o carro acelera para liberar o trânsito nas ruas estreitas, Paixão corre ao lado do veículo para não perder o ritmo de seu discurso. São 13h00 e há 1 hora a jovem candidata está discursando, fica feliz ao encontrar amigos e conhecidos, uma brincadeira e uma parada para beber água. A quentura do sol não é para amadores
"Durante esta campanha não tinha visto nenhum candidato passar por aqui", diz o morador Valdemir Nunes, 53 anos, servidor público "Apesar de poucos recursos, eles - UP- estão presentes aqui na comunidade", destaca. A caminhada continua até às 14h30. Uma parada para almoçar. Um silêncio toma conta da mesa. A fome estava sendo acalmada. Feijão, arroz, macarrão e bife, e lógico muita farinha e pimenta, afinal estamos na Bahia.
Trato no visual
Paixão aproveita que tem 30 minutos de tempo e vai cortar o cabelo, afinal a jovem candidata merece estar linda no domingo. A barbearia de Arivan fica em rua sem saída, todos entram sentam e jogam conversa fora. Danilo Boa Morte, 23 anos, estudante, aproveita para fazer fotos e vídeos para as redes sociais, afinal o meio digital ajuda. Cabelo cortado, sobrancelha arrumada e santinhos deixados. Parte-se para uma plenária na UFBA. No caminho opiniões sobre o trajeto mais rápido, o motorista brinca e fala: "Aqui é piloto de fuga!", todo riem. Um silêncio toma conta do interior do carro, junto com o calor. Paixão confere as mensagens do celular e por momentos fecha os olhos, o cansaço parece querer fazer companhia.
Mais encontros
Ao chegar na UFBA de Ondina, abre-se o porta malas do carro e pega-se materiais para distribuição, cartazes, algumas bandeiras, santinhos, adesivos e planos de governo. Paixão pega cartazes e uma caixa e vai a frente e volta para pegar mais. Encontra simpatizantes e voluntários, começa a discursar, o encontro vai até as 19h30. Aja força e vontade.
Eslane
Ao falar de si mesma e avaliar seu desempenho, a jovem candidata a deputada federal que para eleger-se precisa de mais de 100 mil votos, não precisa dizer muito, está em seu sobrenome o que sente pela política e seu trabalho de luta por classes, PAIXÃO, que a move.
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