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ACESSIBILIDADE

Transitar por Salvador é um tormento para os deficientes físicos

Ruas esburacadas, bueiros abertos e problemas no transporte dificultam a vida das pessoas

Por Mariana Brasil*

22/09/2022 - 5:30 h
Marivaldo Brito, cadeirante, afirma que circular na região da Lapa, por exemplo, é praticamente impossível
Marivaldo Brito, cadeirante, afirma que circular na região da Lapa, por exemplo, é praticamente impossível -

Baianos com deficiência sofrem com a falta de acessibilidade por toda a cidade. Espaços sem adaptação, ruas esburacadas, além de transtornos com o transporte público, estão entre os desafios enfrentados por deficientes físicos ao transitar por Salvador.

Na região da Lapa, a Rua Coqueiros da Piedade, popularmente conhecida como Rua do Camelô, o piso é desnivelado, há excesso de buracos e bueiros, dificultando a locomoção de pessoas com mobilidade reduzida. “Os maiores problemas são a falta de acessibilidade no local que se torna inviável para os cadeirantes transitarem”, relata Marivaldo Brito, cadeirante morador local.

“O acesso para a estação é totalmente complicado, existe uma ladeira muito elevada que tem várias bocas de lobo e guias de camelô impossibilitando totalmente o acesso. Além disso, a organização dos camelôs é no meio da rua, dificultando ainda mais a passagem dos cadeirantes e do pedestre”, seguiu Marivaldo.

Um dos piores lugares para os cadeirantes se locomoverem, segundo Marivaldo, é o Pelourinho. “As ruas inacessíveis. Além deste transtorno, os batentes dos bares e lojas são bastante elevados, no mesmo não tem banheiros adaptados. Foi criada uma via de acesso para os cadeirantes transitarem e amenizar um pouco em relação à acessibilidade, mas os donos dos estabelecimentos comerciais não respeitam. Colocam mesas e cadeiras diariamente, isolando totalmente esse único acesso que temos”.

Sem empatia

Acostumado a transitar por toda a capital, o estudante de direito Daniel Sampaio é cadeirante e destaca as regiões do Cabula, Periperi e Calçada como as piores em termos de acessibilidade para cadeirantes. No transporte público, os problemas se ampliam.

“Os motoristas mentem na hora de solicitar para o ônibus parar e embarcar. O ônibus mal para e o motorista vai logo falando que o elevador não está funcionando, sem ao menos testar”, revela Daniel.

“A maioria dos elevadores se encontra quebrado. As empresas não se preocupam em fazer a manutenção periódica, principalmente a Integra Plataforma”, acrescenta Marivaldo.

Para além da falta de manutenção, os cadeirantes ainda se deparam com a não colaboração de funcionários dos transportes. “Uso diariamente o transporte coletivo. Muitas vezes sinalizamos que queremos embarcar e os motoristas fazem descaso, virando o rosto, dando seguimento à viagem, nos deixando totalmente constrangidos”, diz Marivaldo, que continua:

“Muitos motoristas e cobradores desqualificados nos oferecem um péssimo atendimento, chegam até a nos agredir verbalmente”, continua ele. “Quando vamos embarcar no veículo afirma que o equipamento está quebrado, enquanto que o mesmo está funcionado”.

Mais reclamações

Daniel vive a mesma rotina, e narra um episódio de discussão depois que um motorista tentou impedir seu embarque. “Ele estava induzindo dois colegas cobradores a mentir para dizer que o elevador estava quebrado. Com um deles ainda cheguei a discutir”, conta. Após a resistência do funcionário, Daniel começou a filmar a cena para fazer a denúncia e só assim pôde subir. O elevador estava em pleno funcionamento.

“Já fiz várias reclamações na Semob em relação aos transportes públicos, como também em relação à acessibilidade, mas nada foi solucionado”, relembra Marivaldo. Daniel, que costuma denunciar as irregularidades com frequência tanto à Semob quanto à Integra, explica que prestou queixa contra o motorista através da Central Integra (71) 4020-1550.

As limitações da cidade atingem não somente a quem tem problemas de locomoção, mas também a outros grupos, como é o caso dos deficientes visuais. Cristiane Oliveira possui cegueira total e descreveu as dificuldades enfrentadas com as instalações da cidade. “A rua está cheia de buracos, tem bairros que não têm pista tátil. Ando, por exemplo, em Praia Grande, Largo do Tanque e é cheio de buracos. Faço faculdade em São Lázaro e tem um poste em cima da pista tátil”, lista ela.

A estudante de psicologia frisa a necessidade de reeducação da população para que a circulação de pessoas com deficiência seja mais tranquila na cidade, e menciona a dificuldade de andar em ruas e calçadas ocupadas por barracas de camelôs. “A gente até tenta ser independente, não estar com alguém do lado, a não ser a bengala ou o cão guia, mas não tem como”. Cristiane também aponta que as áreas da Região Metropolitana, bem como o trecho da entrada de 7 de Abril até o fim de linha, não possuem pista tátil.

*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes

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