Teste reprova 10 marcas de macarrão instantâneo

Um teste com 10 marcas de macarrão instantâneo traça um quadro desolador para quem gosta deste alimento, conhecido pela sua praticidade: o nível de aditivos químicos é até 23 vezes maior do que o recomendável. A análise foi feita pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor Pro Teste e também ressalta os altos níveis de sódio e gordura neste tipo de macarrão.

Um aditivo usado para realçar o sabor dos alimentos, conhecido como glutamato monossódico, foi encontrado com teor de 242,40 g/kg, quando o recomendável é 10 g/kg. No Brasil, não há nenhuma regulamentação para estabelecer os índices deste aditivo, mas a Pro Teste se baseou em uma lei vigente na União Europeia.

Intolerância alimentar - Os problemas ocasionados pelo alto consumo de glutamato são os mais diversos. “Este aditivo pode causar alergias, intolerância alimentar, dores de cabeça, vermelhidão e náuseas”, alerta Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste. Ela ressalta que, com mais este teste, a entidade prossegue com a campanha para a estipulação de limites no uso de aditivos químicos no País.

A Pro Teste mandou o resultado do teste para as empresas, mas ainda não obteve resposta de nenhuma delas. Pela quantidade de sódio encontrada nos macarrões instantâneos, as pessoas estão mais expostas às doenças crônicas não-transmissíveis a longo prazo, como a hipertensão, informa Carine Oliveira dos Santos, professora do curso de nutrição do Centro Universitário Jorge Amado.

“Produtos industrializados não têm uma composição de vitaminas e minerais adequadas para uma dieta saudável”, acrescenta Carine. A nutricionista reforça que não existe uma quantidade razoável para o consumo do macarrão instantâneo e que, a depender da condição clínica de cada pessoa, deveria se consumir apenas esporadicamente.

É esta a tentativa que faz Aruani Brito, estudante universitária que há seis meses vem diminuindo o consumo do macarrão instantâneo no seu cardápio. “Comia até três vezes por semana, já que moro sozinha e, por conveniência, acabo não preparando outra comida. Hoje, tento não comer mais de uma vez na semana”, comenta Aruani. Ela parou de comer o macarrão em excesso após uma crise de dor no estômago.

Risco a crianças - Além dos problemas que os macarrões instantâneos podem trazer na dieta de um adulto, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor Pro Teste alerta que os produtos também são comercializados com o apelo voltado ao público infantil. Para as crianças, o prejuízo ainda é maior, já que estes alimentos têm uma quantidade de sódio maior do que uma criança deveria consumir durante um dia inteiro.

Carine Oliveira dos Santos alerta que, ao permitir o consumo deste alimento, os pais estão programando adultos menos saudáveis e mais propensos a ter doenças crônicas não-transmissíveis, como obesidade, diabetes e hipertensão. “O interessante é que esta criança não consumisse nunca este macarrão instantâneo. Ela vai ficar mais tempo exposta a um erro nutricional e vai perder a motivação para a ingestão de alimentos saudáveis”, analisa Carine.

Maria Inês Dolci alerta sobre o apelo dos personagens infantis que estes produtos trazem. “Não pactuamos com uma propaganda voltada para incentivar um produto que não é bom para as crianças”, diz.

A marca Maggi Lamenitos, voltada ao público infantil, é a que possui o maior nível do aditivo glutamato monossódico, que ocasiona alergias. Além das seis marcas apresentadas ao lado, a Pro Teste também avaliou os macarrões Great Value, Ranata Express, Nissin Lámen e Nissin Turma da Mônica, sabor galinha caipira.

Confira os piores níveis de glutamato monossódico:

Maggi Lamenitos Percentual de 242,40 g/kg;
Maggi Percentual de 197,90 g/kg;
Qualitá Percentual de 182,20 g/kg;
Piraquê Percentual de 164,00 g/kg;
Adria Percentual de 161,80 g/kg;
Nissin Lámen Light Percentual de 107,90 g/kg;
Carrefour Percentual de 100,90 g/kg;